Por Agnes Cajaiba
Foto Márcio Lima >> Ator Urias Lima durante o espetáculo
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O espetáculo “Um Caso de Língua”
O trabalho é fruto de mais de quatro anos de anotações, leituras e também de cuidadosa pesquisa sobre a origem da língua falada no Brasil. O espetáculo faz um mosaico da formação do português brasileiro, a partir das influências de três matrizes lingüísticas: africana, portuguesa e tupi.
A peça usa como suporte a música “Língua”, de Caetano Veloso, para ressaltar a importância deste valioso patrimônio cultural. A construção do discurso do espetáculo também utiliza textos de Luis de Camões e lingüistas brasileiros, a exemplo de Marcos Bagno, como também de fragmentos de artigos de Gero Camilo e Fabrício Carpinejar, colhidos em revistas de grande circulação. Com poemas de Vinicius de Morais e Carlos Drummond de Andrade, os textos são costurados por uma trilha sonora que vai de Aldir Blanc a Arnaldo Antunes e Racionais MCs.
A Peça
Dá para imaginar uma versão baiana da criação do mundo? É nesse tom que o espectador de “Um Caso de Língua” vai sendo introduzido nas variações de alguns falares da língua nacional e suas origens. Daí para falar dos baianos ilustres é só um detalhe, todos eles desfilam garbosos em citações que lhe são popularmente atribuídas.
Senha dada ao público é hora de escolher, por exemplo, a palavra “bunda” para brincar com as matrizes lingüísticas que formaram o falar brasileiro. “Poucas pessoas se dão conta de que a palavra ‘bunda’ (uma preferência nacional) tem origem no dialeto banto. A bunda brasileira, com a qual requebramos nas festas populares é uma herança lingüística e genética da África”, explica Urias Lima. De fato, a palavra deriva de “mbunda”, segundo o estudioso Antonio Risério. E para quem leu Drummond nunca é demais lembrar que a nossa bunda foi objeto de poema homônimo do grande poeta.
A nossa língua ainda corre atrás dos indígenas e se apropria de palavras como Jacaré, Jaguar, Paraná, Ipanema, Carioca, Mogi-Mirim, Itamaraty, Itararé, Aracaju, Sergipe, Coaraci, Tapioca, Maracanã, Maracujá, Jaburu, Juriti, Siriema etc. “Se retirarmos o que há de tupi na língua portuguesa ninguém se comunica. A língua portuguesa no Brasil desaparece”, diz Urias.
A conclusão é de que o português falado no Brasil é uma língua híbrida. Quando chegou à costa brasileira em 1532, o português era formado por 160 mil verbetes. Hoje a Língua brasileira tem 240 mil verbetes.
SERVIÇO
“Um Caso de Língua” – Cia Teatro Uno
Local: Teatro do SESI – Rio Vermelho
De 03 de outubro a 30 de novembro
Sexta e Sábado 21h Domingo às 20h
Ingresso: R$20,00 (inteira) PROMOCIONAL MEIA PARA TODOS – R$10,00
Info (71) 3261-2179