Antônio Campos ganha título de Cidadão Carioca

Por Ígor Lopes
Do Rio para Mundo Lusíada

 

O cantor português Antônio Almeida de Oliveira Campos recebeu o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro, da vereadora Teresa Bergher.

O cantor português Antônio Almeida de Oliveira Campos recebeu o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro durante um evento no salão nobre da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, na Tijuca, Zona Norte do Rio, no dia 15 de abril. A homenagem, que contou com casa cheia, partiu de um projeto da vereadora Teresa Bergher (PSDB).

Num dia de muita festa, em que a Casa do Benfica apresentou sua nova diretoria, Antônio Campos foi o centro das atenções. Cantor, compositor e poeta são alguns dos atributos desse nome marcante da cultura lusitana no Rio. Vivendo no Brasil há 60 anos, Antônio é figura conhecida da comunidade portuguesa local, embora tenha já alargado as suas fronteias para outras cidades e países.

Ao receber a homenagem, o cantor não escondeu a emoção e disse recebê-la com “muito agrado e simpatia”. O autor de letras marcantes, que acabaram fascinando Amália, atribui esse título ao reconhecimento do que fez durante sua vida artística.
 Distinção em Prol do Talento

Antônio Campos soma 45 anos de carreira e continua se apresentando nas casas portuguesas. “Hoje em dia faço shows em algumas casas, mas já não corro atrás como antigamente, mas faço o que aparece”, conta Antônio, que se negou a revelar a idade.

Autora do projeto de entrega do título, a vereadora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Teresa Bergher, que é viseense (nascida na região de Viseu), analisa que o título de Cidadão Carioca foi criado para distinguir pessoas que contribuem com a cidade e com a cultura.

“Antônio Campos tem esse perfil. Ele, além de divulgar a cultura portuguesa aqui no Rio, é uma pessoa que inspirou Amália Rodrigues, já que ela cantou suas letras”, recorda Teresa, que acredita que Campos também contribuiu para divulgar a cultura carioca.

 

Uma sonora promoção da cultura portuguesa

O currículo de Antônio Campos é generoso. Explica bem o motivo dessa homenagem. Só não dá pistas de onde nasceu tanta vocação para promover e dar vida à cultura de Portugal no Brasil.

Este novo Cidadão Carioca é natural de Ovar, cidade do distrito de Aveiro, na região Centro de Portugal. Por ironia do destino, Ovar tem como característica turística principal o seu famoso carnaval, com laços muito fortes ao samba que se pratica no Rio.

Em maio de 1953, Antônio chegou ao Brasil. Por aqui, desenvolveu a sua veia poética, tendo composto aproximadamente 300 poemas. A sua voz também ganhou vida nova. Ainda em Portugal, iniciou sua trajetória artística cantando na casa de fado Vale Formoso, no Porto. Apresentou-se várias vezes na RTP e teve atuações na Argentina. Já no Brasil, começou a cantar no Programa dos Astros, de Joaquim Pimentel, na rádio Vera Cruz. Essa parceria duraria 30 anos na rádio Metropolitana.

Com a fadista Hélia Costa, o cantor português soltou a voz na rádio Bandeirantes. No Rio, foi presença assídua em casas de fado e programas de televisão, tambémem São Pauloe Recife.

Por 40 anos, Antônio Campos atuou ao lado de Maria Alcina, uma parceria que rendeu muito sucesso à dupla. Algumas atuações tinham lugar no restaurante A Desgarrada, da própria fadista, onde a irreverência sobreviveu por 25 anos.

Outro momento marcante na sua carreira foi quando Amália Rodrigues gravou uma das suas letras. Na lista de trabalhos, Campos conta com discos gravados no Brasil eem Portugal. Sãodele canções conhecidas como “Dá tempo ao tempo” e “De países em países”.

 

Processo rigoroso

Teresa Bergher diz ser importante homenagear pessoas que realmente mereçam essa distinção.

“Como vereadora, tenho sido uma das que mais tem lutado para que essas homenagens possam ser apenas oferecidas a pessoas dignas e sérias”, elucida.

A vereadora explica que esse título obedece a regras rigorosas de seleção. Primeiro, um grupo de pessoas lhe apresenta um nome que pensam ser digno de distinção. O passo seguinte é esse nome ser analisado, cuidadosamente, por Teresa Bergher. Após a sua aprovação, nasce um projeto que passa pelo crivo de todas as comissões da Câmara e, mais tarde, vai ao plenário para ser votado por duas vezes. Todo esse processo pode levar até um ano para que se faça conhecer um novo Cidadão Carioca.

“Faço a minha avaliação. Jamais entregaria esse título a uma pessoa que não merecesse. Entrei com um pedido de cancelamento de uma medalha Pedro Ernesto que havia sido concedida a um rapaz que responde por homicídio. Isso é um absurdo. A medalha será cancelada. Haverá uma reunião para analisar uma proposta minha para que o titular de uma medalha Pedro Ernesto tenha, no mínimo, ficha limpa”, anuncia Teresa.

 

Outros cantores portugueses foram homenageados

Teresa Bergher foi autora também da entrega do título de Cidadão Carioca aos fadistas portugueses Maria Alcina e Mário Simões.

A vereadora prefere deixar de lado o rótulo de só homenagear cidadãos de nacionalidade portuguesa. Teresa afirma que nomes brasileiros, de relevo, já receberam esse título das suas mãos. Mas há sim nomes de vulto da comunidade portuguesa que devem ser eternizados.

“Sou viseense. Já homenageei ministros, professores e médicos. Não apenas portugueses. A colônia portuguesa contribuiu muito com o Brasil e, em especial, com o Rio”, conta a vereadora que afirma que Alcina e Simões são especiais. “Alcina é o rouxinol do nosso fado. Ele é inigualável. Acho que ela é uma fadista de destaque, como também o nosso querido Simões, que está aí fazendo sucesso e torcemos muito por ele”, sublinha.

Na opinião da consagrada fadista Maria Alcina, que recebeu o título em 2009, essa distinção tem um valor extraordinário.

“Essa homenagem serviu para celebrar os meus 50 anos de carreira. Foi o reconhecimento, no Brasil, do meu trabalho. Este país reconheceu o meu mérito. Teresa foi a única vereadora portuguesa no Rio que se lembrou do nosso trabalho. De todos os prêmios, medalhas e títulos que recebi esse foi um dos mais importantes”, afirma Alcina.

A visão de Mario Simões não é diferente. Para ele, que detém o título desde outubro do ano passado, receber essa homenagem é uma honra.

“É algo muito importante, já que essa homenagem resume toda a história de um trabalho e de uma vida. No meu caso, dedicado à cultura portuguesa no Brasil. Embora sendo executivo de uma multinacional, trilhei minha carreira na música portuguesa e represento a cultura lusa no Brasil há mais de 40 anos. Isso me deixa muito feliz e aumenta a minha responsabilidade”, conta Simões, que acaba de lançar o seu primeiro CD exclusivamente de fados.

2 Comments

  1. Infelizmente Amália nunca gravou nada do nosso Campinhos, sim de Joaquim Pimentel, A Júlia Florista, mas privou de convívio muito agradável, chegando a jogar cartas com a nossa Diva maior, e ter visto parte das joias de Amália, e Amália ter demonstrado uma ocasião na Desgarrada uma ternura que o fez naquela noite o Homem mais feliz do planeta, meu querido e inesquecivel Campinhos etc..

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