Afirmação econômica do Brasil e PALOP aumentou influência do português nos últimos 20 anos

Mundo Lusíada
Com Lusa

A influência da língua portuguesa “cresceu significativamente” nas últimas décadas, o que se deve sobretudo ao “desenvolvimento econômico do Brasil e dos países africanos de expressão portuguesa”, de acordo com o estudo “O valor da Língua Portuguesa: Uma perspectiva econômica e comparativa”. Editado pelo Observatório da Língua Portuguesa e Instituto Internacional de Macau, o estudo foi apresentado em 27 de setembro em Macau, antes de ser lançado no Brasil e Portugal.

O trabalho de investigação conduzido por cinco pesquisadores foi iniciado em 2008 e realizado em várias fases, e destaca que a Língua Portuguesa representa 17% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal e 4% da riqueza mundial.

O português é a língua de 250 milhões de pessoas, sendo falada por 3,7% da população mundial, enquanto o espanhol e o inglês representam aproximadamente 400 milhões de falantes.

“Foi necessário esperar pelo crescimento populacional e pela afirmação econômica do Brasil e das ex-colônias africanas, para que o português encontrasse o seu lugar entre as línguas europeias mais influentes na esfera internacional, logo a seguir ao inglês e ao espanhol”, é referido no capítulo dedicado à “língua portuguesa no mundo”.

“O fim dos conflitos militares em Moçambique e Angola e a consolidação econômica do Brasil, com a eliminação da hiperinflação, permitiram um forte crescimento econômico, ancorado nos vastos recursos naturais e no desenvolvimento cultural e tecnológico do conjunto do espaço lusófono”, lê-se nas conclusões.

Por outro lado, “apesar da recente crise financeira da zona euro, a adesão de Portugal à União Europeia permitiu um elevado desenvolvimento econômico e social, com destaque para os sistemas de saúde, educação e das infraestruturas”.

O documento sustenta também que “a partilha de uma língua comum facilita as trocas comerciais, do investimento direto e a circulação de pessoas, em lazer ou em busca de oportunidade de trabalho” e confirma que “a proximidade linguística é mais importante ao nível das migrações e do investimento direto”.

“Nos anos 1990 iniciou-se um forte volume de investimento português para os países de expressão portuguesa com destaque para o Brasil e Angola. Na última década, este movimento manteve-se, mas registraram-se fortes investimentos de sentido oposto com investidores brasileiros e angolanos a adquirir posições significativas em empresas com sede em Portugal”, aponta a investigação.

Além das relações com a América Latina, “O valor da Língua Portuguesa: Uma perspectiva econômica e comparativa” observa o reforço das trocas comerciais com as economias do sudoeste asiático e a aproximação da China ao espaço lusófono.

“A expansão dos fluxos comerciais, financeiros e de investimento entre os países de expressão portuguesa e o sudoeste asiático, a par da crescente concertação entre os países que integram os BRIC [Brasil, Rússia, Índia, China e mais recentemente a África do Sul] reforçam o papel de Macau como ponte entre as duas culturas e polo de difusão da língua portuguesa”.

Em perspectiva fica a ideia de um estudo mais aprofundado dos efeitos da relação entre o português e o espanhol. “Seria interessante repetir este estudo no contexto dos países lusófonos e não apenas de Portugal, dado que a proximidade geográfica de Espanha, uma economia cerca de seis vezes maior, dificulta a distinção entre o efeito da proximidade geográfica e o da proximidade linguística”, é referido nas conclusões.

O estudo foi promovido e financiado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e é um trabalho da autoria dos investigadores José Paulo Esperança, Luís Antero Reto, Mohamed Azzim Gulamhussen, Fernando Luís Machado e António Firmino da Costa.

Língua Oficial

Portugal afirmou à Assembleia Geral da ONU que continuará trabalhando para tornar o português língua oficial das Nações Unidas. Para o país europeu, a língua é também um veículo para cultura, comércio e cooperação globais.

A declaração foi feita durante o discurso de Portugal nos debates anuais da casa, pelo embaixador José Filipe Moraes Cabral.

Atualmente, a ONU tem seis línguas oficiais: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo. Para o embaixador Moraes Cabral, uma das prioridades da política externa portuguesa é a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp.

Portugal foi o último país lusófono a discursar na Assembleia Geral. Os debates são abertos todos os anos com um discurso do Brasil.

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