Escritora portuguesa Luísa Costa Gomes vence prêmio literário do Correntes D’Escritas 2022

Mundo Lusíada com Lusa

A escritora portuguesa Luísa Costa Gomes, com o livro “Afastar-se”, venceu hoje o Prêmio Literário Casino da Póvoa 2022 atribuído no âmbito do encontro literário Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, anunciou a organização.

O júri do concurso decidiu distinguir a obra desta escritora de 67 anos, natural de Lisboa, considerando “a coerência na diversidade deste livro de contos, gênero em que a autora se tem destacado ao longo de 40 anos de vida literária, bem como a constante procura da forma adequada que Luísa Costa Gomes persegue em cada conto”.

“No domínio da escrita, o trabalho da autora persiste com rigor constante”, destacou o júri, constituído por Ana Maria Pereirinha, Carlos Quiroga, Carlos Vaz Marques, Isabel Lucas e Isabel Pires de Lima, salientado ainda “o contundente uso da ironia, na escrita de Luísa Costa Gomes”.

Esta foi a primeira vez que o principal prêmio dos encontros Correntes d’Escritas foi atribuído a um livro de contos.

Luísa Costa Gomes, que nasceu em Lisboa, em 1954, licenciou-se em Filosofia, foi professora do Ensino Secundário, dirigiu a revista Ficções, dedicada à divulgação de contos, e, além de ser autora de romances, contos, crônicas, faz tradução literária, nomeadamente para teatro.

O seu primeiro romance, “O Pequeno Mundo”, ganhou, em 1988, o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus enquanto a obra “Olhos Verdes” venceu, em 1995, o Prêmio Máxima de Literatura.

Com “Contos Outra Vez” conquistou, em 1997, o Grande Prêmio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores.

O seu romance “Ilusão (ou o que quiserem)” recebeu, em 2010, o Prêmio Literário Fernando Namora/Estoril Sol, “pela inovação e ágil registo estilístico”, como referiu em ata o júri, e o Prêmio de Ficção do PEN Clube, ex-aequo com Dulce Maria Cardoso.

Com “Cláudio e Constantino”, de 2014, venceu o Grande Prêmio de Literatura dst e, com “Florinhas de Soror Nada, a Vida de Uma Não-Santa”, de 2018, o Prêmio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues.

Evento literário

O evento literário Correntes d’Escritas, a partir de hoje, recupera este ano o modelo presencial, depois de, em 2021, devido à pandemia de covid-19, se ter realizado em formato ‘online’.

Para esta 23.ª edição, que acontece até dia 26, sábado, na cidade do litoral norte, está confirmada a presença de 60 escritores de expressão ibérica, que vão, novamente, poder partilhar os seus livros e ideias com o público, que também regressa ao Cine-Teatro Garrett, palco central do evento.

Entre os convidados estão autores como Onésimo Teotónio de Almeida, Ivo Machado, José Carlos de Vasconcelos, Adolfo Luxúria Canibal, Dany Wambire e Elena Medel, Afonso Cruz, Alejandro García Schnetzer, Álvaro Laborinho Lúcio, Carlos Vaz Marques, Cláudia Andrade, Claúdia Lucas Chéu, Francisco José Viegas, Gonçalo M. Tavares, Henrique Cayatte, Isabel Lucas, Isabel Pires de Lima, Isaque Ferreira, José Luís Peixoto, Mafalda Milhões, Mafalda Veiga, Manuel Halpern, Manuel Jorge Marmelo, Manuel Vilas, Maria do Rosário Pedreira, Maria Flor Pedroso, Mû Mbana, Ondjaki, Paulina Chiziane, Paulo Scott, Rui Spranger, Valter Hugo Mãe e Yara Monteiro, vindos de países como Portugal, Espanha, Brasil, Moçambique, Angola e Argentina.

“Amarramos esta oportunidade de retomar as Correntes d’Escritas de forma presencial como um marco de esperança. Este evento precisa de afeto e cumplicidade entre escritores, editores, agentes literários, público e leitores”, disse o vereador com o pelouro da Cultura na Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino, organizador do certame, quando da apresentação do programa, há duas semanas.

A sessão de abertura tem como convidado central o filósofo e professor Viriato Soromenho Marques, enquanto a Revista Correntes D’Escritas terá um foco especial no escritor brasileiro Rubem Fonseca, que morreu em 2020.

São também divulgamos os vencedores dos Prêmios Literários Casino da Póvoa, Correntes d’ Escritas/Papelaria Locus, Luis Sepúlveda e Fundação Dr. Luís Rainha/Correntes d’ Escritas. A vencedora Luísa Costa Gomes é autora  esperada na Póvoa do Varzim, no sábado, para receber o prêmio.

Os livros finalistas para o Prêmio Literário Casino da Póvoa foram ainda “A Lição do Sonâmbulo”, de Frederico Pedreira, “A Melhor Máquina Viva”, de José Gardeazabal, “Autobiografia”, de José Luís Peixoto, “Chuva Miúda”, de Luís Landero, “Hífen”, de Patrícia Portela, “Livro de Vozes e Sombras”, de João de Melo, “Maremoto”, de Djaimilia Pereira de Almeida, “Marrom e Amarelo”, de Paulo Scott, “O gesto que fazemos para proteger a cabeça”, de Ana Margarida de Carvalho, “O Mapeador de Ausências”, de Mia Couto, “O Osso do Meio”, de Gonçalo M. Tavares, “Os Doentes do Doutor García”, de Almudena Grandes, e “Quartos de Final e Outras Histórias”, de Cláudia Andrade.

O prêmio é atribuído no âmbito do Encontro de Escritores de Expressão Ibérica Correntes d’ Escritas, em parceria com o Casino da Póvoa, e tem o valor de 20 mil euros.

Além do livro e da leitura, como focos centrais do Correntes d’Escritas, o certame contempla, também, várias iniciativas culturais, dedicadas ao cinema, escultura e pintura, nomeadamente uma exposição de desenhos do escritor Valter Hugo Mãe.

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