Festas populares do verão continuam suspensas em julho e agosto

Da redação com Lusa

As festas e romarias populares vão continuar suspensas no continente português durante os meses de julho e agosto, segundo o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, justificando a medida com a elevada concentração de pessoas que estes eventos implicam.

Após uma reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa, para atualizar as medidas do processo de desconfinamento, no contexto da pandemia de covid-19, o primeiro-ministro lamentou que a proibição de realização das tradicionais festas populares se mantenha, mas sublinhou que “suscitam sempre grande movimentação, grande concentração de pessoas”.

“Estamos certos de que os primeiros a agradecer ao Governo tomar o ónus desta decisão serão os autarcas, que assim são poupados de terem de tomar as medidas que teriam inevitavelmente de tomar para a proteção das suas populações”, afirmou.

Questionado sobre a criação de zonas de diversão no Porto para assinalar o São João, António Costa referiu que o Governo falou com o município e sublinhou que não estão previstas festividades tradicionais, “mas a realização de três eventos, em três espaços ao ar livre devidamente limitados e concertados entre a Câmara Municipal do Porto e as autoridades de saúde”, pelo que serão seguidas “as regras próprias dos eventos” atualmente aplicadas.

“Quanto às situações de incumprimento das normas de afastamento, compete naturalmente às forças de segurança assegurar o cumprimento das normas”, acrescentou.

Arraiais de Lisboa

O presidente Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), anunciou que não vai autorizar este ano a realização de arraiais populares devido à pandemia de covid-19, apelando para que os cidadãos compreendam a situação e evitem aglomerações.

“Infelizmente, este ano não vamos poder ter arraiais, não vamos poder ter as comemorações do Santo António com arraiais, dada a situação que vivemos”, disse o autarca, acrescentando: “É a decisão sensata, é a decisão avisada nesta fase da pandemia em que são precisos ainda cuidados, são precisos alertas”.

Em declarações à agência Lusa, Fernando Medina indicou que, tal como no ano passado, os arraiais “não vão ser licenciadas nem pela Câmara nem por Juntas de Freguesia e, por isso, a fiscalização cabe às autoridades, quer à Polícia Municipal, quer à Polícia de Segurança Pública (PSP)”.

Várias associações participantes nas marchas populares de Lisboa defenderam hoje a não realização de arraiais durante os Santos Populares, lembrando que a “pandemia não chegou ao fim” e que as coletividades não podem seguir “os maus exemplos”.

O presidente do Ginásio Alto do Pina, Pedro Jesus, explicou que não existem quaisquer condições para se celebrar os Santos Populares na rua, mas adiantou que poderão ser realizados “pequenos retiros populares” nas coletividades, com controlo das regras sanitárias.

“Nós entendemos que a pandemia ainda não chegou ao fim e que temos de tomar as medidas necessárias com o que tem sido feito. […] O Alto do Pina não fará nada, porque não existem condições para o fazer”, indicou.

Também o coordenador da Marcha da Bica, Pedro Duarte, disse que, neste momento, não é possível festejar os Santos Populares, como em anos anteriores, reforçando que o “essencial é o bem-estar das pessoas”.

“Seria muito complicado conseguir controlar as pessoas. As pessoas estão sedentas de festa, estão sedentas de se divertir e, como se costuma dizer – não querendo ferir suscetibilidades –, dói-nos mais a nós, organizadores e pessoas que vivem isto o ano inteiro, do que aos outros”, referiu.

Em consonância com a Junta de Freguesia da Misericórdia, Pedro Duarte reiterou que a realização de festas, durante o mês de junho, “está fora de hipótese”.

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