Exposição em Santos mostra réplicas da Esquadra de Pedro Álvares Cabral

Por Ronaldo Andrade De Santos para Mundo Lusíada

Ronaldo Andrade

>> O historiador José Dionísio de Almeida.

“Terra à vista”. Parte da história das descobertas marítimas, imortalizada pela frase que no imaginário popular simboliza a chegada dos navegadores à terra firme, após desbravar os oceanos em busca de novos territórios, pode ser vista em uma mostra de réplicas de naus e caravelas da Esquadra de Pedro Álvares Cabral, que ficará exposta durante o mês de fevereiro no Outeiro de Santa Catarina, no Centro Histórico de Santos.

A exposição, que foi aberta pela primeira vez em 2000, em virtude das comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, mostra aspectos do conhecimento técnico dos navegadores portugueses, num período da História, entre os séculos 14 e 16, em que Portugal dominou os mares e instaurou uma supremacia das construções navais da época, simbolizada pela lendária Escola de Sagres (ver box).

A mostra foi elaborada por alunos do curso de Nautimodelismo do Senai-Santos e já esteve em vários locais da cidade, tendo inclusive sido exposta no prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), de acordo com coordenador técnico do curso de Marcenaria do Senai, Fernando Ribas.

Todo o processo de montagem e confecção das três réplicas e dez naus que compunham a Esquadra de Pedro Álvares Cabral demorou cerca de um ano: “Somente o período de pesquisa e estudo levou cerca de três meses. Até mandamos um funcionário a Portugal para descobrir, por meio de pesquisas em museus, detalhes sobre o processo de construção das caravelas e naus, mas obtivemos poucas informações, já que naquela época tais conhecimentos eram considerados segredos de Estado. Nosso trabalho baseou-se principalmente em fotos de livros”, afirmou Ribas.

O historiador José Dionísio de Almeida, que trabalha na FAMS (Fundação Arquivo e Memória de Santos) – órgão público que mantém acervos sobre a história documental e fotográfica da cidade e que funciona no Outeiro – ressalta a importância da expansão marítima portuguesa: “Antes da Revolução Industrial, que proporcionou a criação dos barcos a vapor, Portugal dominava os mares. As caravelas e naus eram os únicos meios de transporte no mar, sendo importantes para o comércio, já que eram por meio delas que as mercadorias eram transportadas”, declarou Almeida.

O endereço do Outeiro de Santa Catarina é Rua Visconde do Rio Branco, nº 48, no Centro Histórico. A exposição, gratuita, está aberta de segunda a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 11h às 17h.

NAVEGAÇÕES A era das descobertas portuguesas, entre os séculos 14 e 16, fez com que o país desenvolvesse importantes avanços nos campos da astronomia, cartografia e ciências naúticas, com o desenvolvimento de instrumentos e técnicas de navegação, simbolizada pela criação da Escola de Sagres (escola naval que ainda hoje, para muitos, suscita dúvidas se realmente teria existido). Foi nesse período que Portugal conquista os arquipélagos dos Açores, Madeira e Cabo Verde. A expansão portuguesa estava associada aos interesses comerciais, buscando o aumento do comércio marítimo com outras regiões, especialmente com o Oriente.

A esquadra de Cabral transportava cerca de 1500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos, sendo que os capitães e comandantes ficavam nas três caravelas, embarcações maiores que as naus. A esquadra partiu de Lisboa em 9 de março de 1500, e após quarenta e três dias de viagem avista o Monte Pascoal, no litoral da Bahia.

Deixe uma resposta