Crise na Europa ameaça economia moçambicana

Da Redação
Com Portugal Digital

 

O Instituto de Desenvolvimento Externo (Overseas Development Institute, ODI) uma instituição britânica com sede em Londres, advertiu em 21 de junho que as economias de alguns países africanos, incluindo Moçambique, poderão registrar um declínio em termos de investimento estrangeiro, trocas comerciais e de ajuda externa como resultado da crise econômica que afeta os países da zona euro.

Um estudo do ODI prevê que os países em desenvolvimento registrem uma queda de produção na ordem de 238 bilhões de dólares, no período compreendido entre 2012 e 2013, devido ao agravamento da crise da zona euro.

Segundo o ODI, isso poderá causar uma queda de 0,5% do crescimento econômico nos países em desenvolvimento, sendo Moçambique um dos países que corre o maior risco.

A Dra. Isabella Massa, autora do referido estudo, disse que “existem três formas pelas quais a crise na zona euro poderá afetar os países em desenvolvimento – através de um contágio financeiro, efeito de arrastamento de consolidação fiscal na Europa para atender às necessidades de austeridade e através da desvalorização das moedas indexadas ao euro”.

O relatório apurou que “Moçambique está entre os países mais vulneráveis devido a sua forte dependência comercial com a zona euro e empréstimos bancários transfronteiriços dos bancos europeus. Moçambique é também muito dependente de ajuda e registra um grande déficit fiscal que se deteriorou com a crise financeira global”.

O ODI prevê que a ajuda para Moçambique venha a conhecer uma certa estagnação, e que “no futuro é provável que qualquer mudança do volume ou das modalidades de ajuda venha a ser o resultado da reorientação das políticas atuais dos doadores ou sua preocupação com a governação e implementação dos planos para a redução da pobreza ao invés do impato direto da dívida soberana ou crise bancária”.

O ODI afirma ainda que Portugal já reduziu as suas relações econômicas com Moçambique, incluindo em investimentos públicos.

Por outro lado, o documento refere que Moçambique conseguiu atingir uma taxa de crescimento econômico forte, tendo como base a indústria de mineração e grande demanda mundial de minerais, incluindo alumínio. Também prevê-se uma estabilidade nas taxas de câmbio entre a moeda local e o rand sul-africano.

Contudo, o documento destaca a forte dependência de Moçambique da União Europeia para as suas trocas comerciais. Aliás, 62,4% das exportações de Moçambique foram para a zona euro em 2010.

O documento cobre um grupo de 40 países. Moçambique assume a segunda posição em termos de vulnerabilidade das suas exportações para a zona euro, expressas como percentagem do Produto Interno Bruto, que foi de 14 por cento em 2010. Apenas a Costa do Marfim regista uma maior percentagem comparativamente a Moçambique.

O relatório também adverte que o sector bancário em Moçambique poderá ser afectado pelos problemas económicos que afectam Portugal.

Os dois maiores bancos moçambicanos, que representam cerca de 60% dos ativos do setor bancário, têm como principais accionistas as três maiores instituições financeiras portuguesas que sofreram pressões de financiamento através da sua exposição a riscos soberanos europeus

O relatório afirma que “embora pareça que, no geral, os bancos moçambicanos continuaram resistentes a crise, há evidências de que por causa das condições apertadas de liquidez e pressões de financiamento dos “bancos-mãe”, eles foram forçados a diminuir o risco reduzindo o crescimento do crédito”.

Segundo a Dra. Isabella Massa, “o abrandamento das taxas de crescimento das economias emergentes BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), que eram o motor da recuperação global após a crise financeira de 2008/9, aliado a escalada da crise, tornam a atual situação realmente difícil para os países em desenvolvimento”.

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