Verde Gaio de Santos comemora 60 anos com Festa da Vindima e casa cheia

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

Em 26 de março, o Centro Cultural Português de Santos, presidido por José Duarte de Almeida Alves, recebeu mais de 400 convidados, para uma das festas mais tradicionais da comunidade portuguesa: a “Festa da Vindima”, a popular festa da uva.

Compareceram no evento o cônsul-adjunto do Consulado Geral, Jorge Longa Marques, também o prefeito de Santos, Rogério Santos, assim como a deputada federal Rosana de Oliveira Valle, e o ex-prefeito Paulo Alexandre Barbosa.

Lembrando que a casa estava impossibilitada de promover festas, por conta da pandemia, o presidente Duarte disse que “depois da tempestade vem a bonança” e assim as grandes festas estão voltando, como esta do RF Verde Gaio que “é uma referência do folclore no Brasil”, com viagens internacionais sendo três vezes para Portugal, uma para Argentina e inúmeras apresentações pelo Brasil.

Além da casa estar retomando suas festas, além da tradição da “vindima” e da marca de 60 anos do Rancho, o pessoal do folclore preparou uma grande surpresa para o público que esteve no evento, a apresentação de antigos componentes do Verde Gaio, que dançaram músicas da época e foram efusivamente aplaudidos. Eles contaram com ensaios e comando do atual ensaiador Wallace Rodrigues.

Por tudo que cercou a festa, não foi a toa que os ingressos se esgotaram bem antes da data, sendo que até diretores da entidade acabaram ficando de fora do evento. “É um orgulho para nós, é uma casa que está trabalhando com uma diretoria abnegada, coesa e amiga. Temos um GAP, que é um grupo de apoio da presidência, esposas de diretores e outras voluntárias, temos ainda nosso Coral e estamos dando início às primeiras festas, de uma série de muitas”, disse o presidente Duarte.

Recentemente, o salão de festas foi totalmente reformado, além da reforma também do Salão Camoniano. A diretoria já começou a pintar o edifício por fora, com autorização do CONDEPASA, após espera de oito meses. “Estamos levando essa bandeira bem fincada para servir a nossa comunidade luso-brasileira” diz o presidente.

A vindima realizada na Casa mostra bem como o emigrante tem um saudosismo especial pelas festas populares, especialmente pela vindima que se fazia em setembro e outubro diferente da época das festas no Brasil (que são no início do ano) por causa da época das uvas, e por isso se faz nas festas uma réplica da merenda que se serve no final da vindima, com vinho, tremoços, azeitonas e a broa.

“O brasileiro e o luso-descendente está ávido para ver uma festa, ver nossa cultura lusitana, nossas raízes, nossas danças e cantares” diz o presidente, citando já o próximo evento no dia 30 – Abril em Portugal – no Salão Camoniano, com a cantora Fátima Fonseca, e já com convites esgotados (250 lugares). Segundo Duarte, o Teatro do Centro Cultural Português também está com uma boa afluência de público ali pelo centro da cidade onde é, conforme Duarte, “muito seguro aqui a noite, não tem muita perturbação”.

No último ano, o presidente também encabeçou o pedido de ajuda do governo português para o CCP, que permitiu a entidade receber cerca de 53 mil euros para restauração do Salão Camoniano na sede da entidade, e ainda cerca de 4 mil euros para dar continuidade aos projetos da casa, particularmente o Festival de Folclore “Luís de Figueiredo”.

A direção disse que foi um trabalho “muito bem feito”, a restauração acompanhada pelo Consulado de Portugal de São Paulo, que viu de perto o que foi feito numa das casas mais bonitas e representativas de Portugal na diáspora”.

Folcloristas

Wallace Rodrigues de Andrade, o ensaiador responsável do rancho nesta comemoração de 60 anos falou sobre a manutenção dessa cultura. “Para mim é muito gratificante, já estou no grupo há 22 anos, entrei com 10 anos de idade, alguns me viram crescer dentro do grupo folclórico, e hoje teoricamente as comando”. O grupo permaneceu coeso mesmo com a pandemia, realizando ensaios “na medida do possível”, de acordo com as restrições impostas, segundo o ensaiador.

Apesar de passar sempre por fases, por 10 anos continua como um grupo familiar muito forte. “A minha família por exemplo, minha mãe faz parte da tocata, tenho um irmão que dança, meu pai também. Temos também a família Alves Martins que apesar de descendentes da Madeira, são nove componentes da mesma família, irmãos filhos, primos. Isso é muito importante, torna nosso convívio mais saudável, mais divertido. E conseguimos passar o folclore português para outras gerações, para o jovem principalmente”.

Para a apresentação nesta festa, o rancho concretizou um projeto que já estava em andamento mas por conta da pandemia não pôde ser executado, reunindo no palco ex-integrantes do grupo, que dançaram em décadas diferentes desde os anos 1970, com uma apresentação especial. O ensaio acontece há um ano e o repertório é todo da época dos ex-participantes de diferentes idades, que se apresentaram nesse formato pela primeira vez.

“Comecei em janeiro do ano passado, fomos ensaiando, tivemos que adiar os eventos por causa da pandemia, mas o pessoal não desistiu. Então hoje foi uma apresentação muito especial, tanto para gente que dá continuidade ao Verde Gaio, como para eles que participaram. Alguns dançaram a mais de 30 anos, então foi emocionante”.

Ao final, Wallace fez agradecimentos à diretoria da entidade, na pessoa do presidente José Duarte, a esposa Fátima que cuida do departamento feminino, e o diretor social Vasco Monteiro. “São pessoas que incentivaram esse projeto, porque não conseguimos fazer nada sozinhos, tem que haver essa ligação. Eles foram fundamentais para o ânimo, para que a gente não desistisse” declarou. “Esse talvez seja o sucesso do Centro Cultural, temos várias divisões, porém todo mundo se ajuda”.

História

O diretor social Vasco Monteiro, que já apresentou centenas de festas nas comunidades pelo Estado de São Paulo, é bastante atuante na casa e falou da história de 60 anos do Rancho, como “o mais antigo” do Estado de São Paulo. “E o nosso grupo nunca parou, esteve sempre em atividade” diz ele em comparação com outros grupos antigos mas que tiveram sua trajetória interrompida.

“Cada um se apresenta da melhor maneira possível. Mas aqui quero parabenizar todos os componentes do RF Verde Gaio”, disse Vasco elogiando a iniciativa de mostrar os antigos componentes. “Luis Figueiredo foi o ensaiador aqui do Verde Gaio, revivemos um pouquinho de como se dançava há 60 anos” disse ele que chegou a dançar no grupo também.

Elogiando e agradecendo o casal Fátima e José Duarte, Vasco Monteiro disse que “são realmente duas pessoas que incentivam o grupo e nos dão todas as condições para continuarmos”, e falou sobretudo que o CCP de Santos agrega hoje em sua volta: “Com todo respeito que merecem todas as entidades”, citou que manter um Centro Cultural, o Rancho Folclórico, um Coral “fantástico”, um Teatro como o Centro Português de Santos não tem igual. “É verdade que tivemos um problema bastante sério, foi essa pandemia, se não tivéssemos alugado a casa (sede social), estávamos com problemas. Mas estamos com as finanças em dia, graças ao presidente”, disse. Ao final, Vasco Monteiro anunciou ao Mundo Lusíada que ano que vem o Rancho vai viajar novamente a Portugal, com uma nova digressão pelo país.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: