Arquitetos de Angola são voluntários em comunidades de Brasília

Da Redação

Desde mês passado, Brasília recebe arquitetos de Angola para trabalho voluntário em ações do Programa de Assistência Técnica em Arquitetura e Urbanismo, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab).

A visita faz parte de um convênio assinado em junho de 2016 pelo governo de Brasília com o Conselho Internacional de Arquitetos da Língua Portuguesa.

O Programa de Assistência Técnica em Arquitetura e Urbanismo possibilita que famílias de baixa renda tenham acesso a profissionais de arquitetura, urbanismo e engenharia de forma gratuita.

“O que acontece aqui me espanta de uma forma positiva, pois geralmente quem tem menos oportunidade é quem mais precisa de assistência técnica, mas não recebe”, diz o voluntário Ariel Aleixo Sebastião, de 24 anos.

Ele se formou no ano passado e ficou sabendo da oportunidade por meio da Ordem de Arquitetos de Angola.

Toda a seleção é feita pelo conselho internacional, e os custos com a viagem são de responsabilidade dos voluntários. O DF auxilia com a estadia.

De acordo com a coordenadora de Assistência Técnica, Sandra Marinho, o programa assistencial voltado para pessoas de baixa renda é novidade no Brasil, apesar de estar previsto em lei desde 2008.

No DF, ele começou a ser implementado pelo bairro Sol Nascente, em 2015, onde são feitas obras de infraestrutura para regularização do espaço.

Esse vai ser o local onde Vanda Cristina Mavilacana, de 31 anos, vai começar sua atuação. Depois de visitar a comunidade e entender um pouco como funciona o programa, ela sugeriu elaborar uma cartilha para distribuição aos moradores.

O exemplar explicará, por exemplo, por que determinados tipos de materiais são mais indicados para a construção das casas, como o modelo de tijolo e de reboco. “Eu percebi que muitos não aceitam os materiais sugeridos por falta de informação, mesmo que sejam os mais adequados para a área onde estão e atendam às necessidades deles.”

Essa é a primeira vez que Vanda sai de Angola. Ela também soube do programa que caracteriza como arquitetura social pela ordem de arquitetos de seu país. “Lá, muitos bairros precisam disso que está sendo feito aqui.”

A principal característica da assistência técnica é a imersão dos profissionais na comunidade onde atuam. Eles conhecem as necessidades locais e trabalham para garantir um ambiente mais seguro e salubre.

Cada voluntário passará dois meses desenvolvendo uma atividade. Depois, será destinado a outra tarefa. No caso de Ariel, seu primeiro trabalho consistirá em avaliar as melhorias urbanas feitas dentro do programa.

Elas somam mais de 60 ações que incluem plantio de mudas, pintura de fachada e recuperação de canteiros com pneus.

A Avenida das Palmeiras, no Sol Nascente, é um dos espaços que receberam a iniciativa. Foi feito mutirão com técnicos da Codhab e moradores da rua para pintura das fachadas, uma referência para quem vive ali.

O lugar seria diferente pelo projeto, que previa a retirada das palmeiras da rua. Mas, devido ao contato do posto de assistência técnica com a comunidade, elas foram mantidas.

O Programa
Para participar do programa, basta procurar um dos postos que oferecem os serviços. Eles estão em locais como Ceilândia, São Sebastião e Santa Maria.

“Do mesmo jeito que há acesso a um médico em um posto de saúde e a um professor em uma escola pública, com o programa é possível ter um arquiteto, um engenheiro”, compara a coordenadora de Assistência Técnica.

A iniciativa da Codhab ganhou o prêmio Selo do Mérito 2018, na categoria Ações, planos e programas voltados para habitações de interesse social e/ou gestão.

“A casa é o lugar onde se passa a maior parte do tempo. Qualificar esse espaço é oferecer mais qualidade de vida e dignidade para essas pessoas”, acrescenta Sandra Marinho. Ela conta que a companhia já viajou a quase todos os estados para falar do programa.

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