A Língua Portuguesa comemora 800 anos de existência

Praticantes de Capoeira fazem uma demonstração, junto ao Padrão dos Descobrimentos, na iniciativa “Manifesto 2014 – 800 anos da Língua Portuguesa”. TIAGO MARQUES/LUSA
Praticantes de Capoeira fazem uma demonstração, junto ao Padrão dos Descobrimentos, na iniciativa “Manifesto 2014 – 800 anos da Língua Portuguesa”. TIAGO MARQUES/LUSA

Mundo Lusíada
Com agencias

Nesta sexta 27 de junho, Lisboa recebeu um evento comemorativo aos oito séculos de Língua Portuguesa, com uma festa no Padrão dos Descobrimentos, em Belém.

A cerimônia começou com a apresentação de 16 poemas dos oitos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. À tarde, 800 crianças escreveram mensagens nos 244 balões que representam os milhões de falando de português no mundo, e lançaram ao céu para assinalar os 800 anos da língua portuguesa.

Durante o evento, foi apresentado também o Manifesto 2014 – 800 anos da Língua Portuguesa, uma iniciativa que visa celebrar os 800 anos do Português, tendo como base o testamento de D. Afonso II em 1214, o mais antigo documento régio e oficial escrito em Língua Portuguesa.

Dois presidentes, dois primeiros-ministros e vários responsáveis políticos, músicos, escritores, professores e jornalistas estão entre os assinantes do “Manifesto 2014 – 800 anos de Língua Portuguesa”, que já foi apresentado na Feira do Livro de Lisboa.

O “Manifesto 2014” traduz a “consciencialização de que a língua portuguesa é para o futuro, uma poderosa ferramenta no contexto da globalização”, disse à Lusa o deputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro, um dos promotores da iniciativa do Movimento 2014.

Entre os subscritores do “Manifesto” destacam-se os presidentes de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, os primeiros-ministros da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, de Timor-Leste, Xanana Gusmão, o presidente do parlamento timorense, Vicente Guterres, e o vice-presidente da Assembleia da República portuguesa, António Filipe.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, José Luís Guterres, classificou de “excelente iniciativa” o manifesto para assinalar os 800 anos de língua portuguesa, já assinado pelos líderes dos órgãos de soberania do país.

O chefe da diplomacia timorense considerou que o manifesto é uma forma de “honrar a língua portuguesa que hoje é falada em todos os continentes do mundo.

A iniciativa foi apresentada por um investigador brasileiro, Roberto Moreno, à comissão de Educação, Ciência e Cultura, num processo parlamentar que é público, de acordo com o deputado Ribeiro e Castro. Confira o manifesto na íntegra aqui>>

1 Comment

  1. PEÇO PUBLICAÇÃO
    Carlos Eduardo da Cruz Luna, ESTREMOZ

    MANIFESTO (A PROPÓSITO DO MANIFESTO DE CELEBRAÇÃO DOS 800 ANOS DA LÍNGUA PORTUGUESA)
    É notícia e é oficial. A Língua Portuguesa completa 800 anos (1214, testamento de Afonso II). E, nestes dias de Junho de 2014, surge um Manifesto que junta nomes vários da Lusofonia para assinalar o facto. Veio nos jornais, com pompa e circunstância. «O deputado José Ribeiro e Castro é um dos promotores do manifesto, que reúne “professores, autoridades, escritores, linguistas, cineastas, homens e mulheres da cultura», era um dos títulos. Repetido ou “adaptado”, em quase todos os órgãos de comunicação.

    É a História de uma língua que tem os seus primórdios na Galiza, lá pelos séculos IX ou X; que passa a galaico-português nos séculos XI e XII (ainda hoje há quem defenda que o Galego e o Português são dialetos duma mesma língua); que se assume como própria nesse texto de 1214.

    Espalhou-se pelo território português, deixando qpenas um pequeno espaço para o Mirandês (um dialeto ásture-leonês). Ganhou cada vez mais consistência e firmeza. Depois dos Séculos XV e XVI, ganhou projeção mundial. Hoje, tem mais de 240 milhões de falantes, incluindo um gigante (o Brasil).

    É língua mãe dos mais desvairados sentimentos e aspirações. Língua culta e popular. Celebrá-la é celebrar a forma de expressão de uma boa parte da humanidade.

    Já a têm dado como imprópria para alguns níveis de cultura. Alguns dos seus falantes preferem outros idiomas em simpósios internacionais (e até, o que é pior, nacionais!). Mas ela está aí. Evoluindo. Basta estar atento.

    Mas… nem sempre tem tido a atenção merecida. Veja-se o que sucede em Olivença. Sim, digo bem, Olivença. Aquela terra esquecida, conotada, quase sempre por preconceito, com as mais variadas orientações políticas, ou com aspirações fora de moda, de esquerda ou de direita.

    Na verdade, o Português foi sendo falado na região, e foi maioritário até às décadas de 1960 e mesmo 1970. Na de 1980, começou a perder terreno. Alguns intelectuais, ao longo dos séculos XIX e XX, preocuparam-se com tal, mas pouco conseguiram fazer, mesmo porque poucos os escutavam.

    Agora, a Língua Portuguesa faz 800 anos. E refere-se a sua capacidade de resistência e de adaptação. Mas (há sempre um “mas”), ninguém parece estr a dar-se conta de um fenómeno curioso. Em Olivença, pois então!

    Na verdade, desde março de 2008, círculos oliventinos, autóctones mesmo, mobilizaram-se. E começaram a lutar por uma língua e cultura que era a sua, e que resistia, apesar de parecer estar em perigo. Nascia o “Além Guadiana”. Que, desde então, e evitando debruçar-se sobre problemáticas de soberania (que existem, mas são pouco relevantes para o caso), tem lutado pela cultura e língua da sua Região. Procura reafirmar-se como lusófono, e querer fazer parte desse espaço.

    Em 2008, 2009, e 2010, promoveu espetáculos/encontros a que chamou “Lusofonias”, para os quais convidou intelectuais e órgãos de informação. Em 2011, a par de mais um encontro, conseguiu que fossem repostos os antigos nomes portugueses em 74 ruas de Olivença. O que, pasme-se, foi pouco noticiado.

    Atualmente, em Olivença, têm surgido casos de pedidos de nacionalidade portuguesa, referidos até na televisão portuguesa (22 e 24 de março de 2013). Sempre, sublinhe-se, sem intenções políticas ou controvérsias sobre soberania. O “Além Guadiana” pede apenas respeito e reconhecimento. Quer ajuda portuguesa desinteressada, para tentar fazer Olivença aproximar-se da situação linguística das décadas de 1950 e 1960.

    A 30 de maio de 2014, a Associação “Além Guadiana” apresentou, no pátio do velho castelo dionisino, o esboço de uma recolha de Português “oliventino”. Inúmeros populares, incentivados, usaram da palavra, em Português, e apelou-se aos oliventinos em geral no sentido de usarem a sua língua no dia-a-dia. O próprio “alcalde” interveio, apoiando. Infelizmente, muitos convidados portugueses não apareceram, embora outros estivessem presentes.

    Não é possível, numa altura em que se celebram 800 anos de uma língua, ignorar este fenómeno de recuperação do Português em Olivença. Quem persistir nesta atitude estará a ser hipócrita. Ou a ser apenas “politicamente correto”, o que, neste caso, vai dar ao mesmo….

    Estremoz, 14 de junho de 2014

    CARLOS EDUARDO DA CRUZ LUNA

    https://www.youtube.com/watch?v=LG0SG_3zEXE&feature=youtu.be

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