Após polêmica com IURD, cantor português abandona Festival da Canção

Mundo Lusíada
Com Lusa

O cantor Diogo Piçarra anunciou, na terça-feira à noite, que abandonou a sua participação no Festival da Canção, após acusações de plágio por um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, que já foi desmentida.

A decisão acontece um dia depois da sua “Canção do fim”, apurada para a final do festival, ter sido dada como plágio de um tema religioso da IURD, numa comparação que adquiriu dimensão viral nas redes sociais. “A toda esta família, informo que decidi terminar a minha participação no Festival da Canção”, escreveu o músico português, numa mensagem publicada na rede social.

O cantor escreveu que não faz mais sentido tentar ganhar a competição. “A minha carreira e vida não dependem disto, só depende de vocês e nesse sentido sei que estarei PARA SEMPRE bem acompanhado. A todos os concorrentes espero que saia do Festival da Canção o próximo vencedor da Eurovisão 2018, e estarei aqui, como todos os portugueses, a aplaudir de pé”.

Na segunda-feira, Diogo Piçarra rejeitou qualquer ideia de plágio de “Canção do Fim”. “Nunca participaria num concurso nacional com a consciência de que estava a plagiar uma música da Igreja Universal. Teria agarrado na guitarra e feito outra coisa qualquer”, afirmou, num comunicado divulgado pela Universal Music.

“Canção do fim” tinha passado à final do Festival da Canção com a pontuação máxima, tanto do júri como do público. Segundo o músico, a ideia da canção surgiu em 2016, a par de outras que acabaram incluídas no mais recente álbum, “do=s”.

“Desconhecia por completo o tema [da Igreja Universal] e continuarei a defender a minha música, por acreditar que foi criada sem segundas intenções”, explicou Piçarra, dizendo estar de “consciência tranquila”.

“Mantive-a guardada por achar algo especial, no entanto, a sua simplicidade e a sua progressão de acordes não é algo que não tenha sido inventado, tal como tudo na música. E é engraçado como a vida tem destas coisas, coincidência divina ou não, e perceber que a Internet é o verdadeiro juiz dos tempos modernos. Aclama mas também destrói”, afirmava, no comunicado de segunda-feira.

No dia 28, a Igreja Universal do Reino de Deus declarou em nota que não detém direitos sobre a música que, nas redes sociais, tem sido comparada a “Canção do fim”, de Piçarra, e rejeitou que o intérprete original tenha ligação com a entidade.

“Face às recentes notícias que referem que a música composta e interpretada pelo cantor Diogo Piçarra na semifinal do festival da canção é um plágio de uma música da IURD [Igreja Universal do Reino de Deus] e de um pastor desta Igreja, vem a IURD esclarecer que tal não corresponde à verdade”, traz a nota enviada à Lusa.

A instituição sublinhou ainda que não “detém qualquer direito sobre esta música, nem o intérprete ali referenciado tem qualquer relação com a IURD”.

Organização

A RTP, que organiza o concurso, divulgou um comunicado em que afirma compreender e respeitar a decisão do compositor e intérprete de “Canção do fim” de se afastar desta edição do festival.

“Independentemente dos argumentos e questões colocadas sobre o tema, a RTP não duvidou em momento nenhum da integridade do artista, cuja carreira já fala por si”, escreveu a televisão pública.

Com o afastamento de Diogo Piçarra, passou à final a canção “Mensageira”, composta por Aline Frazão e interpretada por Susana Travassos, de acordo com o regulamento, divulgou a RTP.

A final do Festival da Canção realiza-se no domingo, no Pavilhão Multiusos de Guimarães, e será transmitida ao vivo na RTP1, RTP Internacional e RTP Play.

O vencedor do Festival da Canção irá participar em maio no Festival da Eurovisão da Canção, que este ano se realiza em Lisboa.

Em 2017, Salvador Sobral venceu o Festival da Eurovisão da Canção com o tema “Amar pelos dois”, composto por Luísa Sobral, e atualmente tema da novela “Tempo de Amar” da TV Globo no Brasil.

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