Representantes da CPLP debateram pandemia e resposta a emergência

Mundo Lusíada
Com Lusa

Os representantes dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) debateram neste dia 18 os efeitos da pandemia e a possibilidade de a organização criar um mecanismo de resposta a situações de emergência, disse o embaixador de Cabo Verde.

“Tivemos os pontos habituais de agenda, mas um ponto muito especial, que teve a ver, não só com a partilha de informações sobre o rescaldo da pandemia nos nossos países, mas também sobre o ponto da situação em matéria de cooperação que tem havido nesta área”, afirmou Eurico Monteiro.

O diplomata de Cabo Verde, país que tem a presidência rotativa da CPLP, falava após a reunião do comité de concertação social (CCP) da organização, um encontro que reúne os embaixadores de todos os Estados-membros.

Esta foi a primeira reunião após o início da pandemia de covid-19, daí a doença ter sido um dos pontos principais da agenda do CCP, que não se ficou pela troca de informações sobre o assunto.

“Também procuramos ver se, aproveitando toda a experiência acumulada, designadamente o que aconteceu em Moçambique com o ciclone Idai, com um efeito desastroso do ponto de vista econômico e social, e esta pandemia, poderíamos pensar em esquemas e mecanismos de cooperação mais específicos para situações de emergência dos estados”, adiantou Eurico Monteiro à Lusa.

Uma cooperação que, não passe só pela partilha de informações técnicas, “mas também por alguma concertação política, eventualmente até pela constituição de um instrumento de apoio material ou financeiro e logístico, em situações de emergência, sejam por desastres naturais ou pandemias, ou outras que possam surgir”, reforçou o diplomata.

Ainda segundo o representante da presidência cabo-verdiana da CPLP esta foi uma matéria abordada no CCP “com algum detalhe”, e da reunião saiu “a recomendação” de que a reflexão seja continuada e os estudos feitos para que se encontre, “a curto prazo, uma proposta de solução que deva ser submetida aos órgãos competentes da CPLP e, eventualmente, até submeter ao conselho de ministros para aprovação”.

“Estamos à procura disto e de ver até que ponto podemos materializar, a curto prazo, uma solução desta natureza”, concluiu.

Quanto à situação política na Guiné-Bissau, que o secretário executivo da CPLP tinha dito, em 08 de junho, que “é preocupante” e seria analisada nesta reunião do CCP não foi sequer assunto da agenda, garantiu o embaixador cabo-verdiano.

“A situação na Guiné-Bissau é preocupante. Nós vamos ter proximamente uma reunião aqui em Lisboa, ao nível dos embaixadores, onde certamente essa matéria será abordada”, afirmou o embaixador Francisco Ribeiro Telles, após ter recebido as credenciais da embaixadora Isabel Amaral Guterres, enquanto representante permanente de Timor-Leste junto da CPLP, em Portugal.

A CPLP tem estado em Bissau “de uma forma bastante ativa” a acompanhar a evolução da situação no país, acrescentou.

A Guiné-Bissau tem vivido desde o início do ano mais um período de crise política, depois de Sissoco Embaló ter sido dado como vencedor das eleições e sido reconhecido pelos parceiros internacionais como Presidente, apesar de existirem queixas de irregularidades pela candidatura de Domingos Simões Pereira no Supremo Tribunal de Justiça.

Após se ter autoproclamado Presidente, Sissoco Embaló demitiu o Governo do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Aristides Gomes, e nomeou para o cargo Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).

No âmbito da mediação da crise política na Guiné-Bissau, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) emitiu, em abril, um comunicado no qual reconheceu Umaro Sissoco Embaló como Presidente e instou as autoridades a nomear um novo Governo, que respeite os resultados das legislativas de 2019, num prazo que terminou em 22 de maio.

Observador

O Canadá já é oficialmente candidato a observador associado da CPLP, disse o secretário-executivo da organização.

Segundo o embaixador Francisco Ribeiro Telles, o Canadá “entregou, na semana passada, a manifestação de interesse ao secretariado-executivo da CPLP”, o primeiro passo para a formalização da sua candidatura a observador associado da comunidade.

Desta forma, o Canadá junta-se a uma lista de outros 11 Estados e organizações internacionais que estão a desenvolver os seus processos para que possam efetivar o estatuto de observadores associados na próxima reunião de chefes de Estado e de Governo, a realizar em Luanda, Angola, em julho do próximo ano, onde deverão ser analisadas as referidas candidaturas.

Futuro Secretário

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Timor-Leste Zacarias Albano da Costa foi o nome proposto para futuro secretário-executivo da CPLP.

“Já temos um nome. O senhor ministro Dionísio Babo [MNE de Timor-Leste) já escreveu uma carta aos seus homólogos [da CPLP], e o nome proposto foi o do doutor Zacarias Albano da Costa, que foi também ministro dos Negócios Estrangeiros” de Timor-Leste, afirmou a embaixadora timorense em Lisboa, Isabel Amaral Guterres, no cargo desde janeiro deste ano.

Timor-Leste é o país que tem agora o direito de propor o nome do futuro secretário-executivo da CPLP, a seguir a Portugal.

Até lá, mantém-se no cargo o embaixador Francisco Ribeiro Telles, confirmou Eurico Monteiro, o embaixador de Cabo Verde em Portugal, representante do país que tem neste momento a presidência rotativa da CPLP.

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