Diáspora recebe autoridade de Cabo Verde em Santo André

Além de confraternizar com a diáspora, Aristides Lima, acompanhado de deputados, ouviu os anseios e problemas dos caboverdianos residentes na região do ABC Paulista, além de participar de um almoço típico brasileiro e conferir a apresentação cultural da casa.

Por Vanessa SeneMundo Lusíada

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>> Representando a Prefeitura de Santo André, Reynaldo Lopes, o presidente da Assembléia Nacional de CV, Aristides Lima, o cônsul-geral de Cabo Verde, Aguinaldo Rocha, e presidente da Associação Caboverdiana do Brasil, José Augusto do Rosário.

No âmbito de uma visita oficial, o presidente da Assembléia Nacional de Cabo Verde esteve na sede da Associação Caboverdiana do Brasil, no último 20 de setembro. Aristides Lima fez uma visita de cortesia à comunidade local, em Santo André, no ABC Paulista.

Em seu primeiro contato com a comunidade caboverdiana no país, Aristides Lima falou ao Mundo Lusíada que sua visita pretendia “ouvir o sentimento deles em relação a integração no Brasil, como eles são acolhidos, os problemas que eles têm, os anseios e a percepção, de longe, de Cabo Verde” afirmou. “Vou tentar dar algumas informações do que se passa no nosso país e sobre a expectativa de desenvolvimento” do arquipélago.

Segundo o presidente da Assembléia Nacional, a diáspora é a 11ª ilha de Cabo Verde. “E tem sido uma grande contribuição para o desenvolvimento do país. Não só através das remessas que enviam para o país, mas também do desenvolvimento do seu capital humano, do aproveitamento das possibilidades na educação, eles têm dado uma contribuição e podem dar uma contribuição ainda maior no futuro, porque hoje nós temos um Cabo Verde diferente, já é um país de rendimento médio, estável, uma democracia que se consolida e onde há oportunidades de negócios para as pessoas” defende Lima.

Neste âmbito de modernização do arquipélago, a diáspora tem um importante papel, diz o presidente da Assembléia Nacional. “A diáspora tem um papel importante, porque é um papel diferente ao estudar em países mais desenvolvidos que Cabo Verde, e tem toda uma rede de contatos que pode aproximar Cabo Verde de outros países” disse, deixando ainda uma mensagem aos caboverdianos no Brasil, para que estes aproveitem as melhores oportunidades no país de acolhimento e também procurem uma oportunidade para visitar Cabo Verde e verem as transformações no arquipélago.

Universidade Afro-Luso-Brasileira O presidente da Assembléia Nacional de Cabo Verde, no âmbito de uma visita oficial para estreitar as relações de amizade bilateral, esteve primeiramente em Brasília e assinou protocolo de cooperação entre a Câmara dos Deputados e a Assembléia Nacional de Cabo Verde, além de analisar projetos de reforço da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), e de participar de encontros oficiais, como com o governador do Ceará, Ciro Gomes (PSB).

Neste estado, Aristides Lima ainda abordou questões sobre o desenvolvimento das relações comerciais, já que o Ceará fica muito próximo de Cabo Verde, são 3 horas de vôo, direto de Fortaleza, e onde há um comércio em crescimento de produtos agrícolas, materiais de construção e confecções. “Os produtos do Ceará são muito competitivos em relação aos produtos que recebemos da Europa” informou Lima ao Mundo Lusíada.Um dos projetos abordados com as autoridades brasileiras foi ainda a perspectiva de criação da Universidade Federal Afro-Luso-Brasileira. Segundo a autoridade caboverdiana, até março de 2010 a universidade estará adiantada, já que o governo do Ceará disponibilizou um terreno para o projeto.

Exemplo: Comunidade de Santo AndréComentando ao Mundo Lusíada sobre a Associação Caboverdiana do Brasil, Aristides Lima afirmou não ter “nenhuma dúvida de que é um grande exemplo” para a diáspora caboverdiana. “A forma como esta comunidade conseguiu construir esta sede, isso é um grande exemplo de identidade, porque eles se sentiram como caboverdianos unidos que tem muito em comum para cultivar, e que sua formação é fundamental para eles se desenvolverem em diversos planos de vida. E a cultura é essa verdadeira dimensão do homem. Quando eles estão aqui, eles manifestam a cultura caboverdiana, o que faz com que sejam diferentes de outras pessoas. Esta comunidade contribui para que os caboverdianos se sintam bem”.

Segundo o presidente da Assembléia Nacional de CV, a cultura do arquipélago é universal e particular ao mesmo tempo, já que é uma confluência de várias culturas. “É com muito gosto que estamos aqui e que compartilhamos com eles este momento de cultura e, ao mesmo tempo, de cidadania e de projeção para o futuro”.

Para o presidente da associação, José Augusto do Rosário, a presença do segundo homem no escalão do governo mostra a preocupação com a comunidade emigrada. “Cabo Verde está de olhos postos ao desenvolvimento dessa comunidade” afirmou Rosário, dizendo ainda que por conta das Eleições no ano que vem, o governo quer estar próximo da diáspora, trazendo “uma mensagem de alerta para a comunidade emigrada que participa do processo eleitoral em Cabo Verde”.

Representando a Prefeitura de Santo André, esteve presente ainda Reynaldo Lopes Megna (Relações Internacionais da Prefeitura SA). “Nós temos uma boa relação com Cabo Verde desde 1997 quando assinamos um acordo de cidades-irmã com São Nicolau e desde então nós procuramos apoiar a comunidade em tudo o que é possível” afirmou.

Nesta tarde, uma solenidade foi aberta pelo presidente da Associação Caboverdiana, José Augusto, falando um pouco sobre o histórico da entidade, seguido pelo Cônsul-Geral de Cabo Verde em São Paulo, Aguinaldo Rocha, e também pelo presidente da União dos Estudantes Caboverdianos de São Paulo, Dény Mendes.

Representantes da UNICAMP e da USP (Universidade de São Paulo) também estiveram presentes no evento na sede da Associação Caboverdiana. Entre eles, o assistente do reitor da Unicamp, professor Milton Lopes da Costa Filho, e a professora da USP, pesquisadora e escritora Simone Caputo Gomes (veja matéria abaixo).

Após a curta solenidade, foi servido aos presentes um almoço tipicamente brasileiro, uma feijoada. Na sequência, o Grupo Cultural Cabo-Verdiano apresentou algumas de suas danças, o que deixou os convidados encantados pela manifestação da cultura tradicional de Cabo Verde na diáspora.

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