O Presidente da Guiné-Bissau, General Umaro Sissoco Embaló (E), acompanhado pelo seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a conferência de imprensa no Palácio de Belém, Lisboa, 08 de outubro de 2020. Umaro Sissoco Embaló em Portugal para uma visita oficial de dois dias. ANTÓNIO COTRIM/LUSA
Da Redação
Com Lusa
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, iniciou nesta quinta-feira a sua visita oficial a Portugal com um encontro com o seu homólogo, Marcelo Rebelo de Sousa, tendo ainda previsto reunir-se com o primeiro-ministro, António Costa.
Depois do Palácio de Belém, a tarde, Umaro Sissoco Embaló é ainda recebido na Assembleia da República e depois tem um encontro com o primeiro-ministro, António Costa.
Na sexta-feira, Umaro Sissoco Embaló participa, com o secretário de Estado da Internacionalização e o presidente do Conselho de Administração da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), numa mesa-redonda com empresários portugueses, no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O chefe de Estado guineense visita também a sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde vai realizar-se uma sessão solene com todos os representantes dos Estados-membros da organização.
A visita de Umaro Sissoco Embaló a Portugal, a primeira a um país da Europa, ocorre depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, ter realizado em setembro uma visita de trabalho à Guiné-Bissau.
Segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros guineense, Suzi Barbosa, o primeiro-ministro, António Costa, deverá realizar uma visita à Guiné-Bissau antes do final do ano.
Protestos
Poucos metros separavam os manifestantes de apoio e contra o Presidente da Guiné-Bissau, que fizeram ouvir nos jardins de Belém os seus cânticos de júbilo e os apupos de contestação.
Cerca de meia centena de apoiantes de Sissoco Embaló dançavam e entoavam palavras de apoio ao chefe de Estado da Guiné-Bissau, com uma indumentária alusiva a esta visita oficial, em que se podiam ver os rostos dos dois chefes de Estado em camisetas.
O rosto de Umaro Sissoco Embaló também estava estampado nos tecidos dos vestidos de algumas guineenses, bem como em posters alusivos às eleições presidenciais.
Mais à esquerda destes manifestantes, um outro grupo com cerca de 30 guineenses mostrava o cartão vermelho ao chefe de Estado da Guiné-Bissau, gritando: “Terrorista, golpista, assaltante”.
“Viemos aqui manifestar a nossa oposição a esta visita. [Sissoco] é um golpista e não um chefe de Estado da Guiné, porque desde 27 de fevereiro assumiu o poder por via da força e se autointitulou de Presidente da República simbólico, apesar do contencioso eleitoral ainda não ter sido decisivo na altura”, afirmou.
Este guineense disse não estar disponível para legitimar este poder e manifestou-se decepcionado com o Presidente da República português, que recebeu o seu homólogo guineense.
Questionado sobre o impacto destas divergências na comunidade guineense em Portugal, Sana Cante disse que esta “fica dividida”.
“O que está a acontecer aqui é o reflexo do que está a acontecer na Guiné”, disse. Dionísia Vaz garante que não se vai calar enquanto Sissoco estiver no poder.
“Estou aqui para reivindicar os nossos votos com esse ‘gajo’ – que eu não chamo Presidente – roubou. Ele roubou os nossos votos, queimou-os e autoproclamou-se como Presidente da República”, disse.
Para Dionísia Vaz, Sissoco não passa de “um analfabeto que não sabe nada e um grande terrorista”.
“Ele está a representar o quê? Ele não pode representar nenhum guineense. Ele tinha um contencioso no tribunal e não deixou os juízes pronunciarem-se. Ele não é Presidente, é um analfabeto político”, considerou.
A visita de Umaro Sissoco Embaló a Portugal, a primeira a um país da Europa, ocorre depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, ter realizado em setembro uma visita de trabalho à Guiné-Bissau.