Para Moçambique, Brasil reconhece o valor da África e pede não-lusófonos na CPLP

O presidente Armando Guebuza lembrou que além do Brasil, Moçambique tem parcerias sólidas com Portugal, Angola, Timor-Leste e os demais países de língua portuguesa.

 

Da Redação
Com Rádio ONU em NY

Armando Guebuza. Foto Divulgação

O governo de Moçambique informou que a parceria de cooperação com o Brasil permanece forte com o governo Dilma Rousseff. Em entrevista à Rádio ONU, o presidente moçambicano, Armando Guebuza, disse que muitas empresas brasileiras se deslocaram para investir no país africano.

Guebuza falou sobre a atuação de companhias brasileiras nas áreas de mineração e de agricultura. Ele também citou a parceria na saúde com a fábrica de antiretrovirais iniciada pelo governo brasileiro.

“O Brasil se torna num parceiro que quer contribuir também não somente a pobreza, mas sobretudo na luta pelo desenvolvimento. Com o atual governo continuamos a trabalhar muito bem. Não são pessimistas com relação à África. Sabem que a África tem muito para dar”, afirmou.

O presidente Armando Guebuza lembrou que além do Brasil, Moçambique tem parcerias sólidas com Portugal, Angola, Timor-Leste e os demais países de língua portuguesa. Guebuza esteve em Nova York, para participar dos debates anuais da Assembleia Geral, na sede das Nações Unidas.

CPLP deve refletir sobre entrada de países não-lusófonos

A CPLP deve analisar, com profundidade, o pedido de adesão de nações que não falam o idioma, para o presidente de Moçambique. Segundo Armando Guebuza, o interesse no bloco é positivo, mas a entrada de países não-lusófonos poderia representar uma mudança nos rumos da Cplp no que diz respeito à identidade do grupo. Os oito membros atuais da organização têm em comum a mesma língua, falada por 245 milhões de pessoas das Américas à Ásia.

Angola

Nesta entrevista exclusiva à Rádio ONU, Armando Guebuza lembrou que ao assumir a presidência rotativa da Cplp, no próximo ano, Moçambique deve dar continuidade ao trabalho que Angola está fazendo à frente da organização. E comentou o interesse de países que não falam português pela CPLP.

“O interesse dos vários países não há dúvidas de que é positivo. Mas se eles entram para uma organização de oito países e daí mais oito de fora, então o problema é termos que saber: será isto que nós queremos? Não se intuirá a nossa identidade nesse mesmo processo? Nós temos que refletir sobre isso. Precisamos de muitas cabeças, infelizmente. Os povos da nossa organização pensam muito sobre aspectos relacionados a isso, mas o certo é que temos que pensar”, afirmou.

Acordo Ortográfico

Ao comentar a identidade lusófona que une os países da CPLP, Guebuza citou o Acordo Ortográfico, que já foi implementado pelo Brasil, e em parte por Portugal. Ele disse que Moçambique está estudando a implementação do tratado. Mas, disse, este é um tema que talvez não diga respeito aos  países que não falam o idioma, mas que se interessam pela CPLP.

“Esses países que pretendem entrar, que interesse terão no acordo ortográfico? Talvez tenham, talvez não. Ou melhor, talvez alguns especialistas na área possam ter. Mas isso é um problema que mexe com todos os países da CPLP. Se vierem os outros, estarão interessados? Será igualmente importante? Veremos. Portanto, aquilo que eu diria essencialmente é: é bom que haja interesse de fora para entrarem para a CPLP. Mostra que a nossa organização é muito importante para eles também. Mas não sei se será igualmente bom que esses outros entrem para a nossa organização, sem por em causa alguns elementos fundamentais que nos unem”, disse.

De acordo com a CPLP, entre os países que estão interessados em participar do bloco estão a Guiné-Equatorial, que já fez do português língua oficial da nação. Além da Guiné, Senegal, Ilhas Maurício, Ucrânia e Austrália manifestaram a vontade de acompanhar os trabalhos do grupo com status de observadores ou membros associados.

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