Diplomatas brasileiros defendem exportações de valor agregado para Angola

Da Redação
Com Agência Senado

Países africanos que apresentam potencial de desenvolvimento econômico, como Angola e Costa do Marfim, podem ser destinos para a exportação de produtos de valor agregado provenientes do Brasil. Esta foi a tese defendida pelos diplomatas Rafael de Mello Vidal e José Carlos de Araújo Leitão nesta segunda-feira (21), durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE).

Rafael de Mello Vidal foi indicado para chefiar a embaixada brasileira em Angola; José Carlos de Araújo Leitão foi indicado para chefiar a embaixada brasileira na Costa do Marfim. Ambas as indicações foram aprovadas na CRE. Falta agora a confirmação no Plenário do Senado.

Durante a sabatina, Rafael Vidal destacou o fato de que hoje vivem em Angola mais de 20 mil brasileiros. Isso faz de Angola, segundo ele, o país que mais atrai brasileiros em toda a África. O diplomata ressaltou a importância de o Senado aprovar o acordo de cooperação na área de defesa que já foi assinado entre Brasil e Angola (PDL 86/2020). Ele argumenta que esse acordo pode incrementar ainda mais a pauta exportadora do Brasil para esse país.

“A defesa é um dos pilares mais importantes da nossa relação com Angola, que é um dos três países africanos que mais investem nesse campo. O Brasil também está envolvido em assessoria militar para esse país, inclusive com exercícios militares conjuntos. A Embraer já vendeu cerca de 20 aeronaves militares para Angola, e há a perspectiva concreta de novas vendas. Também negociamos a construção de uma base e academia naval por lá” disse Vidal.

O diplomata informou que o Brasil tem hoje mais de 70 acordos com Angola — e que, entre eles, está o de cooperação no banco de leite humano, que contribui para reduzir a mortalidade infantil naquele país. Vidal acrescentou que Angola quer incrementar laços de cooperação na agricultura, na educação, na administração pública e na formação de professores. Quanto ao agronegócio, Vidal afirmou que participa de uma articulação para criar uma missão empresarial para aumentar as exportações nacionais de carne bovina e soja.

Segundo Vidal, essas ações podem levar o comércio bilateral entre Brasil e Angola a retomar os patamares de 2018, quando teria ultrapassado U$ 4 bilhões — em uma relação, destacou ele, na qual o Brasil é tradicionalmente superavitário. Além disso, o diplomata lembrou que Angola é considerada uma nação “irmã”, pois também tem o português como idioma oficial.

O diplomata José Carlos Leitão também aponta o incremento da pauta exportadora como um meio de fortalecer as relações do Brasil com outro país — nesse caso, a Costa do Marfim. Ele disse que o Brasil fabrica produtos industriais que interessam muito a esse país, como os aviões da Embraer e os ônibus da Marcopolo, que “já são realidades traduzidas em compras recentes”.

“Temos produtos de valor agregado dos quais eles precisam, e muito. Caso eu chefie nossa missão diplomática lá, também quero priorizar as relações com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e com a Organização Internacional do Cacau, ambas sediadas em Abidjan, a capital da Costa do Marfim” frisou Leitão.

Além dessas duas indicações, a CRE aprovou a indicação da diplomata Regina Bittencourt para a chefia da embaixada brasileira no Benin (cumulativamente com Níger). Ela destacou que esse país também quer fortalecer a cooperação na área da defesa, já tendo solicitado formalmente ao Brasil assistência técnica no reforço das capacidades das Forças Armadas locais na luta contra o terrorismo, contra a cibercriminalidade e contra a pirataria marítima no Golfo da Guiné.

As indicações desses diplomatas para as chefias dessas embaixadas ainda precisam da aprovação do Plenário do Senado, que pode acontecer já nesta terça-feira (22), segundo a Agência Senado.

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