OMS alerta para “catástrofe moral” se países mais pobres continuarem sem vacinas

Mundo Lusíada
Com agencias

A iniciativa Covax, lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), prevê distribuir, pelo menos, dois mil milhões de doses até ao final de 2021 por forma a imunizar 20% das pessoas mais vulneráveis em 91 países pobres, principalmente na África, na Ásia e na América Latina.

Apesar do compromisso internacional de financiar o programa Covax, a OMS tem alertado nas últimas semanas para o que considerou ser “uma catástrofe moral” a nível mundial se os países mais pobres continuarem sem acesso a vacinas.

Até à terceira semana de janeiro, de acordo com a OMS, os países mais ricos tinham já vacinado mais de 39 milhões de pessoas, enquanto nos países mais pobres apenas tinham sido administradas 25 doses, em concreto, na Guiné, no caso da Sputnik (russa).

Gestores do Covax anunciaram que esperam entregar as primeiras doses, mas o processo está a ser condicionado pela pressão dos países mais ricos no mercado, com acordos mais lucrativos com os produtores, o que dificulta o acesso dos mais pobres e aumenta os preços.

Também um estudo da International Chambre of Commerce, citado pelo jornal New York Times, indicou que o risco de monopolizar as vacinas para as nações mais ricas pode levar a uma “catástrofe humanitária” com o impacto econômico a sentir-se em todo o mundo.

No dia 22, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que a plataforma COVAX assinou um acordo com a Pfizer-BioNTech para adquirir 40 milhões de vacinas.

A expectativa é que 150 milhões de vacinas AstraZeneca-Oxford estejam disponíveis para distribuição pela plataforma no primeiro trimestre deste ano.

 A diretora regional para África da Organização Mundial de Saúde (OMS), Matshidiso Moeti, alertou para o risco de África ficar para trás no acesso às vacinas, criticando a acumulação de doses nos países ricos.

“É profundamente injusto que os africanos mais vulneráveis sejam forçados a esperar por vacinas enquanto os grupos de menor risco nos países ricos são imunizados”, acrescentou.

Moçambique em Julho
O ministro da Saúde de Moçambique disse que os 70 mil profissionais de saúde do país são um dos grupos prioritários para receber a vacina contra o novo coronavírus, cuja chegada, prevista para julho, o Governo quer antecipar.

“Este grupo tem cerca de 70.000 pessoas que devem ser vacinadas” com o primeiro lote que chegar ao país, referiu Armindo Tiago.

Nas suas últimas projeções, Armindo Tiago tem apontado julho como mês de arranque da inoculação em Moçambique, depois de beneficiar do mecanismo Covax. No entanto, o governante manifestou a intenção de antecipar essa data.

Também o Governo são-tomense anunciou que o Banco Mundial (BM) vai desbloquear seis milhões de dólares (4,9 milhões de euros) para o país comprar vacinas. Além disso, o país aderiu à iniciativa Covax, que integra a Aliança para as Vacinas (GAVI) e a OMS.

A primeira fase de vacinação contra a covid-19 em São Tomé e Príncipe poderá ocorrer entre meados de março e princípios de abril, prevendo-se que numa primeira fase seja vacinada 20% da população.

No Timor em abril
Já o Timor-Leste deverá receber as primeiras vacinas contra a covid-19 no início do segundo trimestre do ano, segundo o responsável da ONU no país.

O coordenador residente da ONU em Timor-Leste, Roy Trivedy, disse à Lusa que o primeiro lote corresponde a cerca de 3% do programa total de vacinação, sendo dirigido essencialmente a funcionários da primeira linha e pessoas mais vulneráveis.

Este lote e um segundo, até 20% do total das necessidades do país e que só chegará mais tarde, serão garantidos através do Covax, fundo multilateral que visa financiar até 20% da vacinação dos países elegíveis.

“Depois, o país terá que comprar ou conseguir apoio de doadores para os restantes 80% que, no caso de Timor-Leste, deverá ocorrer como o apoio do Governo australiano”, disse.

O Governo timorense anunciou que prevê iniciar em maio a vacinação, recorrendo à vacina AstraZeneca, e visando, inicialmente, funcionários do setor da saúde e cidadãos mais vulneráveis.

O Governo timorense criou uma equipe, liderada pela vice-primeira-ministra e ministra da Solidariedade Social, Armanda Berta, para gerir todos os preparativos e a implementação do programa da vacinação.

Timor-Leste tem atualmente 17 casos ativos no país, com um total de 67 casos desde o início da pandemia, dos quais 50 recuperaram.

Macau vacina não residentes
Já Macau deverá iniciar a vacinação contra a covid-19 até final de março, e será gratuita também para estudantes e trabalhadores não-residentes, anunciaram as autoridades no território, que continuam sem precisar uma data para o início.

“Em relação à calendarização, ainda estamos nos trabalhos preparatórios e só temos para avançar a informação de que será no primeiro trimestre”, disseram hoje as autoridades, durante a conferência de imprensa semanal sobre a situação da covid-19 no território.

As vacinas serão gratuitas, incluindo para estudantes e trabalhadores não residentes (TNR), precisaram, não sendo a vacinação obrigatória.

Macau vai receber 400 mil doses de cada uma de três vacinas encomendadas à farmacêutica chinesa Sinopharm, ao laboratório britânico AstraZeneca e à BioNtech/Pfizer, anunciou o Governo do território, em resposta a uma questão do deputado José Pereira Coutinho, divulgada na semana passada.

Numa primeira fase, serão vacinadas as pessoas consideradas prioritárias ou de alto risco, como profissionais de saúde, agentes da polícia, bombeiros, profissionais da aviação e transportes públicos e também trabalhadores do setor da alimentação, além de pessoas que tenham de viajar para zonas endêmicas, segundo o governo.

Macau registrou um caso importado de covid-19 em 22 de janeiro, o primeiro em cerca de sete meses e o 47.º no território desde o início da pandemia. A doente é uma residente de Macau, de 43 anos, que chegou ao território num voo oriundo de Tóquio. Atualmente, encontram-se 1.143 pessoas em quarentena nos hotéis designados para esse efeito.

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