Exposição do fotógrafo Sebastião Salgado aberta em Évora

Da Redação
Com Lusa

“Gênesis” é a exposição do fotógrafo Sebastião Salgado que abre em Évora nesta segunda-feira, numa estreia em Portugal, com 38 fotografias em preto e branco que mostram lugares remotos, longe da influência do mundo moderno.

“Trata-se de um conjunto de 38 imagens em preto e branco, nas quais o fotógrafo brasileiro procura as origens do mundo e do planeta em que vivemos, prestando uma homenagem à sua fragilidade”, explicou a organização.

A mostra, patente ao ar livre, no Largo Conde Vila Flor, junto ao Templo Romano, com fotografias de grandes dimensões, é promovida pela Fundação “la Caixa”, no âmbito do seu projeto Arte na Rua, em colaboração com o BPI e a Câmara Municipal de Évora.

As fotografias de “Génesis”, que se estreiam em Portugal com esta exposição, comissariada por Lélia Wanick Salgado, vão estar em Évora até 18 de janeiro do próximo ano e “são o testemunho de uma longa coexistência dos humanos com a natureza” e “uma ode visual a um mundo” que urge “proteger”, segundo a organização.

Este é o “terceiro projeto a longo prazo” do fotógrafo brasileiro “sobre temas globais, após os seus anteriores trabalhos”, intitulados “Trabalhadores” e “Êxodos”.

Mas, se nesses trabalhos o fotógrafo “retratou a condição humana e evidenciou as desigualdades do mundo atual mediante uma linguagem plástica pessoal, profunda, poética e de alta qualidade formal”, em “Gênesis” centra-se na natureza, compararam os organizadores.

“Coloca o foco no mundo natural e convida-nos a interrogarmo-nos acerca do estilo de vida humano atual e o seu impacto nos recursos naturais do planeta”, destacaram.

Sebastião Salgado, após “quase três décadas de reflexão sobre os dramas e tragédias da humanidade, iniciou, em 2004, este projeto centrado na natureza do nosso planeta”, numa “viagem” que durou oito anos.

Até 2012, o fotógrafo fez um total de 32 viagens para “levar a cabo este percurso pelo mundo virgem”, com paragens na Antártida, Madagáscar, Botsuana, o Parque Nacional Kafue, na Zâmbia, a meseta do Colorado, nos Estados Unidos da América, o Alasca, o arquipélago das Galápagos, no Equador, a Sibéria e a selva do Amazonas, entre outras.

Estas fotografias são “uma ode visual” à componente majestosa da Terra, mas também à sua “fragilidade”, ou seja, constituem “um aviso de tudo o que corremos o risco de perder”, segundo o próprio Sebastião Salgado.

A Câmara de Évora destacou, por sua vez, que a exposição “mostra paisagens, animais e pessoas que foram capazes de escapar da influência do mundo moderno em regiões polares, bosques e savanas tropicais, desertos abrasadores, montanhas dominadas por glaciares e ilhas solitárias”.

Sobre este projeto, evoca ainda o município “o fotógrafo brasileiro disse que o resultado final pode ser comparado a uma longa ‘carta de amor ao planeta’”.

“Os meus projetos anteriores foram périplos através das tribulações da humanidade. No entanto, este foi a minha homenagem ao esplendor da natureza. Ao viajar a pé, em embarcações, avionetas e balões, enquanto fotografava vulcões, icebergs, desertos e selvas, contemplei um mundo que não mudou em milênios”, relatou o fotógrafo.

E, “com os animais no seu habitat natural, desde pinguins, leões marinhos e baleias do Antártico e do Atlântico Sul até leões, gnus e elefantes de África, senti que era um privilégio contemplar os ciclos da vida em contínua repetição”, afirmou.

Além desta exposição, o projeto “Gênesis” deu origem a um livro e a um documentário, “O Sal da Terra”, realizado por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (filho de Sebastião).

Nascido em 1944, em Aimorés, Minas Gerais (Brasil), Salgado estudou Economia, mas dedica-se por completo à fotografia desde os 29 anos. Depois de trabalhar para as agências Sygma e Gamma, em 1979, entrou para a Magnum Photos, onde permaneceu até 1994, quando criou, junto com Lélia Wanick Salgado, a Amazonas Images, uma agência dedicada exclusivamente à sua obra.

Em 2001, foi nomeado embaixador especial da UNICEF e, entre os seus inúmeros reconhecimentos, recebeu em 1998 o Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: