Primeiro-Ministro visita comunidade caboverdiana

Em sua terceira visita como Primeiro-Ministro ao Brasil, segunda na comunidade caboverdiana de Santo André, José Maria Neves teve encontros com autoridades brasileiras para tratar de cooperações bilaterais, entre elas na área da formação acadêmica. Após Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, o Primeiro-Ministro passou uma tarde com os estudantes, na sede da Associação Caboverdiana do Brasil, 17 de outubro em Santo André.

De acordo com o presidente da Associação Caboverdiana, a entidade sobrevive com auxílio dos associados e agora está precisando de mais um subsídio para a ampliação da sede. A comunidade, que é vista como um dos exemplos na diáspora, já recebeu dois subsídios do governo caboverdiano, há 4 e há 2 anos. “Aqui está ficando pequeno para o tamanho que estamos atingindo. Nós precisamos de um outro subsídio para ampliação da sede. Mais do que dinheiro, um apoio para que possamos desenvolver nosso trabalho, apoio do governo para que consigamos chegar nas autoridades brasileiras e assim abrir portas para que venham mais estudantes caboverdianos fazer a sua formação universitária no Brasil” afirmou José Augusto do Rosário.

O Primeiro-Ministro afirmou ao Mundo Lusíada que o governo caboverdiano continuará a apoiar a comunidade. “Vamos continuar a apoiar a associação, para ampliar e remodelar estas instalações. Estamos abertos a apoiar novas propostas para continuar a dar recursos para modernização deste espaço”. Estudantes Já existem melhorias significativas na vida dos estudantes caboverdianos no Brasil. A afirmação é do Primeiro-Ministro que garantiu, “caboverdianos que estudam no Brasil conseguem uma formação de qualidade”, citando que no país luso-africano o Brasil é uma referência na área acadêmica e visto por muitos como a segunda pátria.

“No Brasil há condições para os estudantes caboverdianos. E eu sinto orgulhoso de ter feito a minha formação aqui” disse o Primeiro-Ministro aos estudantes presentes na associação, citando o quanto os formandos podem ajudar no desenvolvimento do país.

De acordo com ele, na sua época não existia Consulado e nem os diversos apoios que estão disponíveis hoje. Entre as diversas mudanças, o Primeiro-Ministro citou o “trabalho extraordinário” feito pela comunidade na construção da Associação Caboverdiana do Brasil. Citou ainda que as dificuldades passadas pelos estudantes correspondem a uma vida de estudante, senão sua estadia no Brasil seria “turismo”. José Maria Neves ainda citou que atualmente todos os estudantes bolsistas contam com plano de saúde, como apoio do governo caboverdiano. Já os que vêem por conta própria conta com o apoio da Embaixada. Ao final, o Primeiro-Ministro citou uma história e literatura muito próxima entre Brasil e Cabo Verde, mostrando a identidade cultural entre ambos países.

Durante a solenidade na Associação Caboverdiana, o presidente da União dos Estudantes Caboverdianos no Estado de São Paulo (UECESP), Deni Mendes, afirmou ao Primeiro-Ministro que a comunidade de estudantes não quer simples apoios mas sim “discutir idéias”, o que foi elogiado pelo ministro em seu discurso. A UECESP tem trabalho em diferentes frentes no Brasil, em áreas como política, social e cultural em prol da comunidade caboverdiana.

O evento contou com a presença ainda do Embaixador de Cabo Verde no Brasil, Daniel Pereira, o cônsul-geral de CV em São Paulo, Aguinaldo Rocha, e o representando da Prefeitura Municipal de Santo André, Jorge Luis. Petrobras em Cabo Verde Entre as questões em pauta durante a visita do primeiro-ministro ao Brasil, esteve a presença da Petrobras no arquipélago para prospecção em águas ultraprofundas, além de incrementar a participação do Brasil no setor da construção civil.

“O que nós discutimos é a possibilidade de cooperarmos com o Brasil no domínio dos recursos marinhos” disse o Primeiro-Ministro ao Mundo Lusíada, explicando que a intenção visa pesquisa e gestão dos recursos. Quanto a possibilidade de ter petróleo no arquipélago, José Maria Neves afirmou não ter certeza da existência, mas a descoberta estaria nos domínios de cooperação com o Brasil. “Nós acordamos discutir um acordo global de cooperação no domínio dos recursos marinhos, envolvendo desde pesquisas e eventuais gestão dos recursos que forem depois encontrados” afirmou. Melhorias no País De acordo com o Primeiro-Ministro, quando o país assumiu a sua independência, existia uma taxa de analfabetismo de 70% da população. Atualmente, esta taxa é de menos de 20%. Cerca de 23% do orçamento do Estado caboverdiano é destinado à Educação, seguida da Saúde, informou o ministro, pedindo à diáspora que visitem o país pois “cresceu muito”.

Agora já conta com três aeroportos internacionais, além de destacar os futuros investimentos que serão feitos nos Portos. “Temos que fazer uma boa governação para sermos os melhores em África, para sermos notados”. Entre os próximos projetos do governo, está inclusa ainda a transformação de uma das ilhas do país para ser totalmente abastecida com energias limpas.