ENTREVISTA: Fernando Mariano e a Integração Rádio, TV e Internet

Por Ingrid Morais 

Fernando Mariano de Siqueira é coordenador do Curso de Rádio, TV e Internet da FAPCOM. Mestre em Comunicação pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Possui especialização em Comunicação Visual e Multimídia e bacharelado em Comunicação Social, com habilitação em Rádio e TV, ambos pela Universidade São Judas Tadeu. É editor e produtor, com passagens pelo SBT e pela TV Gazeta. Atua desde 2003 na área de WebTVs e WebRádio, tendo dirigido duas emissoras e um portal de conteúdo.

Na área acadêmica, foi professor do Centro Universitário de Santo André (UniA), da Escola Paulista de Artes e do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Também foi coordenador do curso técnico em Multimídia do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Atualmente, além de professor da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM) e da FECAP, é diretor-executivo da TeleObjetiva, canal de TV que opera na Internet e em circuito fechado de TV.

Mundo Lusíada: Como anda o mercado de Rádio e TV hoje? Quais dicas ou conselhos daria para seus alunos?

Fernando Mariano: Acho que o primeiro é pensar a atuação do produtor de rádio e televisão, produtor, editor, profissional da área, não pode mais pensar só no mercado tradicional como era até o começo da década passada. Temos que pensar nesse novo mercado, nessas novas possibilidades. Trabalhar em televisão e em rádio é muito legal, são meios que todo mundo conhece. No almoço de família as pessoas vão te bajular por estar trabalhando em uma emissora de TV ou de rádio, mas existe o mercado, existe vida além disso. E esse é um segmento cada vez maior! É um caminho sem volta, por exemplo, esse caminho da internet, dessa produção. Vejo que o estudante de rádio e TV tem que estar atento para essas possibilidades também. E aí claro, cada um vai direcionando para onde achar melhor. Quem tem o lado empreendedor vai de fato traçar o seu caminho, e quem tem um lado mais conservador vai procurar oportunidades em emissoras e produtoras. Tem também a questão da Lei de TV por Assinatura (Lei 12.485/2011) que obriga uma produção nacional muito maior e justamente por isso temos aquelas produtoras sendo contratadas pelos canais para a criação de conteúdo próprio.

ML: Humberto Eco disse que as mídias sociais deram voz aos imbecis. Você concorda com isso?
FM: Acho que ela potencializou bastante. As pessoas já pensavam assim antes, mas ficava muito restrito ao seu núcleo de convívio. E a partir do momento que as redes sociais permitem que você publique, que torne público tudo o que é lá colocado, aí concordo com ele realmente. Amplificou a voz dos imbecis.

ML: Como você vê as produções nacionais atuais (séries, filmes…)?

FM: Temos uma qualidade técnica e de conteúdo muito grande, mas ainda é um conteúdo que demanda um recurso financeiro alto. Então a lei é bacana porque ela incentiva e obriga essa produção. Por outro lado, o que eu percebo é uma certa retração no mercado pelo lado econômico. Não é toda empresa que patrocina ou se sente motivada a patrocinar. Mas de qualquer forma, ainda é um mercado melhor do que no período pré 2011. Hoje há muito mais conteúdo nacional, tem coisas boas sendo fomentadas desde então. É uma pena que o mercado de TV por assinatura estagnou e está diminuindo. Acho que é importante também rever o porquê disso, pois pagamos uma mensalidade para assistirmos reprises ou conteúdos mal traduzidos. Não faz sentido.

ML: Muitos youtubers estão fazendo do entretenimento virtual uma profissão bastante rentável. Quais os segredos para se destacar num mercado audiovisual tão competitivo?

FM: Acho que o mais importante é o conteúdo, a qualidade, o lado inédito do que é publicado. Associar a um público que de fato tem uma demanda para esse tipo de conteúdo. Vejo que o custo de produção caiu bastante, principalmente do equipamento, que hoje é muito mais acessível. Então é importante tentar trazer esse custo o mais próximo possível da realidade de quem produz. Lembro-me quando eu era aluno e tinha professor que ficava “jogando na cara dos alunos” marca de equipamento, preços… e daí olhamos atualmente um youtuber muitas vezes gravando com um celular e estando financeiramente bem melhor do que esses professores na época. (risos)

Ingrid Morais é Comunicadora e Advogada especialista em Entretenimento e Mídia.

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