Douro rende tributo à Galiza

Ígor Lopes, de Portugal

“Distinguir a presença dos galegos na região ao longo de toda a história do Douro” foi o objetivo da homenagem prestada à região da Galiza, no sábado. Esta iniciativa decorreu no âmbito das comemorações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro, reunindo membros do Governo galego e português, nos concelhos de Peso da Régua, Alijó e Sabrosa. A Delegação Regional da Cultura do Norte, em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte e a Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal, levou a cabo uma série de eventos com a finalidade de recordar os esforço dos trabalhadores galegos na construção da paisagem e da cultura no Douro, além de prestar um tributo às seculares relações do povo galego com o Douro vinhateiro. No sábado, foi descerrada uma lápide na rotunda da Estação de Caminhos de Ferro, na Régua. O monumento recorda a presença dos galegos na região. No meio da tarde, foi realizada uma conferência no hotel Vintage House, no Pinhão, concelho de Alijó. À noite, o Auditório Municipal de Sabrosa recebeu espectáculo musical. No domingo, houve espectáculo infantil, com contadores de história, também em Sabrosa. Segundo Marta Souto, da Conselharia da Cultura da Galiza, esta homenagem aos galegos reflecte a importância que o povo português atribui à ajuda dos galegos na construção do Douro, nas suas mais variadas vertentes. “Recebemos essa homenagem com grande satisfação, pois, assim, é possível recordar a união e, acima de tudo, a história em comum que tivemos. Estamos encantados por recordar esses momentos de trabalho, esforço e suor que muitos galegos, em tempos passados, aqui fizeram”, sublinha Marta Souto. Esta responsável acredita que com esse tipo de evento é possível “estabelecer laços entre as duas culturas”. Por seu turno, a Delegada Regional da Cultura do Norte, Helena Gil, considera que, “embora as vicissitudes da história tenham separado uma terra una, há, de facto, ainda, uma identidade cuja as raízes continuam a mergulhar bem fundo”. “Estamos unidos do ponto de vista afectivo e cultural, de tal modo que foi possível apresentar, no ano passado, uma candidatura a UNESCO, em relação às tradições orais da Galiza e do Norte de Portugal, mas o resultado não foi positivo”, afirma. Helena Gil recorda ainda que as relações com a Galiza são boas, tendo por base a elaboração de projetos de intercâmbio, “em que tentamos valorizar o que nos identifica, o que nos é comum e o que nos singulariza. Muitas tradições ainda nos unem”. “Temos levado os nossos criadores, artistas, músicos, grupos de teatro e artistas plásticos a fazerem um intercâmbio com a região galega, dando a conhecer os aspectos que temos de um lado e do outro da fronteira. Para já, estes encontros temáticos servem para partilhar experiências, saberes e esta vontade de constituirmos uma grande euro-região”, completa Helena Gil. De acordo com o Governador Civil de Vila Real, António Martinho, “nestas comemorações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro, seria injusto não destacar o papel que tiveram os pobres da Galiza na construção desta paisagem e desta região”. “O Douro vinhateiro precisou sempre de trabalhadores de fora da região, nas alturas do ano em que a viticultura tradicional exigia maior concentração de mão-de-obra. (…) o Douro atraía muitos assalariados, vindos uns das aldeias mais pobres das montanhas transmontanas e beirãs, outros de mais longe, geralmente da Galiza”, finaliza António Martinho.

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