Festas do Povo de Campo Maior classificadas como Patrimônio Imaterial da Humanidade

Mundo Lusíada com Lusa

As Festas do Povo de Campo Maior, no distrito de Portalegre, foram hoje classificadas como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

A inscrição como Patrimônio Cultural Imaterial das festas comunitárias portuguesas, na vila de Campo Maior, na região do Alentejo, foi aprovada ao início desta tarde, na 16.ª reunião do Comité do Patrimônio Mundial da UNESCO, que acontece em Paris (França), até sábado.

Tradição secular e realizadas pela última vez em 2015, as Festas do Povo de Campo Maior são conhecidas por apresentarem dezenas de ruas, sobretudo no centro histórico, engalanadas com milhares de flores de papel, feitas pela população de forma voluntária.

O primeiro-ministro, António Costa, felicitou nesta quarta-feira Campo Maior e o Alentejo pelo “merecido reconhecimento” das Festas do Povo como Patrimônio pela UNESCO.

“Campo Maior e o Alentejo estão de parabéns! As Festas do Povo de Campo Maior são Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Merecido reconhecimento internacional para uma tradição que mantém vivo o espírito comunitário entre a população local”, escreveu António Costa na sua conta na rede social Twitter.

“Nós estamos com uma euforia brutal, ainda não assimilamos muito bem esta situação, estamos todos eufóricos”, afirmou à agência Lusa a presidente da Associação das Festas do Povo de Campo Maior (AFPCM).

Segundo a responsável, a vila “está ao rubro” e “toda a gente está muito feliz” com a classificação atribuída pela UNESCO. “É um grande reconhecimento a todo este trabalho que foi feito ao longo de tantos anos” considerou a responsável.

Surpresa

O presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, Vítor Silva, manifestou-se “muito satisfeito”, mas também “surpreendido” com a antecipação da classificação. “Fomos apanhados de surpresa, tínhamos a indicação que era amanhã [quinta-feira] de manhã”, disse.

O presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo revelou ainda que espera, “no princípio de fevereiro”, em parceria com o município, fazer uma “comemoração em condições” desta classificação com o povo de Campo Maior.

A candidatura à UNESCO foi promovida pela Câmara e Associação das Festas do Povo de Campo Maior (AFPCM) e a Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo.

Promovidos pela AFPCM, os festejos na vila alentejana eram já reconhecidos internacionalmente pela sua originalidade e cariz popular, com os habitantes a prepararem a ornamentação das ruas durante meses a fio.

Esta tradição, identitária de Campo Maior, tem vindo a ser transmitida de geração em geração, oralmente e de forma informal, com os mais velhos a ensinarem aos mais novos os ‘segredos’ da elaboração das flores que ornamentam os espaços públicos da vila.

Em comunicado, a ERT do Alentejo e Ribatejo destacou hoje que estas festas são “uma das maiores manifestações de trabalho voluntário e de arte popular” em Portugal e que o reconhecimento da UNESCO “é de Campo Maior, é do Alentejo, é de Portugal, mas é principalmente de todos e de cada um dos campomaiorenses”.

“Campo Maior vê assim o seu nome e a sua tradição maior inscritos a ‘letras de ouro’” na UNESCO, graças a estas festas com “mais de um século de história” e que se juntam a “outras manifestações culturais do Alentejo”, disse a ERT.

Patrimônios

Como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, em anos anteriores, a UNESCO já distinguiu o Cante Alentejano e o Figurado de Barro de Estremoz, no Alentejo, assim como a Falcoaria de Salvaterra de Magos, no Ribatejo.

Também o Fabrico de Chocalhos, baseado na tradição artesanal de Alcáçovas, em Viana do Alentejo (Évora), consta do Patrimônio Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente.

Já como Patrimônio Mundial da Humanidade, estão classificados pela UNESCO, no Alentejo, o Centro Histórico de Évora e as Fortificações Abaluartadas de Elvas.

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