Em visita oficial, especialistas brasileiros formam técnicos em aquicultura em Angola

Mundo Lusíada
Com agencias

O ministro da Pesca Eduardo Lopes, não desistiu até apanhar uma tilápia utilizando apenas a mão como isca, no Centro de Larvicultura de Massagano.
O ministro da Pesca Eduardo Lopes, não desistiu até apanhar uma tilápia utilizando apenas a mão como isca, no Centro de Larvicultura de Massagano.

Especialistas brasileiros estão formando, na província angolana do Cuanza Norte, os primeiros técnicos angolanos na área da produção de peixe de aquicultura, que serão responsáveis pela posterior implementação de projetos do gênero em todo o país.

A informação foi revelada durante uma visita que o ministro da Pesca e Aquicultura do Brasil, Eduardo Lopes, faz em Angola, para conhecer a implementação da política nacional do setor. “Angola está num projeto de desenvolvimento da aquicultura e piscicultura de forma realmente inteligente. Encontramos aqui os técnicos brasileiros que estão a formar aqueles que serão os multiplicadores e que vão partir para Angola toda, trazendo o crescimento desejado pelo país”, declarou Eduardo Lopes.

O ministro falou durante uma visita ao Centro de Larvicultura de Massangano, no Dondo, Cuanza Norte, inserida no programa oficial da visita da comitiva brasileira que se estende até 20 de novembro.

De acordo com Eduardo Lopes, o Brasil “olha com bons olhos para o setor da aquicultura e pescas de Angola”, tendo em conta o “grande potencial” do país, mas que “à semelhança do próprio Brasil pode ser muito melhor desenvolvido”.

“A Angola assim como o Brasil tem enorme potencial para alavancar sua produção interna. Aqui, temos o papel importante de fortalecer a cooperação sul sul. E é o que estamos concretizando com a transferência de tecnologia em cursos de capacitação”, destaca o ministro.

Serão 4 semanas de curso, sendo 5 dias em cada uma das 4 províncias contempladas. As aulas voltadas para técnicos em produção animal e nível superior tratam desde a seleção de áreas, a construção de instalações para produção, produção de alevinos, manejo, engorda dos peixes, controle de qualidade da água e sanitário, alimentação, processamento do pescado até a comercialização. “O sucesso desses cursos tem sido tão grande que o número de participantes dobrou. A estimativa é de que a capacitação atingisse 100 alunos. Devemos chegar a qualificar 200 multiplicadores”, afirmou o ministro.

A Lusa noticiou em outubro que a província do Cuando Cubango, no sul de Angola, vai receber um centro de larvicultura, investimento público superior a 12 milhões de euros que pretende fomentar a produção de peixe de aquicultura.

O investimento, autorizado por despacho presidencial do mês passado, visa aproveitar “as potencialidades híbridas” daquela província, lê-se no mesmo documento, que enquadra este novo centro na política nacional de fomento à aquicultura.

Esse plano nacional pretende “garantir a segurança alimentar e nutricional da população, bem como, em consonância com as diretrizes do executivo angolano, relativas ao combate à fome, e a redução da pobreza no seio da população”, escreve o despacho, assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos.

A construção do Centro de Larvicultura será assegurada pela empresa Aquafish – Global Solutions, por 14,7 milhões de dólares (11,5 milhões de euros), acrescida de uma empreitada de fiscalização. A aposta no setor da aquicultura demonstra-se com a recente criação de uma pasta governamental para o setor.

Recorde
A produção global de peixes tanto na pesca quanto em cativeiro atingiu um novo recorde no ano passado, de 160 milhões de toneladas, segundo a FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. As exportações alcançaram a marca de US$ 136 bilhões, o que reflete o forte crescimento da aquicultura e os altos preços de várias espécies de peixes, como o salmão e o camarão.

Somente a produção de peixes em cativeiro chegou a 70 milhões de toneladas no ano passado, o que representa 50% da produção direta para o consumo. De acordo com a FAO, 37% da produção de peixes é comercializada internacionalmente, fazendo com que o setor seja um dos mais dinâmicos e globalizados.

Segundo a agência, existem ótimas oportunidades em mercados emergentes, porque a demanda por peixe está maior em países como Brasil, Indonésia, México e Malásia. O aumento da procura por pescados também cresce na África, o que estimula novos investimentos na aquicultura. A FAO sugere aos países que invistam nos produtores de pequena escala, garantindo financiamentos, informações sobre o mercado e acesso à infraestrutura.

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