Guterres: “Moçambique tem autoridade moral inegável” para pedir apoio internacional

Da Redação

O secretário-geral das Nações Unidas disse esta quinta-feira, em Maputo, que “Moçambique tem autoridade moral inegável” para pedir apoio da comunidade internacional depois dos ciclones que atingiram o país em março e abril.

António Guterres falava aos jornalistas no final de um encontro com o presidente moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi, e vários membros do governo.

O chefe da ONU afirmou que “Moçambique praticamente não contribui para o aquecimento global, mas está na primeira linha das vítimas desse mesmo aquecimento global.”

“Isso dá-lhe o direito de exigir da comunidade internacional uma forte solidariedade e um forte apoio quer na resposta aos dramas criados pelas tempestades que assolam o país, quer na preparação do país, na reconstrução e preparação do país para as situações futuras.”

Guterres chegou ao país esta quinta-feira para uma visita de dois dias. Depois de Maputo, parte para a cidade da Beira para visitar as áreas afetadas pelo ciclone Idai.

Para o representante, visitar Moçambique “é uma questão do coração”. Ele já esteve no país no exercício de todas as funções oficiais que já teve, primeiro-ministro de Portugal, presidente da Internacional Socialista, alto comissário para os Refugiados e agora como secretário-geral das Nações Unidas.

Primeira Hora
O chefe da ONU disse que “as Nações Unidas estiveram sempre com o povo moçambicano, é verdade, dessa a primeira hora.”

“As agências das Nações Unidas encararam Moçambique como uma prioridade absoluta nesse momento, mobilizando o que de melhor tinham para poder estar ao lado do povo moçambicano e contribuir para aquilo que foi uma mobilização muito eficaz do governo e uma coragem extraordinária do povo. Uma resposta extraordinária.”

Guterres lembrou o apelo humanitário das Nações Unidas, de US$ 280 milhões, dizendo que “esteve longe de ser inteiramente cumprido.” Também recordou que na conferência de doadores de maio, na cidade da Beira, o Estado moçambicano solicitou US$ 3,2 mil milhões e foram prometidos US$ 1,2 mil milhões.

“É evidente que vai ser preciso mais, vai ser preciso mais ajuda, mais apoio da comunidade internacional a Moçambique para poder responder efetivamente. E não apenas mais apoio, mas a concretização rápida dos apoios prometidos. E essa é uma outra questão decisiva em relação à solidariedade da comunidade internacional. É preciso não apenas apoiar, mas apoiar a tempo.”

Presidente
Por sua vez, o presidente Filipe Jacinto Nyusi disse que a organização “foi a primeira pessoa e instituição a juntar-se aos moçambicanos, mobilizando a assistência”. O representante declarou que os apoios que o país recebeu foram “resultantes dos apelos que o secretário-geral fazia pessoalmente, mas também como instituição”.

Nyusi afirmou que Guterres acompanhou todo o processo “pessoalmente”. Durante a conferência internacional de doadores, “encorajou e mobilizou mais energias para compreender o que era preciso fazer.”

Nyusi destacou o trabalho de agência da ONU e disse que estas “trabalharam no sentido de salvar mais vidas e mitigar o sofrimento dos moçambicanos”.

Segundo o chefe de Estado moçambicano, o processo de paz também foi discutido durante o encontro. Nyusi explicou “os passos que estão a ser dar no dossier da paz”, que considerou “o primado principal do povo moçambicano.”

O líder moçambicano exprimiu ainda a intenção de que antes de outubro, data das eleições presidenciais, “não haja partidos armados e todos possam celebrar a festa da democracia sem receio e sem medo.”

Guterres chegou a Maputo por volta das 13 horas locais, sendo recebido por autoridades do país, uma parada militar, danças tradicionais e crianças que lhe entregaram flores.

Depois de um encontro com os chefes de agências da ONU que fizeram um balanço da situação no país, o secretário-geral manteve o encontro com o presidente e os membros do Governo de Moçambique.

Guterres participou depois em um encontro sobre proteção de crianças com albinismo e terminou o dia com um jantar de Estado oferecido pelo presidente Nyusi.

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