União Africana diz que trabalho pode projetar o português na ONU

Representante do bloco continental falava à margem da celebração do Dia da Língua Portuguesa; evento seguiu-se à aprovação de segunda resolução de cooperação entre a organização e o bloco lusófono em março.

 

Da Redação
Com Rádio ONU em Nova Iorque

A presidente Dilma Rousseff faz o discurso de abertura da 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

O representante da União Africana junto das Nações Unidas, Téte António, mencionou a necessidade de trabalho e meios para levar a língua portuguesa a conquistar maior terreno nas Nações Unidas.

O embaixador falava à Rádio ONU à margem do concerto alusivo ao Dia da Língua Portuguesa, assinalado a 5 de Maio. Téte António disse que, para que o português tenha o estatuto de idioma oficial da ONU, os países falantes devem ter atenção a uma série de requisitos.

“Apesar de representar a União Africana, onde o português é uma das línguas de trabalho, temos que valorizá-la. Leva tempo vender uma língua num meio como em Nova Iorque e Nações Unidas, onde já há velhas tradições. Mas creio que, pouco a pouco, vai-se lá chegar, porque não? Virá um dia não é impossível. Tudo na organização foi fruto de luta, sobretudo de trabalho e de meios também, porque não é gratuito”, mencionou.

As línguas oficiais utilizadas nas Nações Unidas são árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo. Na União Africana, o português é língua de trabalho juntamente com o inglês e o francês.

Após o evento de comemoração, que juntou representantes de dezenas de países na sede da organização, o diplomata disse que os Estados podem ser sensibilizados de várias formas. “A diplomacia através da música é muito eficiente, uma mensagem que penetra e que chega a toda a gente. Não tem fronteiras, não há melhor maneira de atingir o mundo inteiro do que através da música”, destacou.

Cooperação

Vários líderes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa  já mencionaram a necessidade de tornar a língua, falada por cerca de 240 milhões de pessoas em todo o globo, num dos idiomas oficiais na ONU.

Em finais de março, as Nações Unidas realçaram a importância de fortalecimento da cooperação com a Cplp ao aprovar, sem votação, uma resolução que vai reger as relações entre ambas nos próximos dois anos.

CPLP faz pouco

Em Dili, o presidente da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Francisco Guterres Lu Olo, afirmou que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa precisa fazer mais para defender o português.

“Há ainda muito a fazer pela defesa de uma língua que é nossa, pela defesa do nosso patrimônio comum”, disse o ex-presidente do parlamento timorense em comunicado à imprensa.

Francisco Guterres Lu Olo sublinhou que na CPLP há “ainda cidadãos que não falam português” e que a defesa da língua é essencial para “ajudar a reforçar” a “identidade e a posição” daquela organização no mundo.

“Nos países da CPLP é possível e desejável que a língua portuguesa se consolide e que coexista em harmonia com outros idiomas nacionais, que enriquecem as nossas sociedades. Defender a língua portuguesa e aquilo que nos é comum não significa desrespeitar ou ignorar aquilo que nos é próprio, de cada país”, disse.

Segundo ele, o Estado timorense deveria prestar mais atenção ao dia da Língua Portuguesa, que não foi comemorado pelas autoridades timorenses.

O Dia da Língua Portuguesa foi assinalado em Díli pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua – com a projeção do documentário “Língua – Vidas em Português”, de Victor Lopes, e com uma mostra de gastronomia portuguesa.

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