Em fórum de energia, Timor-Leste defende criação de um consórcio da CPLP para explorar petróleo

Mundo Lusíada

Central de energia eólica. Foto: Rádio ONU
Central de energia eólica. Foto: Rádio ONU

O ministro do Petróleo e Recursos Minerais de Timor-Leste defendeu a criação de um consórcio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP, para explorar o recurso em território timorense.

À Rádio ONU, Alfredo Pires explicou a ideia da nação que preside atualmente o bloco. Timor-Leste quer reduzir a sua dependência do petróleo que representa 50% das suas exportações.

O governante participou do Fórum de Energia para Todos que aconteceu na última semana em Nova Iorque. Angola, Brasil e Timor-Leste também participaram no Fórum de Energia para Todos.

Na conversa, Pires explicou que 80% da população timorense tem acesso à eletricidade. O desafio é promover combustíveis mais apropriados para a cozinha. De acordo com o representante timorense, a energia sustentável é uma grande oportunidade investimentos.

“A energia sustentável é um fator de grandes oportunidades. Timor-Leste também procura áreas de investimentos de outros países para dar retornos. Temos um fundo de Petróleo que está por volta de US$ 16 a US$ 17 milhões. São várias coisas para tentar acertar. Primeiro, o país em si deve atingir os objetivos com o mundo todo: as metas traçadas pelas Nações Unidas para 2030.”

Em 2016, Angola espera ter os primeiros resultados do plano de investimento que prevê ligar cerca de 3,5 milhões de habitações à rede elétrica nacional até 2025. Segundo o secretário de Estado angolano de Energia, Joaquim Ventura, o Brasil foi um apoio em finanças e tecnologia para o avanço do plano. Ventura ainda citou o nível de intercâmbio na área com os outros países lusófonos e no âmbito da Cooperação Sul-Sul.

“Temos desenvolvido um programa muito ambicioso para quadruplicar a capacidade instalada e fazer com que a energia chegue às zonas rurais, através de um programa de eletrificação rural de redes. Temos outro programa para criar redes isoladas com fontes locais que podem ser hídricas, das quais o país é rico. Pode ser usada a biomassa ou podem ser fontes solares de acordo com a situação no local.”

Do Brasil, o diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Bndes, disse que decorrem ações com os países lusófonos para tornar o acesso à energia mais universal. Roberto Zurli Machado destacou parcerias em Angola e Moçambique.

“Temos que desenvolver projetos de infraestrutura, não só de energia. Transporte, as cidades também é um processo muito importante de urbanização muito grande na África. Temos que transformar cidades em lugares melhores e mais saudáveis para se viver. Esses países têm uma rota de crescimento enorme. O Brasil também está numa rota muito grande. É uma parceria muito positiva. O aprendizado será muito importante.”

O Fórum Energia Sustentável para Todos terminou na semana passada na sede da ONU, com promessas de bilhões de dólares e ações tangíveis significantes. Segundo os participantes do encontro, muito ainda precisa ser feito para enfrentar a pobreza energética e mitigar a mudança climática. Doações à iniciativa, que une governos, instituições internacionais, empresas, bancos e sociedade civil, já garantiram acesso à energia sustentável para mais de 90 milhões de pessoas.

O representante especial do secretário-geral da ONU para Energia Sustentável para Todos e CEO da iniciativa, Kandeh Yumkella, disse que “a dúvida é como transformar essas novas promessas em energia para as pessoas”. Segundo ele, “isso não é uma questão de caridade, mas sim de mercados e investimentos. Essa é uma oportunidade de um trilhão de dólares, e não um desafio”.

De acordo com o quadro de monitoramento global da iniciativa, divulgado pelo Banco Mundial, será preciso um investimento de cerca de US$ 1,2 trilhão, o equivalente a mais de R$ 3,6 trilhões, até 2030 para que as três metas do projeto sejam alcançadas.

Dados do projeto apontam que aproximadamente 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso à eletricidade, e cerca de 3 bilhões dependem de combustíveis tradicionais perigosos e poluentes, como madeira e carvão, para cozinhar e aquecer suas casas.

Ao mesmo tempo, o uso extensivo de energia, especialmente em países de alta renda, gera poluição, emite gases de efeito estufa e esgota os combustíveis fósseis não renováveis.

Representantes da União Europeia, por exemplo, disseram que doações de US$ 3,8 bilhões entre 2014 e 2020 alavancariam os investimentos em energia sustentável em até US$ 33 bilhões para a geração, transmissão e acesso à energia.

Já o Fundo para Desenvolvimento Internacional da Opep, formado por países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, vai doar US$ 1 bilhão em um fundo renovável a ser reabastecido de forma contínua.

A iniciativa “Energia Sustentável para Todos” foi lançada em setembro de 2011, e tem como co-presidentes o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.

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