25 Abril pela Janela: Em tempos de pandemia, a Revolução comemorou-se em casa

Populares comemoram e cantam à varanda a canção “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso e o Hino Nacional, Porto, 25 de abril de 2020. MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Em tempos de pandemia, Portugal comemorou o 25 de Abril à janela e ao início da tarde cantou-se “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, numa manifestação que acabou por ser algo ‘tímida’ em vários pontos do país.

O repto para os portugueses irem à janela e cantarem a “Grândola Vila Morena”, uma das ‘senhas’ da Revolução de 1974, partiu da Associação 25 de Abril, que cancelou o habitual desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Em vez disso, os músicos Dino D’Santiago e Branko estiveram ao vivo, através das redes sociais, a atuar a partir da Avenida da Liberdade para todo o país. O concerto #ALiberdadeEmCasa, foi transmitido em livestream no canal de Youtube de Branko e nas várias plataformas da Câmara Municipal de Lisboa.

Pontualmente, às 15:00, o presidente da associação, o antigo capitão de Abril Vasco Lourenço, surgiu à janela de sua casa e, do 5.º andar de um prédio na freguesia do Areeiro, em Lisboa, cantou “Grândola, Vila Morena” com um cravo vermelho na mão.

A poucos quilômetros, em frente à sede do PCP, o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, repetiu o gesto. Da varanda da sede do BE, na Rua da Palma, a coordenadora do partido, Catarina Martins, também cantou Zeca Afonso, antes de entoar “A Portuguesa”.

Pelos bairros da capital, também se foi cantando, em alguns casos com mais barulho, como em Alvalade, onde um morador da Avenida dos Estados Unidos da América colocou uma coluna à janela a dar o ‘mote’ para as dezenas de vizinhos que estavam à janela acompanharem a canção de Zeca Afonso.

Na vizinha freguesia do Areeiro, um morador colocou a “Grândola, Vila Morena” a tocar em ‘loop’ na varanda e, a cada repetição, os vizinhos iam batendo palmas.

Na Avenida Miguel Bombarda, na freguesia de Nossa Senhora de Fátima, agitaram-se cravos e cantou-se a “Grândola” e o hino nacional, com a ‘ajuda’ de um megafone de um sindicato.

Depois das comemorações oficiais no parlamento realizadas durante a manhã, nas casas em frente a São Bento também se cantou em algumas varandas.

No Bairro de Inglaterra, nos Anjos, a adesão à iniciativa não foi muito grande, com pouco mais de uma dezena de pessoas nas janelas e apenas algumas a cantarem.

Na freguesia de Queijas e Barcarena, no concelho de Oeiras, algumas ruas tinham também colunas de som que reproduziram a música de Zeca Afonso depois de a sirene dos bombeiros ter assinalado as 15:00.

Na zona de Alfragide, concelho da Amadora, os moradores juntaram as suas vozes à canção que saía de um potente altifalante, batendo palmas no final e gritando, depois, as palavras de ordem “25 de Abril, sempre!”.

Na Charneca da Caparica, no concelho de Almada, o 25 de Abril começou a ser assinalado ainda antes da meia-noite, com uma carrinha a passar pelas ruas completamente desertas a tocar a primeira ‘senha’ da Revolução, “E depois do Adeus”. E neste sábado pelas 15:00, foi cantada a segunda ‘senha’, antes das palmas dos moradores.

Em Vila Franca de Xira, a Câmara instalou colunas de som pela cidade e algumas dezenas de “cantores de improviso” juntaram-se ao apelo para cantar Zeca Afonso. Noutra cidade do concelho, em Alverca, também houve música e alguns agitaram as bandeiras de Portugal.

Pelo Alentejo, em Grândola, o presidente da autarquia, António Figueira Mendes, também cantou Zeca Afonso a partir de uma das janelas dos Paços do Concelho.

Mais no interior, em Portalegre, funcionários do hospital abriram janelas e cantaram.

No distrito de Évora, às 15:00, as ruas da vila de Viana do Alentejo estavam praticamente desertas, mas o silêncio na Praça da República foi quebrado pelo som que saia das colunas colocadas na parede de um edifício e pelas vozes de cerca de uma dezena de pessoas.

Em Beja, Serpa e Vidigueira também algumas dezenas de pessoas, em casa ou na rua, cantaram, algumas com cravos vermelhos nas mãos.

Mais a norte, no centro da cidade de Vila Real, altifalantes colocados em janelas junto ao antigo Governo Civil e à Câmara Municipal faziam ecoar Zeca Afonso.

Em Braga, Zeca Afonso também se ouviu a partir de colunas colocadas em varandas, mas foram poucos os vizinhos a juntarem-se no ‘coro’.

Por Viseu, no Rossio, ouviu-se a gravação da canção de Zeca Afonso, saída de um carro de um sindicato, mas pelas principais ruas do centro não se via ninguém à janela.

Em Paredes, no distrito do Porto, o apelo da Associação 25 de Abril parece não ter chegado e as varandas ficaram invariavelmente desertas, um pouco à semelhança do que aconteceu em Leiria, onde o silêncio apenas era pontualmente quebrado numa ou noutra janela.

Na Lousã, no distrito de Coimbra, a canção de Zeca Afonso ouviu-se sobretudo na vila, com várias famílias a aparecerem à janela pelas 15:00.

Noutro ponto do distrito, na Figueira da Foz, um militar de Abril, Góis Moço, agora coronel na reforma, ‘contagiou’ os vizinhos que o acompanharam a cantar à varanda.

A tradição também se cumpriu na Covilhã, onde, pelas 15:00, na Rua Direita, se ouviu a “Grândola, Vila Morena”, mas na Guarda foram poucos os moradores do centro da cidade a abrir as janelas.

No Funchal, militantes e simpatizantes do PCP cantaram em frente à sede regional do partido, mas pela cidade a adesão à iniciativa foi praticamente nula.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: