Prêmio Camões foi atribuído em 2017 ao poeta Manuel Alegre.
Da Redação
Com Lusa
O escritor cabo-verdiano Germano Almeida é o vencedor do Prêmio Camões 2018, foi hoje anunciado, no Hotel Tivoli, em Lisboa, após reunião do júri.
Nascido em 1945 na ilha da Boavista e a viver atualmente no Mindelo, Germano Almeida é autor de obras como “A ilha fantástica”, “Os dois irmãos” e “O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”, estes dois últimos já adaptados para cinema.
“O fiel defunto” é o mais recente romance de Germano Almeida, cuja obra literária está traduzida em países como Itália, França, Alemanha, Suécia, Noruega e Dinamarca.
Formado em Direito em Lisboa, é advogado e foi procurador da República de Cabo Verde. Deu os primeiros passos na literatura na década de 1980, numa altura em que cofundou a revista Ponto & Vírgula.
Germano Almeida, um dos escritores mais lidos e traduzidos de Cabo Verde, é o segundo autor cabo-verdiano a ser distinguido com o Prêmio Camões, depois de o galardão ter sido atribuído em 2009 ao poeta Arménio Vieira.
Horas antes do anúncio do prêmio, em declarações à agência Lusa, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, assumia estar a torcer pela escolha de Germano Almeida.
“O nome cabo-verdiano mais próximo de se consagrar como Prêmio Camões é Germano Almeida, pelo seu percurso e a sua obra”, disse Abraão Vicente.
O júri desta 30.ª edição do Prêmio Camões, que distinguiu Germano Almeida por unanimidade, foi composto por Maria João Reynaud (Portugal), Manuel Frias Martins (Portugal), Leyla Perrone-Moisés (Brasil), José Luís Jobim (Brasil), Ana Paula Tavares(Angola) e José Luís Tavares (Cabo Verde).
Para Abraão Vicente, o Prêmio Camões é “um contributo extraordinário de um país como Portugal” que “dá para incentivar a crítica, a produção”.
Surpreendido
O escritor cabo-verdiano afirmou-se hoje “surpreendido”, mas “muito feliz” por constatar que o seu trabalho é apreciado a ponto de receber o galardão maior da língua portuguesa.
“Estou contente, muito feliz por saber que o que escrevo é apreciado ao ponto de me darem um prêmio tão prestigiado como o Camões”, disse Germano Almeida em declarações à agência Lusa, por telefone, a partir da sua residência, na cidade cabo-verdiana do Mindelo.
O escritor mostrou-se surpreendido com a distinção por considerar que “existem muitos escritores que merecem o prêmio tanto ou mais” do que ele.
Para Germano Almeida, o galardão representa “o reconhecimento do esforço e do trabalho” que vem desenvolvendo há anos como escritor. Além do componente financeiro “para um escritor que publica em Cabo Verde e em Portugal, onde os livros são mal vendidos e os escritores dolorosamente mal pagos”.
O Prêmio Camões, considerado o maior prêmio da Língua Portuguesa, foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988 com o objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do patrimônio literário e cultural da língua comum”.
O Prêmio Camões foi atribuído pela primeira vez em 1989 ao escritor Miguel Torga e em 2017 ao poeta Manuel Alegre.