Lusófonos africanos revelam desafios na educação em novo relatório da Unesco

Da Redação

unesco-headquartersUm novo relatório sobre educação para todos nos últimos 15 anos destaca que somente metade dos países da África Subsaariana tem os professores formados. As mulheres da região são igualmente mencionadas no documento Educação para Todos 2000-2015: Realizações e Desafios, porque metade delas não tem alfabetização básica. O estudo foi lançado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.

Entre os lusófonos africanos, Angola é referido por ter oferecido oportunidades de educação para mães adolescentes. Mas o país é citado como  exemplo de disparidades de gênero na educação primária, por ter passado de 76 meninas para cada 100 meninos em 1999, para 65 em 2012.

Cabo Verde está também entre as nações que registraram um progresso lento para eliminar o desequilíbrio na paridade de gênero, um problema comum na África Subsaariana. Entretanto, os cabo-verdianos tiveram  uma subida no número de passagens para o ensino secundário. Em 1990,  40% dos alunos foram formados no ensino primário e nove anos depois a percentagem subiu para cerca de 70% .

Professores da Guiné-Bissau

A Guiné-Bissau é um dos exemplos onde o rácio de alunos por professores formados é superior a 100: 1. No país, os docentes do ensino primário treinados de acordo com as normas nacionais rondam 39%. Os professores formados continuam em falta num terço dos países da África Subsaariana.

Os salários têm um impacto direto sobre a atratividade e prestígio do ensino, refere o relatório que cita que professores guineenses não ganham o suficiente para que as famílias saiam da linha de pobreza.

Aumento em Moçambique

Moçambique é mencionado no relatório pelo aumento da população em idade escolar em 50% ou mais entre 1999 e 2012. O país baixou as disparidades de gênero no acesso à educação. Na África Subsaariana, um em cada três adolescentes em países de baixa renda não vai concluir o ensino secundário inferior em 2015.

Em São Tomé e Príncipe, 52% de meninas foram matriculadas no ensino primário até 2012. O país está na posição 90 no Índice de Desenvolvimento de Educação, uma posição acima do Timor-Leste.

Na lista, Portugal é o lusófono melhor posicionado em 33º lugar. Angola ocupa a posição 104, com  Moçambique no lugar seguinte.

Global

O relatório sobre Monitoramento Global da Educação para Todos mostrou que apenas 33% dos países conseguiram atingir as metas sobre o setor estipuladas em 2000 e que deveriam ser cumpridas até 2015.

O documento diz ainda que apenas metade das nações conseguiu alcançar o principal objetivo de novas matrículas na escola primária. Isso significa que quase 100 milhões de crianças não vão finalizar o ensino primário em 2015. Mas, ao mesmo tempo, a Unesco cita um importante progresso. Segundo a agência, comparado a 1999, mais 50 milhões de crianças frequentam atualmente a escola.

A redução em 50% do analfabetismo entre adultos comparados aos índices de 2000 só vai ser alcançada por 25% dos países. Já a paridade de gênero teve um desempenho melhor, com 69%. O documento mostra que o casamento infantil e a gravidez precoce continuam impedindo o progresso das meninas na educação.

Segundo os especialistas, serão necessários mais US$ 22 bilhões ao ano, o equivalente a R$ 68 bilhões, em contribuições dos governos para que as novas metas de educação sejam alcançadas, agora com um novo prazo, até 2030.

Brasil

Na lista preparada pela organização, os cinco países com os melhores resultados são: Reino Unido, Japão, Noruega, Suíça e Finlândia. Cuba teve o melhor desempenho entre os países das Américas, ficando em 28º lugar, à frente dos Estados Unidos, que ficou na 36ª posição.

O Brasil não aparece na lista por não ter enviado todas as informações necessárias, mas o relatório cita o país em vários setores. Segundo a Unesco, entre 1995 e 2004 o Brasil tinha 89% da população acima dos 15 anos alfabetizada. Esse índice subiu para 91% entre 2005 e 2012 e deve atingir 93% neste ano.

O relatório mostra que no grupo entre 15 e 24 anos, o índice de alfabetização é muito maior, chegou a 99%. Essa é a mesma taxa alcançada em relação à vacinação de crianças com menos de 1 ano contra pólio, sarampo, hepatite e a BCG, para combater a tuberculose.

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