Exposição sobre Amália evidencia sua estreita relação com o Brasil

Da Redação
Com Lusa

O Tributo a Amália Rodrigues aberto em 02 de agosto para o público na Embaixada portuguesa de Brasília mostra a estreita relação que a fadista possuía com o Brasil.

“Pouca gente sabe, mas os primeiros discos da Amália foram todos gravados no Brasil. Em 1945, ela se apresentou no Rio de Janeiro e o concerto teve uma repercussão muito grande”, contou à Lusa o curador da exposição Jorge Rodrigues.

Fã confesso da cantora, Rodrigues é ele próprio dono da coleção que esta semana compartilha com o público brasileiro.“Desde os 13 anos faço duas coleções: uma sobre a Amália e outra sobre cantores de ópera”, explica o organizador, ao contar que a ideia de realizar o tributo surgiu após o grande sucesso registado durante outro evento cultural, relacionado com Amália, no ano passado, também em Brasília.

“No último dia da mostra sobre o Teatro São Carlos [dedicado a Amália] houve uma presença muito grande dos brasileiros e um número enorme de acessos ao sítio da embaixada. Então, pensamos, se há todo esse interesse do público de Brasília em relação à Amália, por que não fazer outra especial sobre ela?”, completou.

Pensando em mostrar a relação que a cantora possuiu com o Brasil, Rodrigues trouxe reportagens e vídeos nos quais a fadista conta que chegou a cogitar viver no país. “Embora não tenha decidido ficar, ela continuou a visitar o país todos os anos até ao final de sua vida”, destaca Rodrigues, ao lembrar que foi no Brasil também onde ela se casou.

Na abertura foi exibido o documentário “The Art of Amalia”, do cineasta português que viveu em Nova Iorque Bruno de Almeida. “Considero este filme o melhor documentário realizado sobre Amália, um documento exaustivo de toda sua carreira e vida”, opinou o organizador. O vídeo em questão também possui um capítulo especial dedicado aos momentos da cantora no Brasil, país onde conheceu o marido português.

Outros vídeos com gravações de concertos internacionais de Amália, até hoje inéditos no Brasil, foram exibidos na quarta-feira. No terceiro e último dia do evento, dia 05, aberta uma mostra com documentos, fotos, objetos pessoais, além de dezenas de seus discos.

“Amália teve uma produção enorme. A exposição conta com mais de 50 discos, mas ela produziu muito mais. Algumas das capas dos vinis também são muito sugestivas, com fotos tiradas por fotógrafos portugueses importantes como Eduardo Gageiro e Silva Nogueira”, observa.

Entre os discos, Jorge Rodrigues destaca a gravação de 1978, realizada na própria casa de Amália, em Lisboa, durante uma visita do poeta e compositor brasileiro Vinícius de Moraes.

“Quando esteve em Lisboa, Vinícius quis ir visitar a casa de Amália e lá estavam ainda os poetas Mourão-Ferreira, Ary dos Santos e Natália Correia, que também participaram com leitura de trechos de poemas”, detalhou.

Na exposição, os visitantes podem ter contato com anotações feitas pelo próprio punho da cantora, além de fotos realizadas dentro de sua casa e ver um dos míticos xales pretos que utilizava.

O evento é uma iniciativa do Instituto Camões em parceria com a Embaixada Portuguesa em Brasília e vai até esta quinta-feira.

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