Líder da CPLP diz que bloco deve investir mais em comércio e negócios

Secretário-executivo está desenvolvendo propostas para aumentar a circulação de empresários dentro dos oito países que falam português. Para o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal o Acordo Ortográfico da língua portuguesa não é “certamente a única maneira de desenvolver o português.”

 

Mundo Lusíada
Com Rádio ONU

CPLP_LinguaPortuguesaA Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, deve avançar mais na área comercial e explorar o potencial de negócios dos oito países do bloco. A proposta é do secretário-executivo da Cplp, Murade Murargy.

AEle esteve em Nova York para acompanhar os debates dos líderes mundiais na Assembleia Geral. Nesta entrevista à Rádio ONU, Murade Murargy disse que a Cplp precisa inaugurar um espaço de livre circulação para empresários e homens de negócios dos oito países lusófonos.

“O que nós queremos é criar uma comunidade de povos, de Estados, de cidadãos em que eles possam movimentar-se mesmo a nível de negócios. Os negócios bilaterais estão acontecendo, mas é preciso criar um espaço em que os homens de negócios possam circular livremente, fazer seus negócios que vão contribuir, de certo modo, para o fortalecimento econômico de nossos países. Isso é o que nós queremos.”

Os oito países-membros da Cplp participam de vários blocos regionais em todos os continentes. Para Murade Murargy, a cooperação deve ocorrer também entre os blocos regionais usando os membros da Cplp como ponte para o comércio.

“Cada um de nossos países estão em blocos regionais distintos. Moçambique e Angola estão na Sadc, na Cedeao estão Cabo Verde e Guiné-Bissau. Portugal está na União Europeia. E são grandes mercados. E se um investimento dos nossos países, em Moçambique ou em Angola, tem um mercado vasto que é a Sadc, onde os produtos entram. A partir daí, nós podemos exportar.”

Entre os mercados regionais dos quais os países-membros da Cplp participam está também o Mercosul, com a presença do Brasil.

Acordo Ortográfico
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal o Acordo Ortográfico da língua portuguesa não é “certamente a única maneira de desenvolver o português.”

Segundo Rui Machete, tem havido “alguma dificuldade em conseguir realizar o projeto” da reforma ortográfica como prevista no acordo elaborado em 1990. Rui Machete comparou a situação das duas ortografias da língua portuguesa com a do inglês, também falado em vários continentes.

“Não é certamente a única maneira de desenvolver a língua. Recorde, por exemplo, que o inglês falado na América ou falado na Inglaterra ou falado na Nova Zelândia ou na Austrália não tem acordos ortográficos, embora os escritores vão cuidando disso. Nós temos tido alguma dificuldade em conseguir realizar o projeto que se tinha do Acordo Ortográfico ser tão vital para o desenvolvimento da língua. Eu acho que é bom haver algumas regras básicas mínimas, mas para isso temos que deixar a língua fluir. E portanto nesta matéria, teremos de após alguns anos observar e ver se não temos que fazer algumas pequenas alterações. Mas isso, eu não sou especialista, há que estudar. Há que ter um espírito aberto. A finalidade básica expandir a língua portuguesa, a literatura portuguesa, as suas manifestações culturais”.

O Acordo Ortográfico foi endossado como braço técnico da proposta de internacionalização da língua portuguesa em 2008. A decisão foi anunciada na cimeira de chefes de Estado e Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Um ano depois, o Brasil implementou, voluntariamente, o acordo sendo seguido por Portugal. A entrada em vigor, nos dois países, no entanto, que deveria ocorrer em 2013, foi adiada para 2016.

Criada, em 1996, a Cplp reúne atualmente todos os países que falam a língua portuguesa, além de nações que têm interesse na cooperação com o bloco como membros-associados incluindo o Senegal e Ilhas Maurício.

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