Conexão Lusófona promove festival em Lisboa para assinalar Dia da Língua Portuguesa

Da Redação

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FOTO: Artur Cabral

Pelo segundo ano consecutivo, o festival de música da Conexão Lusófona levou ao palco a diversidade dos países de língua portuguesa. Cerca de 1,7 mil pessoas estiveram presentes no sábado, dia 04 de maio, no Pátio da Galé em Lisboa, para participar de uma celebração da cultura da língua portuguesa.

Entre revelações e cantores mais experientes, os artistas provenientes de sete países (Kay Limak, representante de Timor, não pôde comparecer ao evento) mostraram a riqueza cultural lusófona por meio da interação no palco promovendo trocas interculturais. Com duetos e atuações solo, o público presente foi convidado a participar de uma viagem pelos países e ritmos de expressão em português.

Voz da nova geração do jazz, Elisa Rodrigues está acostumada a cantar em inglês mas aceitou o desafio de cantar em Umbundu (dividiu o palco com o Filipe Mukenga para o tema “Humbiumbi”). “O peso das palavras é completamente diferente. Para mim, pensar em lusofonia na música é isso: o peso que tem a palavras têm, o verdadeiro peso das palavras. Sou de uma geração em que ouvir música em português na adolescência era até estranho. Sou cantora de jazz, então tradicionalmente canto mais temas em inglês, e estou a sentir eu própria esta vontade de cantar na minha língua, tenho estado inclusive a escrever em português”, revelou.

Dentre os artistas que apadrinham a iniciativa, o angolano Bonga fez o público sacudir com seu carisma e deixou o recado das gerações mais experientes: “Independentemente do palco da vida a enfrentar, temos que bem representar nossa terra de origem. Faço parte de uma geração que enfrentou e venceu o preconceito. Se alguma coisa tenho a dizer a esta juventude, é que sejam grandes atores da música de hoje, representem a identidade da música em língua portuguesa. Aberturas se criam através da música, discursos com sons valem mais que discursos políticos. Estes são os artistas com muitos recados para dar, muito a dizer, mas principalmente muita vivência. E é esta vivência que faz de nós gente muito particular. Com um contributo muito válido para os nossos países de origem, mas principalmente para a fusão.”

Marcado por interações no palco, o encontro entre Boss AC, NBC e Dino d’Santiago, coroou o concerto com o tema “Um brinde à amizade”. No encerramento do concerto, artistas e público cantaram juntos “Mas que nada”.

A intenção da organização é ampliar o festival. A próxima edição deve ser realizada fora de Portugal, com previsão de um público mínimo de 10 mil pessoas e contará com uma série de inovações. “Estamos a aguardar a confirmação da cidade anfitriã”, afirmou Diego Pereira, vice-presidente da organização.

A Conexão Lusófona é a primeira organização de jovens da lusofonia, e promove a integração e a identidade cultural dos cidadãos da lusofonia que estão dispersos pelos quatro continentes. O evento assinalou o dia da Língua e da Cultura em Língua Portuguesa da CPLP, que apoiou esta iniciativa.

Artistas participantes
Bena Lobo, filho da cantora e violinista Wanda Sá e do cantor, compositor, arranjador e instrumentista Edu Lobo, um dos pioneiros do movimento da Bossa Nova; Bonga Kwenda, com a música popular angolana; filho de caboverdianos, Boss AC, um grande rapper no meio lusófono conhecido por colaborar com diversos músicos como Gabriel o Pensador (Brasil), Pedro Ayres Magalhães (Madredeus, Portugal), Mariza (Portugal / Moçambique); Dino d’Santiago, de Cabo Verde, se lançou com a banda Dino & The Soulmotion; Elisa Rodrigues, portuguesa já foi membro do coro Pequenos cantores do Estoril, e no jazz conheceu o pianista Júlio Resende com quem trabalha atualmente; Filipe Mukenga, faz música desde 1964 e é uma das vozes angolanas mas conhecidas mundialmente; Gapa, músico são-tomense radicado em Portugal, traz músicas em forro, o crioulo com base em português que é a segunda língua nacional; Karyna Gomes, cantora guineense vocalista principal da banda Super Mama Djombo que atua desde 1964; Micas Cabral, foi vocalista dos Tabanka Djaz, o lendário grupo guineense; NBC que fez parte de um dos pioneiros grupos do hip-hop português, o Filhos D’1 Deus Menor, é de Torres Vedras mas de descendência são-tomense e faz rap há quase uma década; Orlanda Guilande, filha de pai moçambicano e mãe portuguesa, nasceu em Lisboa e traz gospel, soul e jazz; Quinteto Luso-Baião, composto pelos brasileiros Leandro Bomfim (São Paulo), Enrique Matos (Minas Gerais), Cris Domingos (Paraná), Cícero Mateus (São Paulo) e pelo português André Natanael, criou uma sonoridade única baseada no baião (que nasceu da mistura do fado com o maracatu); Selma Uamusse, moçambicana que faz parte de diversos projetos musicais; DJ Set, membro fundador do coletivo Riddim Culture Sound desde 2004 e atua internacionalmente; Irmãos Makossa –  Paolo e Nelson que tem afrobeat como estilo favorito.

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