Grupo português firma parceria de intercâmbio com universidade brasileira

Para Dr. Rui Albuquerque, há no Brasil uma enorme lacuna na área de Relações Internacionais. “Este é um campo vasto de oportunidades, não só para alunos como para professores. Nós temos uma experiência muito forte na Europa de intercâmbio de alunos nos vários países da UE”.

Por Vanessa Sene

Mundo Lusíada

CEO do Grupo Lusófona no Brasil, Dr. Rui Albuquerque e profa. mestra Alexandra Alves.

Imagine começar um curso universitário no Brasil, e continuar este mesmo curso em Angola, e por fim, concluí-lo em Portugal. É o que propõe o Grupo Lusófona, uma entidade portuguesa responsável pela gestão de diversas universidades e também instituições de ensino não-superior, em países da África lusófona, Brasil e Portugal.

A instituição portuguesa acaba de fechar mais uma parceria no Brasil, desta vez com a Universidade Bandeirantes (Uniban), na qual oferecerá sobretudo mobilidade aos seus alunos e docentes, além de cursos inéditos no país, como Negócios em Língua Portuguesa e Negócios na União Europeia.

O Grupo Lusófona divulga ser o maior grupo universitário de língua portuguesa do mundo. E a nova parceria veio reforçar sua oferta. “Somos um grupo com origem em Portugal, onde somos um dos maiores grupos de ensino superior. E estamos presentes em três continentes: Europa (Portugal), África (Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné), e no Brasil. Essa nossa aproximação veio dar mais dimensão ao projeto que já temos”.

Segundo o CEO do Grupo Lusófona no Brasil, Dr. Rui Albuquerque, o intercâmbio entre os novos alunos brasileiros e portugueses ainda está sendo estudado. “Este é um campo vasto de oportunidades, não só para alunos como para professores. Nós temos uma experiência muito forte na Europa de intercâmbio de alunos nos vários países da UE. É um pouco do que faremos neste convênio, permitir que alunos possam frequentar módulos nas nossas universidades na África e em Portugal. E fazer também o contrário, permitir que nossos alunos possam vir estudar para cá”.

Apesar das diferenças, o diretor do grupo conclui que há muitas experiências positivas e semelhantes nestas regiões tão distantes e tão próximas. “Nos países africanos de expressão portuguesa, o sistema de ensino onde começamos a trabalhar, e há lugares que começamos há muito tempo como Moçambique onde estamos há 15 anos, ainda estava muito no começo com suas independências recentes. Podemos falar ainda hoje de um ensino angolano e moçambicano em formação. Agora, se quisermos comparar realidades com tradição, comparamos o ensino brasileiro com o português. Eu acho que há grandes semelhanças entre um e outro”.

Para Dr. Rui, há no Brasil uma enorme lacuna na área de Relações Internacionais, o que explica a aposta do grupo educacional nos novos cursos. Na sua visão, a experiência mal sucedida com o Mercosul é uma explicação, ja que é um projeto que não caminhou “como se esperava”. Ao contrário de Portugal, que tem uma presença forte na União Europeia e dá muita importância à internacionalização. Segundo ele, a entrada no bloco transformou completamente o país.

“Um empresário brasileiro que quer fazer negócio na Bélgica ou Portugal consulta um advogado. Os advogados no Brasil não têm formação em matéria de Direito Internacional. Os advogados brasileiros por vezes tem que contatar e contratar advogados europeus para saber como faz. Quando era mais simples fazer o contrário, virmos aqui com a colaboração das universidades brasileiras e explicar como fazem negócios no espaço da UE, que é um mundo enorme de 27 países, para o qual o Brasil devia olhar com mais atenção” defende.

Segundo Dr. Rui, a experiência que se iniciou na Europa desde 1999 acabaram com as fronteiras que existiram durante séculos, permitindo nos dias de hoje uma circulação livre entre os países sem necessidade de passaporte. “É uma lição de liberdade completamente inovadora”.

O Intercâmbio

De acordo com Dr. Albuquerque, a parceria entre o grupo brasileiro e o português se deu naturalmente. “Foi uma iniciativa mais ou menos em comum. Já conheciamos o grupo Uniban, ele já conhecia a nós”.

Apesar de ser primeiramente voltado aos alunos, o acordo também poderá englobar os professores universitários para a área da Pesquisa, Mestrado e Doutorado. “É também uma linha que estamos pensando em desenvolver” afirmou Albuquerque.

Sendo aluno ou professor, a ideia do acordo luso-brasileiro é a mobilidade dentro do espaço das universidades parceiras do Grupo Lusófono. O que difere a parceria é justamente poder continuar um curso em outro país, já que a transferência em si de uma universidade para outra existe em qualquer instituição. “Nós podemos ter um aluno que comece aqui um curso, vá fazer um semestre em Portugal, e depois resolva fazer um semestre na África. A ideia é essa, pessoas que circulem dentro do espaço acadêmico”.

Em um programa interno do grupo, houve caso em que um aluno brasileiro foi apenas para estudar, mas resolver ficar por Portugal, onde reside até hoje. “Agora só falta casar, mas isso não está no nosso programa” brinca Dr. Rui.

Para a coordenadora acadêmica do Instituto de Comunicação e Artes da Uniban, profa. mestra Alexandra Alves, a iniciativa é vista com “o melhor dos olhos”. “É uma perspectiva de expansão acima de tudo, de uma profissionalização dos nossos alunos, identificando um aumento da Pesquisa, da Extensão, de professores que contribuam para o desenvolvimento do país e também ao desenvolvimento mútuo com estes países irmãos”.

O Dr. Rui Albuquerque esteve presente no Campus Marte da Uniban, na noite de 16 de maio, para participar do seminário “Porto-Brasil”, organizado por alunos de Comunicação Institucional da instituição, apresentando as vantagens desta parceria e as semelhanças nos modelos de ensino da Europa e África.

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