Entrevista: Portugueses na Teledramaturgia Brasileira

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Por Ingrid Morais

Um dos maiores produtos de exportação do Brasil são as telenovelas e é cada vez mais frequente a presença de personagens e temáticas lusitanas nas telinhas. O intercâmbio entre as duas pátrias-irmãs teve início em 1968 com a novela “Antônio Maria”, da extinta TV Tupi. O protagonista, interpretado por Sérgio Cardoso, era um português que veio tentar a sorte no Brasil como motorista particular e logo descobriu-se que se tratava de um milionário fugindo de sua madrasta, que estava louca por ele.

A partir desse sucesso, seguiram-se muitos outros e hoje contamos com coproduções entre grandes emissoras e a criação de agências especializadas em gerenciar as carreiras dos atores em ambos os países.

Para falar um pouco mais da memória da Tv Brasileira, entrevistamos a comunicadora de sucesso Thais Alves, filha de Vida Alves e mãe da cantora Tiê.

Thais Alves é jornalista, escritora, radialista, mestre em Teatro Jurídico pela Faculdade de Direito – Mackenzie, professora na Universidade FIPECAFI (USP-FEA), Consultora de Comunicação da Rádio Jovem Pan AM, Apresentadora do Programa na TV Jovem Pan Online – Tudo é Comunicação, Cronista convidada do Programa “Todo Seu”, Coaching e Mentoring de Comunicação e Presidente da Associação Pró-Tv.

Mundo Lusíada – O Brasil foi colônia de Portugal e estão arraigadas as influências do país em nossa cultura. Em sua opinião, qual foi a maior contribuição dos portugueses para a história da Tv Brasileira?

Thais Alves – Os portugueses tem na sua história o interesse pelo novo e ao virem para cá, não trouxeram em suas malas a guerra, mas sim a vontade de conhecer o novo – o desafio do descobrimento em si. Isso nos deu a possibilidade da diversidade cultural. Vieram os negros logo a seguir, aqui já estavam os índios, tempos depois os europeus e os orientais. E hoje, nossa maior riqueza cultural é exatamente essa: um povo multicolorido nas suas cores, crenças e tradições.

ML – A que se deve o sucesso das novelas brasileiras em Portugal? E por que em nosso país não ocorre a mesma receptividade em relação às novelas portuguesas?

TA – Como a televisão brasileira retrata exatamente uma sociedade com diversidade em seus Deuses, Orixás, costumes, valores, comidas, crenças e danças, todas suas novelas e sua programação diária são ricas, coloridas e informais. É isso que faz nossa televisão e novelas fazerem sucesso no mundo todo: não existe um padrão pré fixado ou engessado. Como todos os povos vivem aqui, as novelas de certa forma são a cara do mundo moderno. É uma televisão mais leve, mais descompromissada. Talvez as novelas portuguesas sejam fieis ao modelo português de viver, e isso só agrade aos próprios portugueses.

ML – Como comunicadora, de que forma o idioma passa a ser o elemento chave para o sucesso em casos de intercâmbio cultural entre os países?

TA – Como a comunicação é a alma de qualquer negócio, sem duvida o idioma é fundamental. Mas, além do idioma existem vários outros elementos de comunicação que são fundamentais para o sucesso de qualquer intercambio entre países, famílias, empresas, que é: pessoas mais calorosas, animadas, extrovertidas, empáticas. Ou seja, no mundo moderno para uma negociação ser bem sucedida, acredite, se você for antipático, esnobe e mal humorado de nada adiantará você ser fluente em dez línguas estrangeiras, pois o seu poder de encantamento será ineficaz. O idioma é importante – a simpatia é fundamental. 

 

ML – A saudosa Vida Alves, sua mãe, foi uma das pioneiras da Tv Brasileira. Advogada, escritora e atriz, protagonista do primeiro beijo em uma telenovela em Sua Vida Me Pertence e do primeiro beijo homoafetivo em um dos episódios do programa Tv de Vanguarda. Fundou a Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira – APITE, que hoje se chama PRÓ -TV, e  o Museu Pró-Tv . Thais, como é conviver com toda essa riqueza de histórias e experiências através de sua mãe?

TA – Minha mãe sempre foi um modelo para mim. Desde pequena admiro suas histórias de vida, luta e perseverança. Hoje é com muito orgulho que ocupo seu lugar à frente da Pró TV. A história da TV brasileira é muito bonita e feita por pessoas de muita fibra e é isso que me dá muita vontade de continuar a contar essa história para as próximas gerações.

ML – Quais os desafios de estar sob a presidência do Museu Pró-Tv, essa instituição tão importante que visa manter viva a memória da televisão brasileira?

TA- Os sonhos são muitos e os projetos já começam a sair do papel. Eu e a equipe da PróTv, Elmo, Lu Bandeira, Elida e Renato estamos empenhados nessa empreitada. Queremos, alem de preservar a história e nosso rico acervo, ministrar cursos, organizar fóruns de debates, palestras, enfim, vamos modernizar e aumentar nossa área de abrangência. O mundo virtual será também um dos nossos objetivos. Queremos lançar todas as nossas informações e conteúdos em portais, youtubes e outros. 2017 será um ano de muitas conquistas para a PróTV.

 

Por Ingrid Morais
Comunicadora, advogada especialista em Entretenimento e Mídia e membro da Comissão de Direito Autoral e Entretenimento da OAB/SP.

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