Autora angolana vem ao Brasil para divulgar obra infantil

A árvore dos gingongos, de Maria Celestina Fernandes, lançada pela Editora DCL, é um conto que apresenta aos leitores os costumes da África.

 
Da Redação

Neste dia 27, chega a São Paulo a autora angolana Maria Celestina Fernandes, para o lançamento da sua obra infantil “A árvore dos gingongos”, pela Editora DCL.

Além do livro, Maria Celestina também aproveita a visita ao Brasil para falar sobre a Literatura africana, em uma programação na cidade.

Maria Celestina usa em seu livro uma linguagem próxima da oralidade, o que cativa crianças e adultos. A narração mostra a vivência das pessoas de Luanda, das crianças, os hábitos e alimentos tradicionais. Prosas e poesias estão presentes nas obras de Maria Celestina: “Gosto de levar até às crianças o prazer da leitura, através de uma infinidade de temas escritos de forma singela e lúdica. Também procuro chegar aos fatos mais duros de uma forma leve e otimista, sem causar constrangimento e desilusão”, comenta Celestina.

“A árvore dos gingongos” é um conto infantil que compartilha com os pequenos leitores, aspectos da cultura africana, além de refletir sobre o egoísmo. Da união de um casal nascem nove filhos, os mais novos, os caçules, um casal de gêmeos. Especiais que são na cultura africana, os gêmeos são festejados e crescem com mimos de todos os lados. Eles têm todos os desejos atendidos e ganham uma árvore, que começa a dar belos e gostosos frutos e eles não querem dividir com ninguém.

Maria Celestina tem uma irmã gêmea e essa foi a inspiração para a obra. “Os gêmeos são vistos como sobrenaturais, com poderes para o bem e para o mal e, por isso, são venerados e temidos nas famílias que têm a felicidade de recebê-los. Foram esses aspectos que quis partilhar, de forma fantasiada, não só com os mais novos da minha terra, mas também com outras crianças de culturas diferentes”, explica a autora.

“A árvore dos gingongos” faz parte da coleção Histórias de Além Mar, que tem como ideia central publicar histórias de países de língua portuguesa, mostrando a influência deles na cultura brasileira e vice-versa.

Literatura Africana

O Ministério da Cultura Africano deu um passo importante para incentivar a leitura no país e incentivar escritores, principalmente de obras infanto-juvenil. Por meio do Instituto Nacional do Livro e do Disco-INIC, o Ministério aumentou o número de exemplares de obras editadas e reeditadas, fazendo tiragens de cinco mil em vez de mil.

Em relação à Literatura infanto-juvenil, foi retomada a Feira do Livro Infantil e Juvenil, que tem o objetivo de promover esse segmento colocando à disposição livros a preços de custo. Na feira, autores são convidados a participarem de sessões de autográfos, palestras e debates para motivar as crianças e educadores. E como incentivo aos autores consagrados e aos novos, foi criado o prêmio “Jardim do Livro Infantil”, cujas obras premiadas são lançadas durante a realização da feira. “Fui a vencedora da primeira edição do prêmio com a obra ‘As amigas em Kalandula’ e duas vezes indicada pela Biblioteca Nacional para candidata ao prêmio Astrid Lindgren e duas vezes nomeada, em 2010 e neste ano”, comenta Maria Celestina.

Nascida no Lubango, em setembro de 1945, Maria Celestina Fernandes tem descendência quimbunda. Foi para Luanda com os pais ainda criança, onde cresceu e completou os estudos secundário e superior. Viveu, portanto, o final do tempo da colonização portuguesa em Angola. Presenciou toda a guerra contra os portugueses colonizadores, que teve início em 1961 e durou até a independência proclamada em 11 de novembro de 1975. Também vivenciou a guerra civil em seu país, que se estendeu até 2002.

Maria Celestina cursou Assistência Social e é licenciada em Direito pela Universidade Agostinho Neto. Trabalha como consultora jurídica de instituições bancárias e é membro da União de Escritores Angolanos, sendo uma escritora principalmente dedicada à literatura para crianças.

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