Reconstrução pós-ciclones é “longa caminhada”, diz primeiro-ministro de Moçambique

Da Redação

O primeiro-ministro de Moçambique disse esta segunda-feira que “o nível das necessidades para a reconstrução” pós-ciclones “está para além das capacidades financeiras de Moçambique.”

Carlos Agostinho do Rosário discursou na Quarta Sessão Temática Especial da ONU sobre Água e Desastres, que decorre na sede da ONU, em Nova Iorque.

Plano de Resposta Humanitária para Moçambique é de US$ 440 milhões, incluindo a resposta aos ciclones Idai e Kenneth e à seca predominante no sul do país.

O representante afirmou que, sozinho, o país “não conseguirá ter recursos necessários para assegurar a reconstrução sustentável e resiliente aos efeitos das mudanças climáticas.”

“Para o efeito, Moçambique precisa do apoio da comunidade internacional. Sabemos que não estamos sozinhos neste processo de reconstrução. Tal como no período de assistência de emergência, esperamos continuar a contar com o apoio dos nossos parceiros para superar este desafio de reconstrução pós calamidades.”

Apoio
Com o apoio das Nações Unidas, Banco Mundial e União Europeia, o Gabinete de Reconstrução pós-ciclones Idai e Kenneth fez um levantamento das necessidades de reconstrução.

Esta avaliação indica que são necessários, no mínimo, US$ 3,2 mil milhões para a recuperação das perdas e danos causados por estes dois ciclones.

Em maio, realizou-se na cidade da Beira a Conferência Internacional de Doadores, durante a qual os parceiros prometeram um apoio de US$ 1,2 mil milhões.

“Este montante permite o arranque da primeira fase do programa de reconstrução. Reconhecemos, contudo, que o processo de reconstrução pós-calamidades é uma longa caminhada e que necessita de muitos recursos. É assim que apelamos aos nossos parceiros a continuarem a apoiar o nosso país com recursos, de forma a garantirmos a rápida recuperação e reconstrução pós ciclones.”

Danos
Os ciclones Idai e Kenneth causaram a destruição total ou parcial de mais de 240 mil casas, afetaram 1,37 mil escolas e 92 unidades sanitárias ficaram parcial ou totalmente destruídas. Cerca de 3.000 km² de terra e mais de 700 mil hectares de terra cultivada ficaram inundados com a passagem do ciclone Idai.

Segundo o primeiro-ministro, devido à sua localização geográfica, Moçambique recebe tem condições favoráveis ao desenvolvimento de ciclones, que se tornaram cada vez mais frequentes e intensos nos últimos anos.

De 1990 até o presente momento, o país foi assolado por 10 ciclones. No primeiro trimestre de 2019, registou a passagem de três ciclones de grande intensidade.

O ciclone Idai, que foi o mais intenso nos últimos anos no hemisfério sul, afetou mais de 1.8 milhões de pessoas, dos quais 600 perderam a vida.

Sensibilizar a comunidade
Em declarações a jornalistas antes do evento, em Nova Iorque, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros, Manuela Lucas, disse que Maláui, Moçambique e Zimbabué podem apresentar uma concertação para uma posição nessa sessão.

“Moçambique decidiu mandar uma delegação de alto nível, a nível de primeiro-ministro, porque realmente o esforço que temos que fazer agora é a mobilização de recursos. Também mobilizar a comunidade internacional sobre o impacto de desastres naturais. Como todos nós sabemos, os ciclones que vínhamos tendo eram de 10 em 10 anos ou de cinco em cinco anos. Mas agora, parece que Moçambique tornou-se a rota dos desastres naturais como diz o primeiro-ministro. Então, nós estamos aqui para sensibilizar a comunidade internacional em relação ao impacto dos desastres naturais nos nossos países e, em especial, em Moçambique.”

Segundo as Nações Unidas, os desastres relacionados à água representam 90% de todos os desastres em números de pessoas afetadas.

A previsão é que nos próximos anos vários países insulares e em desenvolvimento sofram o maior impacto das alterações climáticas devido ao aumento de eventos extremos.

A sessão tem por meta continuar o diálogo global e aumentar a consciência dos Estados-membros da ONU sobre os assuntos relacionados à água, além de promover ações para maior discussão do tema.

A ONU pretende ainda que os países possam contribuir de forma relevante na análise dos eventos extremos associados à água como parte da Década de Ação pela Água que cobre o período entre 2018 e 2028.

Em 2017, a Terceira Sessão Temática Especial da ONU sobre Água e Desastres juntou 500 representantes internacionais, incluindo chefes de Estado e de governo, ministros e representantes de entidades internacionais.

Os participantes no evento concordaram que abordar o tema de água e desastres é essencial elemento e o centro para alcançar o desenvolvimento sustentável.

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