Portugal manifesta solidariedade após explosões na Guiné Equatorial

Da Redação
Com Lusa

Nesta segunda-feira, Portugal manifestou solidariedade ao Governo da Guiné Equatorial na sequência das explosões de domingo num quartel militar na cidade de Bata, que causou pelo menos 30 mortos e 600 feridos.

“O governo português apresenta as mais sentidas condolências aos familiares das vítimas dos trágicos acontecimentos ocorridos em Bata, na sequência das violentas explosões em depósitos de armamento”, refere, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiro.

“Expressamos todo o apoio e solidariedade ao Governo da Guiné Equatorial neste momento tão difícil”, acrescentou.

Várias explosões nos paióis de um quartel militar, localizado numa zona residencial da cidade de Bata, causaram a morte a pelo menos 30 pessoas e ferimentos em outras 600 segundo dos dados mais recentes sobre a catástrofe, classificada como acidental pelo chefe de Estado, Teodoro Obiang.

O Presidente, Teodoro Obiang Nguema, que governa este país da África Central há quase 42 anos, acusou agricultores das redondezas de terem permitido a propagação para o quartel de queimadas mal controladas, considerando que os soldados que estavam a guardar o arsenal foram “negligentes”.

Casas e edifícios ao redor do quartel ficaram completamente destruídos e enormes blocos de betão foram projetados pelas ruas a centenas de metros, de acordo com imagens da estação de televisão estatal TVGE.

De acordo com o Ministério da Saúde, muitos residentes dos bairros vizinhos do quartel podem estar ainda debaixo dos escombros.

“O meu tio, um oficial do campo, telefonou-nos para dizer que tinha encontrado os corpos de cinco membros da sua família que tinham sido completamente queimados”, disse hoje, sob anonimato, um residente de Bata contactado por telefone pela agência France Presse (AFP).

“As casas continuaram a arder e ainda ouvimos pequenas explosões”, disse um outro residente.

Fonte de um movimento da sociedade civil da Guiné Equatorial disse à agência Lusa que durante a manhã de hoje as pessoas dos bairros vizinhos do quartel estão a ser retiradas para a praia por receios de novas explosões.

Informação confirmada pelo partido opositor Convergência para a Democracia Social (CPDS) que, em comunicado, adiantou que a partir das 09:00 horas de hoje (08:00 horas em Lisboa), os militares ordenaram a evacuação do distrito de Nkolombong, a zona mais povoada da cidade de Bata e adjacente a Nkuantoma, onde ocorreu a catástrofe.

O Ministério da Defesa adiantou que foi aberta uma investigação para apurar as causas deste “trágico e lamentável” acontecimento.

O chefe de Estado lançou “um apelo à comunidade internacional para apoiar a Guiné Equatorial nestes momentos tornados ainda mais difíceis pela combinação da crise econômica, devido à queda dos preços do petróleo, e da pandemia de covid-19”.

A Guiné Equatorial, um país rico em recursos, mas com largas franjas da população abaixo do limiar da pobreza, integra a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.

A recém-criada plataforma de cidadãos “Guiné Equatorial Também é Nossa” (GE Nuestra, em espanhol) exigiu ao Governo que “não poupe meios para ajudar as vítimas” das explosões na cidade de Bata, defendendo rapidez e transparência na informação.

“A GE Nuestra exige que as autoridades sejam tão transparentes e pontuais quanto possível na informação sobre as causas destas explosões. Da mesma forma, dada a gravidade dos factos, exige que o Governo não poupe meios para ajudar as vítimas”, defendeu a plataforma, num comunicado enviado à agência Lusa.

Ajuda internacional

Mais tarde, o governo português confirmou que o apoio à Guiné Equatorial “será equacionado” em coordenação com as Nações Unidas e a União Europeia.

“O apoio à Guiné Equatorial será equacionado em coordenação com a comunidade internacional, nomeadamente no quadro das Nações Unidas e da União Europeia”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) à Lusa.

De acordo com a mesma informação, o MNE tem “estado a acompanhar a evolução da situação” na Guiné Equatorial, através missão diplomática portuguesa em Malabo, para obter mais informações, “designadamente sobre as necessidades no terreno” após a explosão ocorrida ontem em Bata.

O embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa disse hoje que pediu formalmente ajuda de emergência a Portugal e aos restantes membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na sequência das explosões de domingo em Bata (a segunda cidade mais importante do país), que causaram dezenas de mortos e centenas de feridos.

“Formalizei esta manhã o pedido de ajuda ao secretário-executivo e a todos os países membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa [CPLP]. Formalizei também o pedido de ajuda a Portugal, tanto ao nível da Presidência da República, como do Governo”, disse Tito Mba Ada à agência Lusa.

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