Cabo Verde: Ramos-Horta quer Guiné Equatorial na CPLP imediatamente

Mundo Lusíada
Com Lusa

Presidente de Timor-Leste, Ramos Horta, em Cabo Verde. Foto: Lusa

O presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, defendeu em 06 de julho a entrada imediata da Guiné Equatorial na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), ao discursar no parlamento de Cabo Verde.

O dirigente timorense defendeu que a CPLP não deve demorar mais a acolher a Guiné Equatorial e expressou o apoio do seu país a esta adesão.

“A nossa organização não deve demorar mais a acolher no seio o único país de língua espanhola no continente africano, cuja história se cruza com as nossas. Neste sentido, Timor-Leste encoraja a Guiné Equatorial a aderir à CPLP, como é desejo deste país irmão da África”, disse.

Sobre Cabo Verde, Ramos-Horta disse que é com “grande satisfação” que testemunha o caminho feito ao longo dos 36 anos de independência.

“A determinação dos cabo-verdianos e a qualidade única da sua liderança, caracterizada pelo pragmatismo e prudência, provaram que se enganaram os profetas do mal que, há 36 anos, vaticinavam a inviabilidade do vosso projeto nacional”, declarou.

O presidente de Timor-Leste acrescentou que Cabo Verde demonstrou ser um país viável e bem sucedido, “graças ao povo e aos seus líderes com visão e determinação”.

Para Ramos-Horta, devem ser ainda realçados a maturidade das instituições de Cabo Verde, o progresso das condições de vida do seu povo e a sua participação “bem sucedida” nos esforços internacionais de combate à criminalidade transnacional.

O presidente timorense aproveitou ainda para destacar o apoio de Cabo Verde e Angola ao esforço “determinado e firme” das autoridades guineenses para estabilizar a Guiné-Bissau e reforçar as instituições democráticas e a confiança internacional no país.

Por sua vez, o presidente da Assembleia Nacional da Cabo Verde, Basílio Mosso Ramos, saudou a presença do chefe de Estado timorense no parlamento cabo-verdiano, considerando-o um “rosto da resistência” da luta do povo timorense que, incessantemente, “calcorreou o mundo para provar a ilegalidade da ocupação estrangeira e denunciar as arbitrariedades cometidas contra cidadãos indefesos”.

Para Basílio Mosso Ramos, “um parlamento que tem a felicidade de acolher uma personalidade tão multifacetada e distinta, encarnando simultaneamente os atributos de Presidente da República, doutor honoris causa, combatente da liberdade da Pátria e Nobel da Paz, tem razões de sobra para se sentir honrado e gratificado”.

Primeiro-ministro no Timor

Ainda durante a viagem de Ramos-Horta, que se encontra de visita oficial a Cabo Verde, pela primeira vez na qualidade de chefe de Estado, foi divulgado a viagem do primeiro-ministro de Cabo Verde a Timor-Leste no próximo ano.

José Maria Neves, anunciou que deverá visitar Timor-Leste no início de 2012, onde deverá assinar um acordo de cooperação em vários domínios.

José Maria Neves adiantou que as áreas já discutidas são várias destacando recursos humanos, descentralização e governação eletrônica. “No reforço das relações de cooperação há áreas importantes, nomeadamente finanças públicas, planejamento estratégico para o desenvolvimento, capital humano, descentralização e reforço do Estado de direito democrático”, salientou.

Cabo Verde já possui um acordo de cooperação com Timor–Leste que tem permitido a vários quadros cabo-verdianos deslocarem-se àquele país asiático no âmbito do reforço da capacitação da administração pública timorense.

Neste sentido, o chefe do governo cabo-verdiano avançou que Cabo Verde pode vir a formar profissionais para trabalhar em Timor.

“Vamos estabelecer um quadro de cooperação e haverá possibilidade de formar quadros cabo-verdianos para trabalhar especificamente com os nossos amigos de Timor-leste”, adiantou.

Ramos-Horta disse ter ficado satisfeito com esta possibilidade de cooperação entre os dois países, principalmente no domínio dos recursos humanos qualificados.

“Se há uma coisa que falta a Timor, e não falta a Cabo-Verde, são recursos humanos. Até mesmo nos municípios, onde ainda estamos a dar os primeiros passos e nos deparamos com enormes dificuldades. Nem fizemos sequer eleições para autarquias. Pensamos em fazer em 2009/2010, mas adiamos para 2013 por falta de recursos humanos”, exemplificou.

Durante a sua visita, Ramos Horta visitou ainda o Supremo Tribunal de Justiça, a Casa do Cidadão, o Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI) e o Hospital Agostinho Neto.

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