Portugal defende reforço da cooperação da UE e comunidade internacional em Moçambique

Da Redação
Com Lusa

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Portugal “pretende desenvolver todos os esforços” para reforçar a cooperação da União Europeia (UE) no norte de Moçambique e apoia “todo o reforço da cooperação da comunidade internacional”.

“Portugal, bilateralmente e enquanto Presidência do Conselho da União Europeia, pretende desenvolver todos os esforços para corresponder ao pedido das autoridades moçambicanas de reforço de cooperação com a UE no que diz respeito à região de Cabo Delgado”, afirmou Augusto Santos Silva, numa resposta à Lusa sobre a participação e papel na resolução do conflito.

“Do mesmo modo, apoiamos todo o reforço de cooperação da comunidade internacional no mesmo sentido, nomeadamente da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), cuja presidência rotativa é, neste momento, exercida por Moçambique”, acrescentou o governante, concluindo: “Favorecemos a coordenação entre os vários atores internacionais, que permita otimizar a cooperação com Moçambique neste âmbito”.

As declarações de Santos Silva surgem no mesmo dia em que o Governo sul-africano se mostrou “perplexo” perante “o silêncio” das autoridades moçambicanas sobre o tipo de apoio internacional que necessitam para enfrentar a violência armada no norte do país.

“A ministra [das Relações Internacionais, Naledi Pandor] está perplexa, não entende por que é Moçambique não especifica o tipo de assistência, se precisam de ajuda, mas pode ser que não precisem de ajuda direta da África do Sul ou algo assim, mas eu não posso falar por eles, seriam eles a explicar”, declarou à Lusa o porta-voz ministerial, Lunga Ngqengelele.

“É difícil de entender”, reforçou o porta-voz da chefe da diplomacia sul-africana, considerando que “Moçambique estaria em melhor posição para explicar”.

Os países da região, reunidos na SADC, também estão empenhados na resposta à violência em Cabo Delgado, bem como Portugal, revelou.

“Moçambique faz parte da SADC e os órgãos da SADC estão a discutir as questões de Moçambique, por isso estamos a participar nessas reuniões. Inclusive Portugal é um dos países que está envolvido e também está a tentar fazer com que a SADC desempenhe um papel maior”, disse hoje, em entrevista à Lusa, Lunga Ngqengelele.

Em maio passado, a ‘troika’ do órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC esteve reunida em Harare, capital do Zimbabué, e comprometeu-se a apoiar o Governo de Moçambique na luta contra os grupos armados em Cabo Delgado, sem, no entanto, avançar mais detalhes.

A SADC voltou a adiar a cimeira para discutir o conflito armado com rebeldes em Cabo Delgado para maio ou junho, segundo a organização.

Um primeiro anúncio da cimeira, que se realizaria em Maputo, foi feito em dezembro, apontando a sua realização para janeiro e depois para março, mas sempre adiada por causa do agravamento da pandemia de covid-19 na região.

“A reunião da ‘troika’ da SADC realizada [sexta-feira] endossou a proposta de adiamento da cimeira extraordinária” para “maio ou junho de 2021”, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (Minec) moçambicano em comunicado.

A deliberação foi tomada pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da ‘troika’, composta por Moçambique, Maláui e Tanzânia, depois de um debate de cerca de meia hora por videoconferência.

A decisão segue as recomendações do comité de ministros da Saúde da SADC, de 29 de janeiro, que “propôs novas datas da cimeira e sugeriu que decorra em formato virtual, se a pandemia de covid-19 piorar”, concluiu.

Moçambique registou mais casos, mortes e internamentos em janeiro do que em todo o ano de 2020, com um total acumulado de 501 óbitos e 47.790 infetados.

A província moçambicana de Cabo Delgado está sob ataque desde outubro de 2017, por insurgentes classificados desde o início de 2020 pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma “ameaça terrorista”.

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