Empresa angolana quer indenização de 6 bilhões de dólares do Estado português

Da Redação
Com Lusa

Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e presidente angolano, no palácio presidencial durante sua visita oficial a Angola, 17 Novembro. Foto: BRUNO FONSECA/LUSA
Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e presidente angolano, no palácio presidencial durante sua visita oficial a Angola, 17 Novembro. Foto: BRUNO FONSECA/LUSA

A empresa nacional de diamantes angolana (Endiama) exige ao Estado português e a duas empresas públicas nacionais uma indenização de seis bilhões de dólares, no diferendo que opõe a concessionária angolana à portuguesa SPE.

Em causa, segundo um documento da empresa a que a Lusa teve acesso, está a queixa formalizada este mês pela concessionária da atividade diamantífera em Angola junto do Tribunal Provincial de Luanda, responsabilizando a estatal Sociedade Portuguesa de Empreendimentos (SPE) pela falência técnica e financeira da Sociedade Mineira do Lucapa, no interior norte, exigindo ser ressarcida dos danos.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da administração da Endiama limitou-se a confirmar que “há um pedido indenização”, sem avançar com mais pormenores, alegando que o processo está a correr nos tribunais.

Além do Estado português (por tutelar a empresa) e da SPE, também a Parpública (detém 81% do capital social da SPE) é alvo do pedido de indenização, equivalente a 5,2 bilhões de euros, alegando a Endiama – no documento a que a Lusa teve acesso – que não foram mobilizados os investimentos necessários para o projeto da exploração diamantífera, nem disponibilizados conhecimentos e tecnologia, a formação de quadros angolanos no âmbito da parceria ou indenizados os cerca de 1.200 trabalhadores (à data de 2011) da mina.

Na origem deste caso está o litígio anterior que opõe a SPE à Endiama, por esta ter avançado em novembro de 2011 com o encerramento da exploração diamantífera do Lucapa, alegando incumprimento contratual da empresa portuguesa, que então detinha 49% da sociedade que explora a mina.

Os restantes 51% pertencem à Endiama, que, a 06 de dezembro de 2011, anunciou a passagem dos direitos de exploração anteriormente atribuídos à SPE à Sociedade Mineira Kassypal, uma unidade da “holding” angolana Grupo António Mosquito.

A SPE avançou para os tribunais, contestando a revogação da licença de exploração que a tornava parceira da Endiama, mas em setembro último o ministro da Geologia e Minas de Angola, Francisco Queiroz, mostrou-se convicto da resolução extrajudicial deste conflito.

“O sentimento que tenho neste momento é que isso vai acabar na mesa das negociações”, disse o ministro, em entrevista exclusiva à agência Lusa, em Luanda.

No processo agora movido contra a SPE – que coloca as duas empresas públicas com ações judiciais e pedidos de indenização sobre a mesma matéria -, a Endiama refere que foi a parte portuguesa que levou à paralisação da Sociedade Mineira de Lucapa, pela falta de investimento, vivendo então (até 2011) greves constantes, operando com equipamentos obsoletos, esgotando as reservas de diamantes e dívidas a rondar os 90 milhões de dólares (79 milhões de euros).

“Processo com o Estado é melhor negociar. Porque o Estado é perene, está aqui para sempre. E os investidores precisam do Estado, não vale a pena criar clivagens, criar conflitos e hostilizar o Estado, onde se tem necessidade de investir”, afirmou, na entrevista de setembro, à Lusa, o ministro angolano Francisco Queiroz.

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