Jovens macaenses reforçaram identidade portuguesa

Jovens macaenses reforçaram identidade portuguesa A segunda edição do “Dia do Oriente” marcou mais uma vez os jovens participantes do Encontro Mundial, que se mostraram surpreendidos com Macau como desenvolvido centro e plataforma privilegiada de intercâmbio entre o Oriente e o Ocidente na Ásia Vitório Cardoso | De Lisboa Cerca de meia centena de jovens portugueses oriundos dos cinco Continentes começaram por homenagear Luís de Camões e Vasco da Gama, no dia temático do Encontro Mundial dedicado à presença portuguesa no Oriente. A cerimónia teve lugar no Mosteiro dos Jerónimos e contou com a deposição de uma coroa de flores pelo Conselho Nacional de Juventude. Este programa, organizado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), visou proporcionar aos jovens de diversas comunidades portuguesas espalhadas no mundo a percepção da existência de uma forte dinâmica da presença portuguesa na Ásia, com o centro em Macau, servindo a RAEM de plataforma de intercâmbio entre os mundos lusófonos, ocidentais e orientais. Após breve evocação ao poeta e ao navegador, ambos ligados à epopeia portuguesa, o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolheu o Encontro, com uma visita ao museu e uma palestra subordinado ao tema da presença portuguesa no Oriente e Macau como ponte de ligação ao mundo, por Isabel Correia do CCCM, com umas palavras introdutórias de Jorge Rangel, presidente do IIM. No final das apresentações e da visita ao Museu de Macau, os jovens presentes revelaram ao JTM que tinham a ideia de uma Macau muito chinesa, pouco desenvolvida, e com poucas marcas portuguesas, tendo acabado por descobrir que é uma Região onde o português é Língua Oficial e onde a modernidade impera a par das enraizadas tradições e património cultural português, o que constitui uma “boa razão” para se visitar Macau. Ernesto de Sousa, estudante de Estudos Portugueses da Universidade de Macau, comentou que este “Dia do Oriente” proporcionou aos outros jovens portugueses e luso-descendentes da Europa, Américas e África uma outra perspectiva do mundo, demonstrando que a Ásia tem uma personalidade própria e que, afinal de contas, o facto de se ter uma fisionomia oriental não quer dizer, de imediato, que não se possa ser português. À margem do Encontro, Ernesto de Sousa, grupo de Teatro da UMAC, confessou que até teve dificuldades em traduzir a palavra luso-descendente para chinês, quando estava a justificar as faltas que iria dar durante a estadia de 12 dias em Lisboa, pois na tradução directa significaria que apenas os antepassados eram portugueses e que hoje já não era português. A “sorte” conforme afirmou, foi que “a Língua Portuguesa ainda é oficial em Macau, de modo que desisti de justificar a falta em chinês, decidindo fazê-lo em português. Nesta viagem pelo mundo das memórias do Oriente português, os jovens visitaram as Salas da Índia, dos Padrões e de Portugal, da Sociedade de Geografia de Lisboa, instituição do século XIX criada para os estudos dos assuntos ligados aos territórios ultramarinos. Durante a visita guiada, foram várias as questões colocadas por alguns jovens universitários luso-descendentes sobre a expansão portuguesa e o modo de acesso aos arquivos da SGL, para futuros estudos de investigação, visto que a SGL é a instituição que detém completos documentos sobre a história ultramarina portuguesa. Deixando a Sociedade de Geografia de Lisboa, paredes meias com o Coliseu dos Recreios, nos Restauradores, os jovens participantes prosseguiram pela Rua das Portas de Santo Antão, até ao Palácio da Independência, sede da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, para assistirem à conferência de Adriano Moreira, retratando o tema de “Portugal no Mundo”, inserido no ciclo de conferências da SHIP. Jorge Rangel, na qualidade de presidente da direcção central da SHIP, inaugurou este ciclo de conferências, perante o Secretário de Estado da Defesa, recordando os desafios de Portugal, e a presença dos jovens do V Encontro Mundial de Luso-Descendentes. Para Adriano Moreira, neste tempo de tão falada crise em Portugal, as comunidades portuguesas existentes nos cinco continentes constituem uma das grandes valias de Portugal, defendendo ainda que o país e as suas Comunidades devem ter uma relação mais estreita, para a construção de um melhor Portugal. O “Dia do Oriente” patrocinado pela Fundação Jorge Álvares, não visou apenas visitas a museus e sessões de palestras, mas também contou com um sarau cultural da “Noite do Oriente”, durante o jantar recepção que teve lugar no pátio interior do Palácio da Independência. O Grupo de Canto Coral de Damão e Diu, dirigido pelo padre António Colimão, trouxe até ao sarau canções tradicionais de Damão, Diu, Malaca, Macau e Brasil. Nalgumas músicas em patuá, os jovens de Macau puderam acompanhar o coro, o mesmo acontecendo com os jovens da América Latina e com as canções brasileiras, que foram aproveitadas para dar um pezinho de dança. Numa atmosfera de misticismo oriental, os jovens europeus e norte-americanos ficaram encantados com a tamanha diversidade cultural portuguesa pelo Oriente, dado que para muitos foi a primeira vez que tiveram contacto com a cultura portuguesa do Oriente. Evocando Vasco da Gama, o navegador português que trilhou a rota marítima das Índias, os festejos do “Dia do Oriente” culminaram com uma dança tradicional goesa, do grupo Suryá, trajado a rigor, lembrando as especificidades culturais da outrora Índia Portuguesa. Na “Noite do Oriente”, estiveram presentes representantes das Secretarias de Estado da Juventude, das Comunidades Portuguesas, deputados pelo círculo da emigração da Europa e Fora da Europa, respectivamente Carlos Gonçalves e José Cesário, e a presidente do Conselho Nacional de Juventude, Carla Mouro, entre outros. Tribuna de Macau

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