CPLP cria Fundo de Solidariedade para Moçambique

Da redação

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) divulgou nota sobre a catástrofe natural que afetou quatro províncias do centro de Moçambique, e lançou um Fundo de Solidariedade em prol dos moçambicanos afetados pela tragédia do ciclone Idai.

“É nestas circunstâncias de sofrimento de um povo irmão que a natureza solidária da Comunidade, assente em laços históricos e de amizade, se manifesta” traz a nota.

Na reunião extraordinária dedicada à situação de Moçambique, realizada na manhã desta sexta-feira, o Comitê de Concertação Permanente da CPLP decidiu criar um Fundo de Solidariedade para apoiar as regiões atingidas.

A CPLP ainda deve convidar os Observadores Associados a contribuírem para este Fundo. O intuito é promover um envolvimento ativo por parte dos Observadores Consultivos e Comissões Temáticas mais pertinentes, nomeadamente na área da saúde, para acudir às necessidades imediatas e subsequentes das populações afetadas.

Os Estados-Membros também vão discutir a criação de mecanismos para intervenção coordenada em situação de emergência humanitária por catástrofe, para dar resposta a problemas desta natureza, na próxima reunião de Ministros da Administração Interna e do Interior, que acontece em abril, em Cabo Verde.

“A CPLP congratula-se com a pronta resposta dos Estados-Membros no quadro bilateral e com as numerosas manifestações de solidariedade das sociedades civis” afirma o órgão.

“A CPLP confia na resposta das autoridades nacionais à situação de emergência e homenageia a coragem do povo moçambicano, reafirmando a sua fraterna solidariedade a Moçambique” finaliza.

Apoio ONU

O secretário-geral da ONU disse esta sexta-feira estar “profundamente triste com a perda de vidas e imagens de sofrimento humano” desde que o ciclone Idai atingiu a Beira. Antonio Guterres disse que está encorajado “pelos esforços das equipes nacionais e internacionais de busca e resgate, que têm trabalhado sem parar para salvar milhares de vidas em condições perigosas e desafiantes.”

O chefe da ONU chamou estes homens e mulheres de “heróis”, dizendo que “não apenas resgatam famílias de telhados, também distribuem alimentos, tabletes de purificação de água e outras formas de assistência humanitária que salvam vidas.”

A ONU já mobilizou US$ 20 milhões para iniciar a resposta, mas Guterres disse que “é necessário um apoio internacional muito maior.”

A Organização Mundial da Saúde, OMS, enviou especialistas na gestão de incidentes e suprimentos médicos de emergência. O objetivo é cobrir as necessidades básicas de saúde de 10 mil pessoas em três meses, além de tratar feridos graves devido aos efeitos da intempérie.

Quase 300 mortos

O número de mortes provocadas pelo ciclone Idai ascende a 293 e poderá ainda subir, anunciou o primeiro-ministro, em conferência de imprensa na cidade da Beira.

“Temos um número de 293 mortos, mas acreditamos que o número vai subir”, referiu Carlos Agostinho do Rosário, uma semana depois de o ciclone ter atingido Moçambique.

“Estamos no terreno. Em Buzi verificou-se que estavam ainda pessoas nos tetos e nas bancadas de campos de futebol”, acrescentou.

“O desafio é libertar as populações”, que ainda se encontram sitiadas, referiu o primeiro-ministro.

A informação atualizada do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) aponta para 1.511 feridos e 344 mil pessoas afetadas.

Há 109 locais de acolhimento onde estão 89.000 pessoas (classificadas como “pessoas salvas”) nas províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia – sendo que a maioria (62.000) corresponde a Sofala.

Segundo o INGC, estima-se que haja ainda 347 mil pessoas em risco, mais de metade nos distritos de Buzi e Dondo.

Os meios alocados para as operações de socorro correspondem a 120 especialistas em busca e resgate, 11 helicópteros e 29 barcos.

Há ainda no dispositivo dois aviões, duas fragatas, oito camiões e 30 telefones satélite, divulgou agencia Lusa.

Milhares de moçambicanos não têm abrigo, água potável, alimentos e eletricidade. Essa situação foi testemunhada pela representante do Programa Mundial de Alimentos, PMA, Karin Manente, ao visitar um local de acomodação com centenas de vítimas em Sofala.

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