OAB pede mudanças no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Da Redação
Com ABr

Especialistas debatem no Senado. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Especialistas debatem no Senado. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa passa a ser obrigatório no ano que vem, e para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ainda deixa dúvidas na grafia de palavras que ainda não constam no dicionário da língua portuguesa. Para buscar maior clareza, a OAB reúne-se com o governo e com a Academia Brasileira de Letras (ABL) para propor mudanças nas novas regras.

Nesta segunda, dia 16, a OAB e representantes do Itamaraty tiveram discussão sobre o tema com o pessoal da ABL. A intenção é que até setembro sejam consolidadas mudanças para eliminar as brechas na grafia de determinadas palavras. “O acordo ainda não está claro. Queremos fazer algo mais lógico. A língua não é feita para intelectuais. O povo tem que saber grafar. Perde-se muito tempo sendo alfabetizado”, diz o especialista em língua portuguesa e representante da OAB para Assuntos sobre Nova Ortografia, professor Carlos André Nunes.

No Itamaraty, Nunes reuniu-se com o secretário Jorge Tavares, do Departamento do Itamaray para Promoção da Língua Portuguesa. A entidade pediu uma cadeira na Comissão Nacional que acompanha o Tratado Internacional do Acordo Ortográfico. Para tal, deve ainda se reunir, além da ABL, com o Ministério da Educação e novamente com o Itamaraty. Uma reunião com a comissão deverá ser maracada “o mais breve possível” para a discussão técnica de possíveis mudanças.

Uma das principais questões a serem debatidas é o uso do hífen. A tão escrita Lava Jato, que dá nome à operação da Polícia Federal que investiga desvios de recursos na Petrobras, entra no rol das palavras duvidosas. “A imprensa grafa de todas as maneiras, com e sem hífen. O acordo não está claro. Quando duas palavras se juntam e dão origem a uma outra palavra, tem hífen. Mas, segundo a academia, quando perde-se a noção de composição e não se sabe a origem da palavra, como é o caso, não se usa o hífen”, explica Nunes.

Há dúvidas também em palavras usadas no meio jurídico, como hora extra, que pode ser usada com hífen, caso se entenda que é um termo único, ou sem ele, quando se entende o termo como uma hora extraordinária. No último caso, extra é característica da hora.

Outras dúvidas também surgem no uso das letras maiúsculas ou minúsculas, como no caso de país. A OAB vai sugerir que a palavra seja grafada com a letra maiúscula quando se referir a um termo já citado. Por exemplo, se um texto mencionar Brasil e logo em seguida país, escreve-se País. A OAB também não está satisfeita com a eliminação do trema, que segundo a entidade é fundamental para definir a pronúncia de determinadas palavras.

Segundo Nunes, a questão passa a ser competência da OAB na medida em que consta na Constituição Federal, devendo, portanto, ser protegida pela ordem.

O acordo que visa a padronizar as regras ortográficas foi assinado em 1990 com outros países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). No Brasil, o acordo foi ratificado em setembro de 2008 e as novas regras já estão em uso, embora em caráter não obrigatório, desde 1º de janeiro de 2009. Caso as sugestões sejam aceitas, serão levadas aos demais países que integram o acordo: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

A OAB solicitou audiências também com o Senado e a Casa Civil da Presidência da República, e espera que haja posicionamento de ambos quanto ao agendamento até o final desta semana.

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