Ministro diz a atriz portuguesa que ninguém está morrendo de fome em Cabo Verde

Da Redação
Com Lusa

O ministro da Cultura cabo-verdiano, Abraão Vicente, afirmou neste dia 07 que “ninguém está a morrer de fome” no país, numa reação ao pedido de apoio para os cabo-verdianos feito pela atriz portuguesa Rita Pereira, devido à covid-19.

Numa mensagem colocada na sua conta oficial na rede social Facebook, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas dirigiu-se diretamente à atriz portuguesa, agradecendo a “preocupação”.

“Mas quero que saiba que ninguém está a morrer de fome em Cabo Verde. Quero que saiba que ‘fome’ é um tema muito sensível para os cabo-verdianos e agradecíamos que não se tocasse nela assim de forma tão superficial”, afirmou na mensagem, que termina pedindo à atriz para “que retire o vídeo onde diz que há crianças a morrer de fome” no país.

Horas antes, a atriz portuguesa divulgou um vídeo nas redes sociais, afirmando ter sido alertada pelo músico de origem cabo-verdiana Nélson Freitas para os efeitos que a pandemia de covid-19 está a ter no arquipélago.

“Há crianças a morrer de fome, mesmo aqui ao nosso lado, num país para onde os portugueses vão de férias, ser felizes e aproveitarem aquelas praias incríveis. Eu sei que há muitas pessoas em Portugal também a passar por isto, mas também há muitos cabo-verdianos a viver aqui. Se vocês puderem ajudar podemos fazer a diferença”, disse a atriz, no vídeo.

Numa alusão ao período colonial português, o ministro reagiu com a história do país: “Caso não saiba, Cabo Verde, ao longo da sua história, passou, de fato, por vários ciclos de fome e morte. Ficamos marcados pela perda e pelo desaparecimento de famílias e gerações”, afirmou.

Recordou que “entre os anos de 1854-56 cerca de 25% da população do arquipélago morreu, também devido à fome”, que “as fomes de 1941-43 e 1947-48, mataram cerca de 45.000 pessoas” e que de 1946 a 1948 só a ilha de Santiago perdeu 65% de sua população “quer pela fome, quer pela emigração em massa”, nomeadamente para S. Tomé e Príncipe.

“É certo que ainda temos pobreza, temos famílias que precisam de auxílio do Estado e da comunidade mas podemos dizer taxativamente que após a independência de Cabo Verde (1975), graças a um esforço coletivo do nosso povo, dos nossos emigrantes e dos nossos parceiros internacionais conseguimos erradicar essa fome que mata crianças e velhos e que deixa cicatrizes na pele da nação”, retorquiu, dirigindo-se à atriz portuguesa.

As ilhas de Santiago (Praia) e Boa Vista, as únicas com casos ativos da doença em Cabo Verde, permanecem em estado de emergência (desde 29 de março) até às 24:00 de 14 de maio, com a população obrigada ao recolhimento em casa e as empresas fechadas.

As restantes seis ilhas sem casos de covid-19 deixaram o estado de emergência em 27 de abril, e a ilha de São Vicente no dia 03 de maio.

Cabo Verde registou nesta quinta-feira mais cinco casos de infecção pelo novo coronavírus, todos na cidade da Praia, elevando para 191 no país, de acordo com a atualização oficial feita pelas autoridades de saúde.

Na mesma atualização, registra-se também mais uma doente recuperada, totalizando agora 38 em todo o arquipélago.

A nova doente recuperada, na ilha de São Vicente, é uma paciente de nacionalidade chinesa, que estava internada há mais de um mês, mas que teve alta após dois testes negativos para a covid-19.

Com estes novos dados, Cabo Verde passa a registar casos diagnosticados de covid-19 distribuídos pelas ilhas de Santiago (132), Boa Vista (56) e São Vicente (03). Contudo, em São Vicente, não há qualquer caso ativo neste momento.

Em todo o país, duas pessoas acabaram por morrer, na Praia e na Boa Vista, e dois turistas estrangeiros, também infectados, regressaram aos países de origem, totalizando por isso 149 casos ativos em Cabo Verde.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infetou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

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