Lisboa comemora 10 anos da Transferência da Administração Portuguesa de Macau

O presidente citou dias duas "excelentes oportunidades" para afirmar o relançamento da presença lusa no Oriente. Em 2010, acontece a Exposição Universal de Xangai, em que Portugal estará presente, e no ano seguinte, será assinalado o Ano de Portugal na China.

Da Redação

Luís Catarino/Presidência da República

Numa iniciativa e organização conjunta da Fundação Jorge Álvares, Instituto do Oriente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa e da Sociedade de Geografia de Lisboa, com o patrocínio da Presidência da República e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, aconteceu em Portugal, no último mês de dezembro, um conjunto de eventos destinados a assinalar o 10º aniversário da transferência da Administração Portuguesa de Macau para a República Popular da China.

Foi em 19 de dezembro que convidados estiveram reunidos para uma sessão solene sobre o 10º aniversário da transferência da Administração Portuguesa de Macau, hoje território chinês. Ocorrida na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, a sessão contou com uma intervenção do presidente português Cavaco Silva.

A iniciativa contou com o Alto Patrocínio da Presidência da República, num gesto de reconhecimento perante a dimensão histórica de um processo de transição "cujo sucesso engrandeceu o nome do nosso País" afirmou Cavaco Silva em sua intervenção.

"No dia 20 de Dezembro de 1999, Portugal punha termo, de forma digna, em paz consigo e com a sua História, ao ciclo imperial que perdurara por mais de metade da sua vida de Nação multissecular. Todos sabemos como era importante que assim fosse, até para que melhor pudéssemos reconciliar-nos com um período que tantos traumas nos deixara. A Administração Portuguesa deixava o Território justificadamente orgulhosa de um legado notável, assente numa organização administrativa capaz e respeitada e num corpo legislativo sólido e abrangente, em harmonia com as garantias que haviam sido dadas aos habitantes de Macau e com as expectativas que lhes haviam sido criadas" disse o presidente.

A ação, segundo Cavaco Silva, também priorizava uma visão estratégica, na altura em que reconheceu o potencial de Macau como plataforma privilegiada no quadro da política de abertura ao mundo que a China havia iniciado, e como fator de aproximação entre Portugal e a China.Uma proximidade que se refletiu num relacionamento cada vez mais aprofundado, segundo ele, citando o estabelecimento, em 2005, de uma Parceria Estratégica entre os dois países.

"A concretização deste último objectivo – fazer de Macau um factor de aproximação entre Portugal e a China – ficou a dever-se não apenas ao modo como se afirmou a presença portuguesa em Macau, mas também ao clima de respeito e amizade que caracterizou o processo negocial, fruto de uma preocupação, partilhada pelos dois Estados, em garantir as soluções que assegurassem o melhor futuro para o Território e para as suas gentes. E assim, caso raríssimo e exemplar, dois países, Portugal e a China, chamados a resolver uma questão bilateral complexa e delicada, de grande sensibilidade para ambos, concluíram-na muito mais próximos um do outro do que quando lhe haviam dado início".

Cavaco Silva ainda citou as "características próprias" do território de Macau, que o distinguem do resto da China a que pertence, um resultado da "marca que ali deixou a secular presença portuguesa". "Essas características conferem-lhe uma vocação natural para funcionar como plataforma no relacionamento da China com os países de língua oficial portuguesa" defendeu, citando ainda que o país tem apostado no território para o reforço dos seus laços comerciais com os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Mas o presidente português também citou que ainda "temos muito a fazer" com relação a presença lusa no Oriente. Neste sentido, citou o reforço da presença econômica portuguesa na região, no investimento de uma presença cultural revigorada, além da promoção turismo e intercâmbio entre instituições acadêmicas, culturais, desportivas e de pesquisa.

"O dinamismo económico e o progresso social de Macau são evidências que todos reconhecem, fruto de um clima de confiança no futuro que muito deve às condições que o processo de transição permitiu criar. E o nosso relacionamento com a China apresenta, nos dias de hoje, uma proximidade muito superior à que se registava antes da transição" afirmou.

Ao final, o presidente citou ainda duas "excelentes oportunidades" para afirmar o relançamento da presença lusa no Oriente. Em 2010, acontece a Exposição Universal de Xangai, em que Portugal estará presente, e no ano seguinte, será assinalado o Ano de Portugal na China.

Na altura, o presidente ainda inaugurou a exposição “Macau: Encontro de Culturas”, organizada pela Fundação Jorge Álvares, Casa de Macau de Lisboa, Centro Nacional de Cultura, Fundação Casa de Macau, Instituto Internacional de Macau e Sociedade de Geografia de Lisboa. A exposição aborda de uma forma sintética a história da presença portuguesa em Macau e a harmoniosa simbiose de culturas que a mesma encerra, desde os primórdios de Macau às instituições portuguesas que se mantêm na Região Administrativa Especial de Macau, do património cultural com influências distintas à coexistência religiosa, do Estatuto Orgânico de Macau à organização judiciária da RAEM. A exposição esteve patente até 6 de Janeiro.

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