Da Redação com ONUNews
Em discurso no segundo dia da Cúpula do Futuro, nesta segunda-feira, o presidente de Angola pediu a intensificação da luta para “erradicar a pobreza em todas as suas formas e dimensões”.
João Lourenço afirmou que este é “o maior desafio global do nosso tempo e um requisito indispensável para alcançar o desenvolvimento sustentável”.
O líder angolano fez um apelo por um mundo com oportunidades sejam distribuídas de forma equitativa e por uma reforma financeira que ajude os países em desenvolvimento.
“A República de Angola defende que não é possível construir-se um mundo equilibrado, seguro e sustentável, em que a dignidade e o acesso às oportunidades, sejam um benefício exclusivo de um pequeno grupo de privilegiados, em detrimento da maioria da população mundial. Defendemos igualmente a necessidade de se alcançarem consensos sobre a reforma da arquitetura financeira mundial e da arquitetura da dívida soberana mundial, sendo isso crucial para que tenhamos um sistema financeiro internacional mais justo e capaz de servir também os interesses dos países em desenvolvimento.”.
Segundo ele, não será possível concretizar as ambições comuns para o futuro e “sem colocar as pessoas mais pobres e vulneráveis no centro das ações e garantindo que nenhum ser humano ou país é deixado para trás”.
O líder angolano disse ainda que no domínio da paz e segurança, é necessária a “evolução para uma arquitetura de paz em que o princípio da segurança partilhada seja defendido e protegido por todos de modo que nenhum cidadão, Estado, região ou zona geográfica, se sinta protegida à custa da insegurança de outros”.
Lourenço concluiu seu discurso dizendo que espera que a Cúpula do Futuro contribua para que haja uma maior coordenação na governação econômica global, tendo em vista a redução das desigualdades entre os Estados e a promoção de um desenvolvimento sustentável e sustentado.
Brasil
Na sede da ONU em Nova Iorque neste domingo, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um apelo mais “ousadia e ambição” na reformulação das instituições multilaterais.
Em seu discurso, Lula apontou para as falhas estruturais da governança global e enfatizou que as crises recentes evidenciam as limitações dessas instituições, como o Conselho de Segurança da ONU, cuja legitimidade “encolhe a cada vez que aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”.
Lula avaliou que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos, mas caminham para se tornarem o “maior fracasso coletivo”.
“Não podemos recuar na promoção da igualdade de gêneros, nem na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação. Tampouco podemos voltar a conviver com ameaças nucleares. É inaceitável regredir a um mundo dividido em fronteiras ideológicas ou zonas de influência. Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo.”
Ele lembrou que apenas 17% das metas da Agenda 2030 devem ser atingidas dentro do prazo. E citou pontos que considera importantes do Pacto para o Futuro, adotado na abertura do evento, destacando a forma de lidar com as dívidas dos países em desenvolvimento e tributação internacional.
O presidente do Brasil também citou o Pacto Global Digital, que prevê uma governança inclusiva e que seja mitigado o impacto de novas tecnologias. No entanto, ele afirmou que o mundo ainda carece de “transformações estruturais” para enfrentar os desafios do presente e do futuro.
Para o presidente, a pandemia, os conflitos globais e as mudanças climáticas “escancararam a incapacidade das instâncias multilaterais”. A crítica de Lula ao Conselho de Segurança foi um dos pontos centrais de sua fala.
Ele ressaltou que o órgão, ao “aplicar padrões duplos e se omitir diante de graves violações de direitos, tem sua legitimidade encolhida”. Além disso, ele chamou a atenção para a sub-representação do Sul Global, afirmando que o atual sistema não reflete seu atual papel político, econômico e demográfico.
O presidente finalizou sua fala afirmando que o futuro exige coragem e vontade política para implementar mudanças. Lula enfatizou que o melhor legado a deixar às gerações futuras é uma governança capaz de responder de forma efetiva aos desafios que persistem e aos que surgirão.
Guiné-Bissau
“As decisões que tomamos hoje terá impacto duradouro nas gerações futuras”. A afirmação é do ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades da Guiné-Bissau, Carlos Pinto Pereira. Ele representou o país africano na Cúpula do Futuro neste domingo.
A diplomacia guineense afirmou que o evento é uma plataforma essencial para renovar o compromisso com o multilateralismo e avanço nas metas globais.
Pereira citou desafios de seu país, como pobreza, insegurança alimentar e impacto das mudanças do clima, e destacou a importância do apoio internacional para alcançar as metas.
“Devemos garantir que ninguém seja deixado para trás e que todos os países, independentemente do seu tamanho ou riqueza, tenham uma voz igual nas decisões que afetam o nosso futuro comum. A Guiné-Bissau está comprometida em fazer a sua parte. Estamos a trabalhar arduamente para fortalecer as nossas instituições democráticas, promover a paz e a estabilidade e implementar políticas que promovam o desenvolvimento sustentável. No entanto, reconhecemos que não podemos fazer isso sozinhos. Precisamos de um apoio contínuo da comunidade internacional e das Nações Unidas para alcançar os nossos objetivos.”
Carlos Pinto Pereira destacou a prioridade na educação como base de construção de um futuro equitativo e pediu inclusão de jovens na tomada de decisões para promover o desenvolvimento.
Futuras gerações
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, devem ser adotas políticas que promovam sustentabilidade ambiental, social e econômica para garantir que as novas gerações possam viver num mundo de “paz, prosperidade e justiça”.
No evento que adotou o Pacto do Futuro, que conta com uma Declaração sobre Futuras Gerações, Pereira disse ser imperativa a reforma de governança global, adicionando que o evento deve ser um ponto de virada para implementação de medidas concretas para tornar instituições mais inclusivas, representativas e eficazes sem que ninguém seja esquecido.