Uma pequena ilha assegura a ligação moderna da Guiné Equatorial com a lusofonia

Da Redação
Com Lusa

O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang passa junto de um painel com bandeiras dos países da CPLP, no final da cerimônia de abertura da X Cimeira, em Timor-Leste. PAULO NOVAIS/LUSA
O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang passa junto de um painel com bandeiras dos países da CPLP, no final da cerimônia de abertura da X Cimeira, em Timor-Leste. PAULO NOVAIS/LUSA

Uma pequena ilha, com pouco mais de cinco mil habitantes e 17 quilômetros quadrados, é a ligação moderna que a Guiné Equatorial e linguistas brasileiros encontraram com a lusofonia e com o português, em particular o crioulo de São Tomé.

Em Ano Bom, fala-se Fá d’Ambô, um crioulo próprio que foi estudado por linguistas brasileiros e que encontraram uma base lexical portuguesa. E mesmo quem discorda da adesão à CPLP admite essa ligação ancestral.

É o caso de Juan Tomás Laurel, exilado político em Barcelona, que minimiza a proximidade linguística e preferia que o país não tivesse aderido à CPLP sem uma salvaguarda da questão dos Direitos Humanos no país.

“Obiang não tem qualquer interesse no português, mas sim em mostrar o seu poder”, diz o também escritor, autor dos livros “Ditador de Corisco” e “Dicionário Básico e Aleatório da Ditadura Guineana”. Natural de Ano Bom, Juan Laurel considera uma ironia que seja esta ilha, pela qual “Obiang nunca teve interesse”, a justificar a adesão do país à CPLP.

Produção de café

A produção de cacau e de café uniu durante séculos a Guiné Equatorial e Portugal.

“Sempre houve muitos portugueses cá”, diz Weja Chicampo, dirigente do movimento de autodeterminação da ilha de Bioko e líder da etnia bubi, que se queixa de ser ostracizada pelos fang, ligados ao regime, em particular o clã do Presidente Teodoro Obiang, os Esangui.

“Nós gostamos muito de Portugal porque eles trataram-nos sempre bem”, afirma Juan, taxista em Malabo e neto de um português que trabalhava nas “fincas” de cacau de Sanpaca.

“A minha avó era empregada e teve a minha mãe. Ele nunca casou, mas nunca faltou com dinheiro”, diz Juan Espírito Santo (“escrito em português”, como gosta de dizer), que só fala espanhol, mas tem pena que “Portugal tivesse abandonado os guineanos”.

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