Cristina Branco é a atração do 10 de Junho na Casa de Portugal de SP

Por Eulália Moreno
Para Mundo Lusíada

 

No domingo, 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Cristina Branco se apresenta no salão de festas da Casa de Portugal no evento que promete ser o ponto alto das festividades alusivas a essa data organizadas pelo Conselho das Comunidades Portuguesas do Estado de São Paulo e pela Casa de Portugal que, ao longo da sua história trouxe grandes nomes da música portuguesa para apresentarem os seus últimos trabalhos à comunidade luso-brasileira.

E Cristina Branco chega com o seu 11º CD pela gravadora Universal, “Não há só tangos em Paris” e na mente da cantora estão “velhos gira-discos e long-plays de Carlos Gardel”, ouvidos “entre Buenos Aires, Lisboa e Paris”. E está também “Amália numa velha fotografia de 1945 no Rio de Janeiro, o fado e o tango, o bolero e a milonga”, tudo unido pela guitarra, o contrabaixo e o piano.

É desta mescla de imagens, memórias, sons, palavras e ambiências musicais que se faz “Não há só tangos em Paris”, motes inspiradores de um grupo de criadores que alimentaram a voz e a interpretação de Cristina Branco: as palavras poéticas saíram da criatividade de Manuela de Freitas, Vasco Graça Moura, António Lobo Antunes, Carlos Tê ou Miguel Farias, e os sons que as sustentam e lhes dão brilho e significado são da autoria de Mário Laginha, João Paulo Esteves da Silva, Pedro Silva Martins e Pedro Moreira, e ainda de Jacques Brel, Carlos Gardel e Isolina Carrillo.

 

O fado no sentido

Na arte e vida de Cristina Branco, nascida em 1972 em Almeirim, “a terra dos melhores melões do mundo”, pode dizer-se, como diz a letra de Amália Rodrigues, que traz o fado nos sentidos. “Começou por uma brincadeira, um serão de cantigas entre amigos”, segundo gosta de recordar. Nada até aqui, adolescente, a diria fadista. Antes de entoar menores, mourarias ou maiores (variantes de fados), e logo como “gente grande”, Cristina não frequentara casas de fado ou escutara o vinil das vozes da tradição. Conhecia alguns fados de ouvido, trauteados pelo avô materno, letras e acordes que repetia de improviso sem ter consciência de como estes se entranhavam, como lhe decidiam o destino. Quando o mesmo avô lhe ofereceu pelos seus 18 anos o disco “Rara e Inédita” obra maior e menos conhecida da grande diva do Fado, não sabia ainda como acabara de lhe mudar a vida para sempre.

Na verdade, escassos meses antes de pisar um palco pela primeira vez no ano de 1996 em Amsterdan, Holanda, Cristina nunca se imaginara sequer uma intérprete amadora ou cantadeira de horas vagas como é próprio de muitos fadistas que encontram no fado um pretexto de ócio ou expiação. O Jornalismo era “a arte” que procurava. Talvez por isso, hoje e sempre, as palavras (os redondos vocábulos, como lhes chama) rejam todos os seus discos, todas as suas intervenções, todos os seus projetos em curso.

“Cantora de poetas, os maiores de Portugal (Camões, Pessoa, David Mourão Ferreira, José Afonso…), e alguns do mundo (como Paul Éluard, Léo Ferré, Alfonsina Storni ou Slauerhoff), Cristina Branco fez do seu modo de entender o fado uma espécie de porta-voz da Poesia e da Literatura do cancioneiro nacional”, como escreveu Tiago Salazar.

Ao Mundo Lusíada, Cristina Branco fez uma declaração sobre o seu concerto na Casa de Portugal: “O Brasil que costumamos imaginar deste lado de cá como um lugar ao sol é sobretudo e como já lhe chamaram um lugar ao som. Levar a nossa música a vossa casa (e à nossa-vossa Casa de Portugal, palco de tantos espectáculos memoráveis) é como juntar as alegrias do sol e do som. Será um prazer enorme pisar essa terra e esse palco” afirmou Cristina Branco.

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