Os projetos de cooperação técnica são um dos pontos principais da pauta da reunião de chanceleres dos oito países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em novembro, mas a polêmica sobre o acordo ortográfico também deverá merecer destaque, disse à Lusa uma fonte diplomática.
Em princípio, a ortografia comum da língua portuguesa já pode entrar em vigor, porque três dos oito países lusófonos – Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe – já ratificaram o acordo e também o protocolo modificativo ao acordo, aprovado em julho de 2004, em São Tomé, durante a cúpula dos chefes de Estado e de Governo da CPLP.O protocolo modificativo permite que o acordo vigore com a ratificação de apenas três países da CPLP, sem a necessidade de aguardar que todos os outros membros da organização (Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor Leste) adotem o mesmo procedimento. O chanceler brasileiro Celso Amorim, que se reunirá em 1º de novembro com seu homólogo português, Luís Amado, e deve ser recebido pelo premiê José Sócrates na mesma data, vai reservar o dia seguinte para a reunião do conselho de ministros da CPLP.
"Tempo demais"Na opinião do embaixador do Brasil junto à CPLP, Lauro Moreira, o acordo só fará sentido se Portugal também o adotar. Moreira criticou, entretanto, o prazo proposto recentemente por Portugal para colocar o acordo em vigor – dez anos.
"Isso é tempo demais. Somados aos 17 anos que o acordo já foi assinado, seriam 27 anos. Não é possível", declarou à Lusa. Segundo especialistas, as modificações propostas no acordo devem alterar 1,6% do vocabulário de Portugal. No Brasil, a mudança será menor, já que apenas 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.