CPLP sofre com falta de vontade política, afirma diplomata

Da Agencia Lusa

A promoção da língua portuguesa é o elo mais fraco das vertentes de atuação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), devido à falta de vontade política dos Estados-membros, disse o embaixador da missão do Brasil na organização, Lauro Moreira.

"Há um reconhecimento hoje, por parte de nós todos da CPLP, que este é o elo mais fraco da corrente e é um absurdo completo porque ele deveria ser o mais forte, pois é o cimento da organização", citou o diplomata durante o seminário sobre a Unidade e Diversidade Cultural na CPLP, realizado em Lisboa.

Lauro Moreira acrescentou que o bloco lusófono está se desenvolvendo bem nos setores da coordenação política e diplomática e "caminhando relativamente bem" na colaboração, que são as outras duas vertentes de atuação da CPLP.

"Se este terceiro pilar [a promoção e defesa da língua] tem sido mais fraco, é porque não estamos fazendo, enquanto Estados-membros, que se torne mais forte. Se por acaso algo não esta indo bem é porque nós não fazemos que vá bem. É simplesmente uma questão de vontade política, é claro que existem conjunturas, dificuldades que se entendem perfeitamente", disse o diplomata brasileiro.

"É muito estranho, pois o fracasso neste campo nasceu, a meu ver, com o fracasso do embrião da CPLP, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa [IILP]", indicou Lauro Moreira, acrescentando que o organismo "continua praticamente morto", apesar de algumas recentes iniciativas para reavivá-lo.

Alguns dos problemas do IILP, de acordo com o embaixador brasileiro, são a ineficiência administrativa, a ausência de definição de rumos e objetivos, a necessidade de uma estratégia clara de atuação, o método inadequado para a escolha do diretor e a falta de recursos financeiros.

"Se nós quisermos, nós resolveremos o problema", disse, referindo-se ao IILP, indicando ainda que falta "vontade política dos Estados-membros" para solucionar a situação.

Projetos Paralelamente ao evento, o presidente da comissão executiva da Sociedade para o Financiamento e Desenvolvimento (Sofid), Hélder Oliveira, declarou que o primeiro projeto de financiamento promovido pela instituição será concretizado em 15 dias.

"Acreditamos que no segundo semestre deste ano, estarão em análise entre 10 a 15 projetos – dentre os cerca de 50 apresentados – que poderão ser, eventualmente, aprovados para o financiamento pela Sofid", disse Hélder Oliveira.

A Sofid, iniciada em 2006 e em funcionamento desde 2008, é uma instituição financeira de crédito voltada para os países em desenvolvimento que é formada pelo Estado português, pelos bancos portugueses BCP, BES, BPI, CGD e pela organização não governamental ELO.

Hélder Oliveira ressaltou que a CPLP é um espaço de negócio interessante e a língua portuguesa proporciona a realização destas transações.

"Existem instrumentos financeiros que permitem a realização destes negócios [no espaço lusófono, como a Sofid] e a CPLP é um espaço muito mais interessante para a realização destes, com muitos mais projetos e iniciativas já em andamento, do que as pessoas imaginam", afirmou.

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